Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Reunião de família: como ficar bem quando há pessoas que ignoram seu limite
Colocar limites não é uma tarefa simples. Ainda mais para subjetividades que constantemente tem seus limites atravessados pelas violências do racismo, do machismo, da LGBTfobia.
Para evitar o desgaste, quantas vezes fingimos que não vimos ou que não ouvimos algo indevido dirigido a nós? Quantas vezes demos um sorriso amarelo para não ser o chato ou a chata da situação?
Ausentar-se de relações e espaços que tentam ultrapassar os limites que impomos é um caminho de saúde importante, mas nem sempre se ausentar é possível
Há pessoas ansiosas com as festas de fim de ano porque estarão presencialmente em lugares e com relações que, porventura, as feriram.
Reunir a família não é alegria e ternura para todo mundo, infelizmente. Para muita gente, é angustiante, depois de um tempo longe, estar de novo na presença.
Mas sustentar o limite na presença é um aprendizado importante quando se ausentar não é uma opção ou não é um desejo. Mapear as alianças possíveis é um caminho que ajuda na preservação do inegociável.
Com quem a gente pode fazer aliança para sustentação dos nossos limites? Quem pode nos tirar pra dançar se o clima ficar estranho? Quem pode se juntar a nós no deboche ou no constrangimento ao outro que, porventura, tentar nos constranger?
Estar em família faz a gente se conectar de maneira muito forte com a criança em nós. É a criança em nós, por vezes acuada diante de situações vistas ou vividas, que senta à mesa na hora da ceia.
Acolher a criança que fomos é um trabalho superimportante de promoção e preservação da saúde mental. Mas isso não precisa ser feito sozinho.
Crianças fazem alianças com muito mais facilidade do que os adultos. É um amiguinho que protege na hora do recreio, é uma tia, uma vizinha. Convocar em nós a capacidade de fazer alianças permite alguma tranquilidade na relação com o outro e com o mundo.
Há ainda alianças espirituais, ancestrais, que precisamos poder não esquecer. É com essas alianças e outras possíveis que a gente consegue sustentar o limite na presença como diz a canção de Maria Bethânia:
"Não mexe comigo que eu não ando só".
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