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Larissa Cassiano

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Vamos trocar o autoexame das mamas por autocuidado?

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Imagem: iStock

Colunista do UOL

27/10/2021 04h00

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Por que mudar o termo de autoexame da mama para autocuidado?

Quando pensamos nas realidades diferentes de acesso entre as pessoas e que para muitas pessoas o acesso à saúde ainda é uma questão muito complexa, podemos conhecer diversas histórias de mulheres que nunca tiveram acesso a uma mamografia ou que mesmo com diagnóstico definitivo de câncer lutam contra o tempo e contra o sistema para conseguir uma assistência adequada.

Para pessoas que não têm acesso a profissionais de saúde, o autoexame da mama pode dar a sensação de que se nada for palpado ou visto, o exame estará completo e isso poderá impactar significativamente na busca por avaliação profissional.

A retirada ou mudança do termo é uma forma de orientar as pessoas, palpar a mama é importante, mas não é uma forma de descartar os exames específicos.

Resumindo, o "autoexame" não deve ser um substituto ou descartar a mamografia, ainda que apalpação da mama não mostre nenhuma alteração, a mamografia é o único exame com eficácia comprovada na redução da mortalidade por câncer de mama.

Então por que palpar a mama? A palpação deve ser descartada?

A palpação da mama auxilia no conhecimento, pode sinalizar alterações, orientar profissionais para o auxílio a diagnósticos e conhecimento sobre as mudanças das mamas durante o ciclo, por estes e outros motivos ela não deve ser descartada, apenas não deve ser vista como única forma de avaliação.

A palpação pode ser feita sempre que a pessoa se sentir confortável para tal, pode ser feita no banho, na cama, na troca de roupa ou em outro momento do dia, sem a necessidade de técnicas específicas, mas com o conhecimento de que se algo estiver alterado, o profissional de saúde deve ser procurado, sabendo também das particularidades de que ao longo do ciclo a mama pode passar por alterações, ficar mais sensível ou dolorosa.

Conhecer algumas alterações que devem acender o alerta para o risco de câncer de mama é importante, sendo algumas delas:

  • Retração no mamilo;
  • Presença de nódulos nas axilas;
  • Saída de líquido sanguinolento de uma das mamas;
  • Nódulo em mulheres com mais de 50 anos;
  • Nódulo mamário endurecido, fixo e em crescimento;
  • Homem com mais de 50 anos com nódulo palpável;
  • Lesões na pele ou mamilo de difícil cicatrização;
  • Aumento do tamanho da mama com mudança do aspecto da mama parecendo casaca de laranja;
  • Retração da pele.

Ao se deparar com alguma dessas alterações, procure ajuda especializada de ginecologista ou mastologista, esse é um passo significativo. A avaliação profissional poderá orientar o melhor exame para investigação inicial, que pode ser mamografia, ressonância da mama e ultrassom, dependendo da avaliação individual.

Com esse exame de imagem será possível definir formas para confirmação, através de técnicas que avaliam o tecido mamário como biópsia ou cirurgia, pois a mamografia, ainda que alterada, é uma forma de suspeita, mas não é um exame que confirme o diagnóstico de câncer.

Assim, quanto mais rápida a avaliação, o diagnóstico e o tratamento, maiores são as taxas de sobrevida. Conhecer as mamas é importante, mas não é a única forma de avaliação, a mamografia é a melhor forma de avaliação para muitas pessoas.

Gostou deste texto? Dúvidas, comentários, críticas e sugestões podem ser enviadas para: dralarissacassiano@uol.com.br.

Referências:

Diretrizes para a detecção precoce do câncer de mama no Brasil: https://www.inca.gov.br/publicacoes/livros/diretrizes-para-deteccao-precoce-do-cancer-de-mama-no-brasil

INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER JOSÉ ALENCAR GOMES DA SILVA. Diretrizes para a detecção precoce do câncer de mama no Brasil. Rio de Janeiro: INCA, 2015. Disponível em: https://www.inca.gov.br/publicacoes/livros/diretrizes-para-deteccao-precoce-do-cancer-de-mama-no-brasil

BREAST CANCER ASSOCIATION CONSORTIUM et al. Breast Cancer Risk Genes - Association Analysis in More than 113,000 Women. The New England Journal of Medicine, Boston, v. 384, n. 5, p. 428-439, Feb 2021. DOI 10.1056/NEJMoa1913948. Disponível em: https://www.nejm.org/doi/pdf/10.1056/NEJMoa1913948?articleTools=true.