Topo

Larissa Cassiano

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Conheça condições de saúde relacionadas com a prematuridade

iStock
Imagem: iStock

Colunista do UOL

01/06/2021 04h00

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

Você já parou para pensar que alguns bebês nascem com a dura missão de lutar pela vida em um ambiente totalmente novo, sem aquele colinho de mãe que muitas vezes é impedido pelo tratamento, cercados de sons, aparelhos e objetos desconhecidos.

Esse é o início da vida de muitos recém-nascidos prematuros que chegam ao mundo cheios de desafios.

Neste domingo (30), nasceu o filho de Maria Lina e do humorista Whindersson Nunes com apenas 22 semanas. Infelizmente, João Miguel não resistiu e morreu na segunda.

Estima-se que no Brasil 11,5% dos bebês nascem prematuros, dados da ONU (Organização das Nações Unidas) mostram que a prematuridade é a principal causa de morte em crianças menores de cinco anos no mundo, sendo que cerca de 15 milhões de bebês nascem prematuros e um milhão morrem por complicações da prematuridade.

Mesmo com todos os avanços da medicina esse segue sendo um quadro complexo na sociedade.

Provavelmente você deve conhecer alguma história de um bebê prematuro que passou por desafios, mas não apenas ele, a família também, porque a prematuridade é uma condição que afeta o recém-nascido, mas também mobiliza toda a família, equipe de saúde e sociedade.

Prematuro é o bebê que nasce com menos de 37 semanas ou 259 dias de gestação. As causas podem ser diversas e estarem relacionadas ao bebê ou a gestante.

Por exemplo, algumas doenças como diabetes, hipertensão, lúpus e placenta prévia podem complicar na gestação e necessitar que o parto seja antecipado, além dessas doenças a infecção urinária, corrimento vaginal e doenças no bebê, colo curto, insuficiência istmocervical e ainda situações como desnutrição, tabagismo e intervalo curto entre os partos são alterações que podem impedir que a gestação chegue ao tempo desejado.

Entre todas as questões, o destaque principal é para mulheres com antecedente de prematuridade.

Quem já teve um bebê prematuro possui um fator de risco extremamente importante, que deve ser pensado durante o pré-natal para reduzir os riscos de um novo prematuro com medidas como mudança de hábitos, exames mais específicos e uso de medicações quando necessário.

Associado a prematuridade temos insuficiência istmocervical ou incompetência istmocervical (IIC), uma doença em que o colo do útero não consegue manter o feto até o final da gestação podendo evoluir para um aborto tardio ou parto prematuro. A complexidade da doença está relacionada ao diagnóstico, que pode ser muito difícil de ser feito em uma primeira gestação, pois um dos pontos que chama atenção para o diagnóstico é justamente a história de perda gestacional prévia.

Para quem não está gestante é possível realizar o diagnóstico avaliando o antecedente gestacional e em alguns lugares se realizam exames que verificam a dilatação do colo.

Durante a gestação é possível avaliar o histórico das gestações anteriores, checar se existe uma dilatação do colo do útero sem existir trabalho de parto e ultrassom que pode visualizar o canal do colo do útero aberto.

O tratamento indicado para IIC é a cerclagem do colo do útero, uma cirurgia que dá pontos no colo do útero para evitar que ele se dilate durante a gestação. Com esse procedimento a possibilidade de a gestação chegar até uma idade gestacional mais avançada é ampliada.

Outra patologia é a presença de colo do útero curto, identificada por ultrassonografia transvaginal entre 20 e 24 semanas de gestação feito com ultrassom morfológico do segundo trimestre. Nestes casos o tratamento pode ser feito com pessário, um modelo plástico que altera a inclinação do colo e direciona o peso do útero para a região inferior.

A colocação pode ser feita em consultório sem necessidade de anestesia ou internação.

A prematuridade possui muitas causas e fatores, conhecer alguns desses pode ser um passo para auxiliar e prevenir novos casos.

Gostou deste texto? Dúvidas, comentários, críticas e sugestões podem ser enviadas para: dralarissacassiano@uol.com.br.

Referencia:

Corrêa et al, Use of Pessary in the Prevention of Preterm Delivery. Rev Bras Ginecol Obstet 2019;41:53-58. https://doi.org/10.1055/s-0038-1676511