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Larissa Cassiano

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Caso Gabi Brandt: o que é placenta prévia, que faz gravidez ser de risco

Reprodução/Instagram
Imagem: Reprodução/Instagram

Colunista de VivaBem

14/12/2022 04h00

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Independentemente da idade gestacional, sangramentos na gestação são sempre um motivo de preocupação e podem, em alguns casos, auxiliar no diagnóstico ou suspeita de patologias.

Segundo declarações, foi motivo para que a influencer Gabi Brandt, grávida de seu terceiro filho, recebesse o diagnóstico de placenta prévia, com antecedente de duas cesáreas.

Profissionais de saúde que acompanham gestantes têm observado um crescimento no número de casos de placenta prévia, que segue junto com o aumento no número de cesáreas.

A placenta é considerada prévia quando parte do seu tecido, ou ele todo, está inserido no segmento inferior do útero, próximo ao colo, segundo a literatura médica, após 28 semanas de gestação.

Antes desse período, existe possibilidade de mudança, pois com o desenvolvimento uterino é possível observar uma migração da placenta, que poderá passar a ocupar locais mais distantes do colo. Vale realizar uma nova avaliação após 32 semanas de gestação.

O diagnóstico do acretismo placentário geralmente está acompanhado de sinais e sintomas, como sangramento vaginal indolor de coloração vermelho vivo, que inicia subitamente e com quadros de recorrências na segunda metade da gravidez.

Como a placenta pode estar cobrindo o colo uterino, na suspeita de placenta prévia não se recomenda o toque vaginal, já o ultrassom transvaginal tem um papel importante para complementação diagnóstica e pode ser feito.

Além do antecedente de cesáreas, alguns fatores podem aumentar o risco de seu acontecimento: idade materna avançada, gestações múltiplas, múltiplos partos anteriores, antecedente de placenta prévia, tabagismo e curetagens uterinas. O crescente número de cesáreas consecutivas, também chamado de iteratividade, é um dos fatores que mais contribui para ocorrência da placenta prévia.

A operação cesariana ou cesárea é a forma de nascimento através de uma cirurgia abdominal. É essencial em situações em que o parto vaginal está contraindicado, possui alguma alteração no seu curso ou risco.

Além disso, é uma das cirurgias mais antigas da medicina, que foi se popularizando no século 20 com a melhora das técnicas cirúrgicas, de limpeza, anestesia, antibióticos, medicações para contrair o útero e evitar sangramentos, se tornando a cirurgia mais realizada entre as mulheres, mas não podemos ignorar que se trata de um procedimento cirúrgico e como tal implica em riscos que devem ser sempre informados.

A repetição de cesáreas, pelos mais diversos motivos, deve ser algo levado em consideração pelos profissionais, um caso de acretismo placentário após cesáreas repetidas pode trazer complicações tanto maternas quanto fetais.

Não quer dizer que pessoas com múltiplas cesáreas anteriores devem se desesperar ou que isso irá ocorrer sempre, mas é importante considerar que dentro da discussão do planejamento familiar deve-se refletir sobre o número de filhos futuros, levado em consideração quantas cesáreas foram feitas anteriormente.

Gostou deste texto? Dúvidas, comentários, críticas e sugestões podem ser enviadas para: dralarissacassiano@uol.com.br e veja mais no meu Instagram @dralarissacassiano.

Referências:

Francisco RP, Martinelli S, Kondo MM. Placenta prévia e acretismo placentário. São Paulo: Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO); 2018. (Protocolo FEBRASGO - Obstetrícia, no. 26/ Comissão Nacional Especializada em Assistência ao Abortamento, Parto e Puerpério).