Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Violência contra a mulher impacta saúde física e mental para a vida toda
Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail
Provavelmente você já viu uma menina ser orientada a se sentar com as pernas cruzadas, não utilizar roupa sensual e não ter essa ou aquela atitude considerada sexualizada. Como se uma atitude ou roupa fosse um convite ao corpo ou às relações sexuais. Também já deve ter ouvido a frase que em briga de marido e mulher ninguém mete a colher.
Nós precisamos mudar esses pensamentos, eles deslegitimam a vítima e fazem com que muitas mulheres que sofrem algum tipo de violência se sintam de alguma forma culpadas ou desencorajadas a denunciar, mas por que a sociedade ainda julga antes de acolher?
A definição de violência de gênero dada pela ONU (Organização das Nações Unidas) é: "Qualquer ato de violência baseada no gênero que resulte ou possa resultar em dano ou sofrimento físico, sexual ou psicológico a uma mulher, incluindo ameaça de tais atos, coerção, privação arbitrária da liberdade, seja no âmbito público ou privado."
Esses atos violentos podem impactar a saúde física e mental para a vida toda.
A violência, algumas vezes, não é clássica, às vezes ela é sutil, sedutora ou a proximidade com o agressor faz com que a vítima deixe essa situação passar sem punição ao agressor, mas com peso e punição para a própria vítima por diversos anos.
No ano de 2019, 3.737 mulheres foram assassinadas no Brasil, dessas 66% eram negras. Isso representa que a cada mulher não negra morta, morrem 1,7 mulheres negras. Outro traço marcante da sociedade que concentra a violência nas minorias.
Sem dúvida o feminicídio é a forma mais grave e complexa da violência contra a mulher, mas nem sempre ela é gradativa, ou seja, nem sempre a mulher que hoje recebe um tapa vai levar mais até chegar ao feminicídio, muitas vezes essa violência chega a situações extremas rapidamente sem passar, necessariamente, por etapas, por isso ao primeiro sinal buscar ajuda é fundamental.
Para auxiliar o atendimento a mulheres em situação de violência existem alguns serviços públicos:
- Centros de Referência de Atendimento à Mulher: atendimento psicológico, social, orientação e encaminhamento jurídico.
- Serviços de saúde voltados para o atendimento dos casos de violência sexual e doméstica: com assistência médica, de enfermagem, psicológica e social às mulheres vítimas de violência sexual, inclusive nos casos de interrupção da gravidez prevista em lei.
Sem esquecer que as UBSs (Unidades Básicas de Saúde) são a porta de entrada para o atendimento em muitas regiões facilitando o acesso e permitindo o atendimento em locais sem centros próximos.
Outra iniciativa de suporte, acolhimento e aconselhamento é o projeto Justiceiras, para combater e prevenir a violência de gênero oferece orientação jurídica, psicológica, socioassistencial, médica, rede de apoio e acolhimento gratuito e on-line.
Onde pedir ajuda?
Além dos locais já citados é possível encontrar orientação nesses locais:
- Central de Atendimento à Mulher: central telefônica 14 horas ligando 180.
- Aplicativo Direitos Humanos Brasil: aplicativo que permite a criação de denúncias de forma identificada ou anônima.
- Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos: ferramenta que recebe denúncias e encaminha para serviços especializados.
Nos casos de estupro, procurar os centros médicos multidisciplinares o mais rápido possível faz toda a diferença, pois neste local a vítima deve receber acolhimento, atenção a sua história, histórico clínico, exame ginecológico, medicações contra infecções sexualmente transmissíveis, anticoncepcional e orientação sobre os aspectos jurídicos.
A violência de gênero está aqui na nossa sociedade de diversas formas, cabe a sociedade compreender que essas atitudes não podem ser consideradas apenas um problema do outro, a luta contra a violência é da sociedade.
Gostou deste texto? Comentários, críticas e sugestões podem enviar email para dralarissacassiano@uol.com.br.
Referências:
- Cerqueira, Daniel Atlas da Violência 2021 / Daniel Cerqueira et al., -- São Paulo: FBSP, 2021.
- Violência contra a mulher pela perspectiva da Atenção Primária à Saúde, Luísa Chaves Simões Silva- Ebook, 2021.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.