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Larissa Cassiano

OPINIÃO

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Outubro Rosa: vamos repensar o autoexame das mamas?

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Imagem: Getty Images
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Larissa Cassiano

Larissa Cassiano é médica ginecologista e obstetra, especializada em gestação de alto risco pela USP (Universidade de São Paulo). Fez residência médica na Maternidade de Vila Nova Cachoeirinha (SP), uma das maiores do Brasil, referência em parto humanizado no SUS e em gestação de alto risco.

Colunista do UOL

05/10/2022 04h00

Você já ouviu falar em autoexame da mama? O que vem a sua cabeça quando utilizamos esse termo?

Para algumas pessoas, a atitude de palpar as mamas é regularmente entendida como um exame clínico, capaz de diagnosticar e afastar outros exames, por diversas questões como medo de exames, escassez, entre outras possibilidades.

Porém o fato de ter palpado a mama, para essa pessoa é como se realmente ela tivesse sido examinada de forma diagnóstica. Diante deste cenário tem se sugerido mudar o termo autoexame para autotoque das mamas, para que a palpação da mama não seja compreendida como uma forma de exame que descarte outros exames.

Tanto para o Ministério da Saúde quanto a SBM (Sociedade Brasileira de Mastologia), o autoexame da mama, que já foi extremamente difundido, não é mais preconizado como um exame, mas, sim, uma forma de conhecimento, pois não substitui o exame clínico das mamas, nem a mamografia.

O Ministério da Saúde e o Inca (Instituto Nacional de Câncer) recomendam que as mamas sejam palpadas sempre que a pessoa se sentir confortável, mas sem a necessidade de que isso seja feito em um período específico do ciclo menstrual, momento do dia ou dia fixo.

Estudos mostram que as pessoas que observam nódulos, geralmente verificam-nos ocasionalmente, não necessariamente em momentos específicos.

Já a mamografia, segundo recomendação da SBM, deve ser feita por mulheres partir dos 40 anos, mesmo sem sintomas. A mamografia é uma forma de raio-X capaz de identificar nódulos ainda muito pequenos.

Mesmo estando disponível para algumas pessoas, ainda encontra muita resistência, sabe aquela história que se a notícia não for boa o informante deve ser castigado, é isso que muitas pessoas fazem e pensam sobre a mamografia, um exame que pode revelar o diagnóstico de câncer: por que evitar? Ou postergar? Melhor não receber o diagnóstico?

Mas não receber um diagnóstico de uma doença em curso não vai fazê-la desaparecer, ela vai seguir evoluindo, porém essa falta de conhecimento pode retardar tratamentos precoces que podem mudar completamente o curso.

Além do medo do resultado associado ao exame, fala-se muito sobre o desconforto da mamografia, mas para que a imagem da mama seja feita, ela deve ser ajustada ao mamógrafo. Acredite, é algo possível, tolerável e não é raro que, ao terminar o exame, a pessoa perceba que mais do que o desconforto o medo é o que fez toda diferença.

Não deixe de fazer os seus exames e orientar as pessoas que estão próximas a você, o diagnóstico precoce é a melhor forma para que o tratamento seja feito, a negação e o medo não mudam o diagnóstico, mas podem mudar a vida.

Gostou deste texto? Dúvidas, comentários, críticas e sugestões podem ser enviadas para: dralarissacassiano@uol.com.br e veja mais no meu Instagram @dralarissacassiano.