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Larissa Cassiano

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Existe ultrassom morfológico do terceiro trimestre?

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Imagem: iStock

Colunista do UOL

31/08/2022 04h00

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Habitualmente, consideramos dois modelos de ultrassons morfológicos durante a gravidez: o de primeiro e o de segundo trimestre de gestação. Isso não significa que outros ultrassons não possam ser realizados, mas no Brasil não há uma rotina definida do exame ultrassonográfico para detecção de malformações fetais.

É possível observar algumas clínicas realizando o ultrassom morfológico do terceiro trimestre, mas isso não é recomendado, pois esse exame ainda não tem uma padronização exata sobre o que deve ser incluído e avaliado. Além disso, nem todos os locais fornecem ou cobrem o exame da mesma forma.

O termo morfológico significa estudo da forma ou da aparência externa, ou seja, trata-se de um ultrassom cujo objetivo é avaliar a formação do bebê. Isso deve ser feito em todos os ultrassons, independentemente da idade gestacional, porém padronizamos momentos específicos para que uma série de análises e medidas sejam feitas.

Algumas estruturas do feto são analisadas com mais precisão em idades gestacionais específicas. Além disso, utilizamos calculadoras internacionais para avaliar riscos que foram estabelecidos com base nessas estruturas e tempos específicos.

O ultrassom morfológico do primeiro trimestre deve ser realizado entre 11 e 14 semanas de gestação. Seu objetivo é avaliar a evolução da gestação, saber se o embrião está bem localizado dentro do útero, ter mais informações sobre a sua anatomia, diagnosticar malformações e síndromes genéticas, além de definir o prognóstico da gravidez, risco de pré-eclampsia, restrição de crescimento intrauterino, número de embriões, placentas e bolsas amnióticas.

Também é importante para confirmar a idade gestacional, placenta e líquido amniótico. Se disponível, é possível complementar o exame avaliando, por coleta de sangue, marcadores para alterações genéticas e de pré-eclampsia.

Já o ultrassom do segundo trimestre pode ser realizado a partir de 20 semanas de gestação, com o objetivo de avaliar o crescimento do feto, alterações ou malformações fetais, placenta, quantidade de líquido, peso do feto e medir o colo via transvaginal, a fim de pesquisar o risco de parto prematuro através do comprimento do colo.

O ultrassom realizado no terceiro trimestre não deve ser chamado de morfológico, pois ainda faltam padrões e consenso na literatura médica sobre ele. Isso não impossibilita uma avaliação completa do feto no terceiro trimestre, mas chama a atenção para a necessidade de estabelecermos critérios para o exame e sua cobertura.

No terceiro trimestre, o objetivo do exame é auxiliar o profissional que acompanha o pré-natal com informações sobre a posição do feto, posição da placenta e crescimento do feto. Também ajuda a observar a presença de alterações estruturais fetais não diagnosticadas anteriormente ou no seguimento das malformações fetais diagnosticadas previamente. Com isso, pode complementar o estudo com doppler para avaliação da vascularização, se indicado.

Em qualquer idade gestacional, a formação do feto pode ser vista, porém os consensos médicos possuem padrões e critérios mais claros apenas para o ultrassom morfológico do primeiro e do segundo trimestre. No terceiro trimestre, o ultrassom feito como morfológico não terá um padrão ou regra sobre a descrição. Além disso, a cobertura e realização dele não é prevista em diversos locais.

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Referências:

Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO). Ultrassonografia morfológica do segundo trimestre. São Paulo: FEBRASGO, 2021 (Protocolo FEBRASGO Obstetrícia, n. 62/ Comissão Nacional Especializada em Ultrassonografia em GO).

Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO). Ultrassonografia no primeiro trimestre de gestação. São Paulo: FEBRASGO; 2021 (Protocolo FEBRASGO Obstetrícia, n. 63/Comissão Nacional Especializada em Ultrassonografia em GO).

Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO). Ultrassonografia obstétrica do terceiro trimestre de gestação. São Paulo: FEBRASGO; 2021. (Protocolo FEBRASGO Ginecologia, n.100/Comissão Nacional Especializada em Ultrassonografia em Ginecologia e Obstetrícia).