Topo

Larissa Cassiano

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Vacina contra o HPV pode mudar o curso de vida de muitas pessoas

iStock
Imagem: iStock

Colunista de VivaBem

15/02/2023 04h00

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

Recentemente, a OMS atualizou as recomendações sobre a vacinação contra o HPV, considerando as principais publicações feitas sobre a vacina nos últimos tempos. As recomendações publicadas ainda não estão na bula das vacinas e no Brasil ainda não foram validadas pela Avisa, porém, isso pode ser um alívio para pessoas que estão com o esquema que era anteriormente considerado incompleto, mas com as novas recomendações pode ser avaliado de forma diferente.

O papilomavírus humano, conhecido como HPV, é um vírus com mais de 150 tipos diferentes, sendo que alguns possuem a capacidade de levar ao câncer de colo de útero e outros podem causar lesões genitais e na pele. É uma das ISTs (infecções sexualmente transmissíveis) mais frequentes no mundo.

A infecção pelo HPV é a principal causa de câncer do colo do útero, o segundo câncer mais frequente entre as mulheres e a quarta maior causa de morte por câncer no Brasil.

A infecção é geralmente adquirida por relações sexuais, que podem ser por contato oral-genital, genital-genital e mão-genital. A infecção pelo HPV é muito complexa e geralmente não persiste, porém, quando persiste, pode ficar por anos sem se manifestar e até mesmo evoluir para uma alteração no colo do útero que pode, em seguida, regredir espontaneamente, assim como evoluir para câncer. Hoje, umas das principais medidas para redução desse tipo de câncer é a vacinação.

As vacinas contra o HPV não possuem partículas vivas do vírus, portanto não possuem risco de infecção. São indicadas para homens e mulheres, mas o foco principal, considerando o risco de câncer no colo do útero, são as mulheres. A indicação é para mulheres e homens de 9 anos ou mais até 45 anos.

Atualmente, no Brasil, a disponibilidade do Ministério da Saúde é de vacinação de meninas e meninos de 9 a 14 anos, com esquema de 2 doses, com intervalo de 6 meses, para pessoas infectadas com HIV, transplantados de órgãos sólidos, de medula óssea e pacientes oncológicos, na faixa etária de 9 a 45 anos, com esquema de três doses: 1ª dose, 2ª dose dois meses após a primeira e 3ª dose seis meses após a primeira.

Já no sistema privado de vacina, a possibilidade é de vacina para homens e mulheres de 9 a 45 anos.

A atualização da OMS considera o esquema de dose única como uma opção, que pode ser feita em meninas e meninos de 9 a 20 anos, pois as evidências atuais sugerem que uma única dose tem eficácia e duração de proteção comparáveis ao esquema com 2 doses.

Após 21 anos, o ideal são duas doses. Para pessoas com imunidade comprometida ou infectadas pelo HIV, o ideal é receber pelo menos duas doses de vacina e, quando possível, três doses.

A vacina contra o HPV pode mudar o curso de vida de muitas pessoas, inclusive salvando vidas, porém o seu alto custo e indisponibilidade para todos pelo SUS é desafio, mas, talvez com a possibilidade de mudança nas doses, consigamos assegurar a vacinação para um número de maior de pessoas.

Gostou deste texto? Dúvidas, comentários, críticas e sugestões podem ser enviadas para: dralarissacassiano@uol.com.br e veja mais no meu Instagram @dralarissacassiano.

Referência

Human papillomavirus vaccines: WHO position paper (2022 update). Weekly Epidemiological Record. 16 december 2022. No 50, 2022, 97, 645- 672.