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Larissa Cassiano

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Pode fazer sexo na gravidez? Sim, restrição ocorre em poucos casos; entenda

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Imagem: Getty Images

Colunista do UOL

08/12/2021 04h00

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A gravidez é um período de diversas transformações, seja para a pessoa gestante como para sua parceria afetiva. Neste período, muitas mudanças têm impacto direto na vida deste casal de diversas formas, incluindo a vida sexual.

Porém, como essas alterações físicas ocorrem apenas para a pessoa gestante, a outra parte pode demorar mais tempo para se adaptar e compreender as novas dinâmicas que se referem ao corpo e as relações sexuais que farão parte do casal durante este período.

Durante a gestação o medo do sexo aflige muitos casais, seja pela relação com o pensamento de que o ato sexual poderá desencadear um trabalho de parto, sangramento, medo de que isso poderá ser sentido pelo bebê e a adaptação ao corpo da gestante que passa por diversas transições durante a gravidez.

A boa notícia é que a restrição ao sexo durante a gravidez é algo para poucas pessoas e muitas vezes o medo associado ao tabu em falar com um profissional sobre o tema pode levar a uma restrição que talvez não seja necessária.

Pensar sobre a anatomia pode ser uma forma de manter as relações sexuais durante a gravidez com mais leveza. A vagina possui um tamanho de 6,5 até 12,5 centímetros e durante a excitação pode aumentar de tamanho chegando a comprimentos de 10 e 16 centímetros.

Esse aumento, pensando na dinâmica da penetração, já é algo que pode dar segurança, mas existe mais um ponto, o colo do útero, com comprimento de 2,5 a 5 cm, se torna mais uma barreira até que realmente o bebê seja acessado via vaginal, sem contar na bolsa amniótica e no líquido amniótico, ou seja, se não houver dilatação do colo não é possível que o pênis entre em contato direto com o bebê.

A masturbação e o estímulo clitoriano também podem ocorrer, com o cuidado para que no caso de objetos introduzidos na vagina, que seja de forma suave e se possível com uso de lubrificantes, no caso dos dedos é necessário ter um cuidado com as unhas, pois a região genital fica mais sensível na gestação.

Com o evoluir da gestação, algumas posições sexuais podem ser desconfortáveis, como sugestão optar por posições em que a pessoa gestante fique por cima e controle a penetração ou a gestante ficando de lado podem ser alternativas para evitar que o aumento da barriga reduza o contato e traga algum tipo de desconforto.

Mas, em algumas situações, sim, o sexo poderá ser limitado. Em primeiro lugar, se não for possível estabelecer uma forma de manter as relações sem dor ou desconforto, vale buscar o profissional que acompanha o pré-natal para avaliar se existe alguma alteração ou pensar em alguma forma de reduzir esse desconforto. Se não for possível encontrar uma causa, compreender e acolher é a melhor opção para o casal, pois para algumas pessoas estar gestante pode, por si só, impactar vários aspectos sexuais.

Nos casos de sangramento vaginal, as relações devem ser suspensas até que o profissional que acompanha a gestante possa analisar se é saudável ou não continuar. Em alguns casos, o sangramento pode estar relacionado a uma ameaça de aborto, alteração no colo do útero, entre outras alterações, por isso consultar o profissional é importante.

Quando houver risco de trabalho de parto prematuro o caso também deverá ser avaliado para evitar intercorrências, assim como na suspeita ou confirmação de rotura da bolsa, nesses casos a relação sexual está fortemente contraindicada.

Relações sexuais, tanto na gestação quanto fora dela, não possuem regras, algumas pessoas terão aumento da libido e outras redução, neste cenário cada casal poderá encontrar um ponto de conexão para esse momento que é transitório.

Nem sempre o desejo e a intensidade de ambos estarão no mesmo ritmo, a gravidez é um momento de ligação muito especial, se o casal compreender junto as mudanças, encontrar um ponto agradável para ambos poderá trazer uma ligação ainda maior e sem limitações.

Gostou deste texto? Dúvidas, comentários, críticas e sugestões podem ser enviadas para dralarissacassiano@uol.com.br.