Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Redes sociais e a hipercomparação com o outro
Diferentemente do espelho do quarto ou do banheiro, no espelho preto que intermedeia a nossa relação com o real e o virtual vemos muito mais a imagem do outro —de vários outros— do que a nossa, e tentamos nos encontrar no meio de tudo isso.
Quando essas imagens constantemente não refletem a nossa e, além disso, fazem parte da imagem de algum valor idealizado na sociedade, sentimos como se devêssemos alcançar aquela imagem, ou seja, ser visto por si mesmo e pelo outro nesse cenário projetado como desejável.
Vamos sempre encontrar por aqui vizinhos com a grama supostamente mais verde e gastar minutos, às vezes horas por dia, consumindo imagens idealizadas do que é ser feliz, próspero, amável, bem-sucedido, bonito, estar no hype, vencer, e por aí vai.
A sensação de estar perdido é inevitável.
Medo de tomar decisões; preocupação acentuada em como o outro —todos os outros— o interpretará caso aja assim ou assado; pensamentos negativos recorrentes em relação a si mesmo; sensação de frustração por se sentir aquém do que deveria ou poderia; certeza fantasiosa de que fracassou.
Esses são alguns sintomas/efeitos que o uso excessivo das redes sociais pode estar produzindo ou intensificando em muitas pessoas, em especial nos adolescentes.
O que é projetado nesse espelho preto que você está segurando enquanto me lê tem efeitos sobre sua autoimagem e seus parâmetros pessoais.
Há verdades sobre nós que só encontramos de olhos fechados. Cuide do que entra através de seus olhos para poder ser mais generoso com o que você vê quando se olha no espelho do seu quarto.
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