Fica a recomendação: gestantes devem se vacinar contra a covid-19

Chegamos ao segundo ano da pandemia e, quando tudo parecia mais calmo, o número de casos e mortes de covid-19 voltou a crescer.

A Rede Genômica Fiocruz avaliou que, em dezembro, a variante ômicron foi responsável por 39,4% dos genomas sequenciados no país, em janeiro este número chegou a 95,9% das amostras.

Em meio a esse pico, alguns grupos sofrem o impacto de forma mais intensa, um deles o grupo das gestantes. Muitas pessoas engravidam e param seu esquema vacinal por medo de causar algum problema para o feto. Mas, agora, com a circulação da variante ômicron, vacinar é a forma de reduzir o risco de evolução grave.

A vacinação na gestação é recomendada pela OMS (Organização Mundial da Saúde), pois nos últimos estudos tem se observado que as evoluções graves da covid ocorrem em gestantes e puérperas que não estão vacinadas.

Nas primeiras 4 semanas de 2020, foram registrados 932 casos de SRAG (Síndrome Respiratória Aguda Grave) por covid 19 no Brasil entre gestantes e puérperas. De março de 2020 ao início de fevereiro de 2022, o Brasil registrou 20.176 casos e 1.978 mortes, além dos casos que não foram especificados.

O fato fica mais alarmante quando observamos que a cada 5 gestantes e puérperas mortas por covid 1 não teve acesso à UTI.

Quando se fala em covid na gestação uma interrogação surge na cabeça de muitas pessoas: qual médico procurar? Obstetra? Clínico geral? Infectologista? Essa pergunta não tem resposta exata, pois ela depende de muitos fatores, incluindo a disponibilidade e local.

Por exemplo, se o obstetra puder ser acessado com facilidade, é possível conversar com ele e definir qual melhor caminho ou se o hospital de acompanhamento tiver maternidade junto a própria equipe do hospital poderá orientar na chegada.

Para gestantes e não gestantes, os sintomas da variante ômicron são muito variáveis: cansaço, dor de cabeça, no corpo e na garganta, coriza, tosse e febre, podendo evoluir de forma leve a grave.

Estou gestante e peguei covid, qual remédio tomar? O que fazer?

Ao longo desses dois anos, aprendemos que ainda não temos disponível nas farmácias um medicamento específico para covid, ou seja, as gestantes infectadas devem ser avaliadas e, geralmente, com sintomas leves, o tratamento será feito com analgésicos, antitérmicos e descongestionantes nasais.

O recomendado é manter isolamento de 10 dias nos casos com exame positivo para covid, suspendendo inclusive as consultas de pré-natal e exames durante esse período, dependendo da idade gestacional, ultrassom e exames de rotina do pré-natal poderão ser ajustados.

Para o trabalho, segue a Lei 14.151, de que gestantes devem ser mantidas em home office ou afastadas de suas funções durante o período da pandemia.

Ter se infectado anteriormente com covid não é indicação de cesárea, indução de parto ou antecipação do parto. Indicações e mudanças como essa só se justificam em casos de alteração materna ou fetal.

A pandemia continua, para gestantes que vez ou outra precisarão ir a laboratórios ou centros de saúde, os cuidados devem ser redobrados: uso preferencial de máscara N95/PFF2, higiene frequente das mãos, distanciamento e vacinação como forma de prevenção para a gestante e para o feto.

Gostou deste texto? Dúvidas, comentários, críticas e sugestões podem ser enviadas para dralarissacassiano@uol.com.br.

Referências:

www.genomahcov.fiocruz.br

[1] Francisco, R., Lacerda, L., & Rodrigues, A. S. (2021). Obstetric Observatory BRAZIL - COVID-19: 1031 maternal deaths because of COVID-19 and the unequal access to health care services. Clinics (Sao Paulo, Brazil), 76, e3120. https://doi.org/10.6061/clinics/2021/e3120

[2] Rodrigues, A. and Lacerda, L. and Francisco, R.P.V. 'Brazilian Obstetric Observatory' arXiv preprint arXiv:2105.06534 (2021).