Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Redes sociais: a fantástica fábrica de modos de viver
![iStock](https://conteudo.imguol.com.br/c/entretenimento/4a/2021/09/21/instagram-rede-sociais-autoestima-1632258886735_v2_900x506.jpg)
As redes sociais funcionam por meio da produção massiva de imagens e discursos, em sua maioria, voltados a estilos de vida —quer dizer, voltados a projetar imagens por vezes idealizadas sobre determinadas maneiras de conduzir a vida e de se conduzir na vida.
O uso excessivo das redes sociais tem como um de seus efeitos a fragilização dos parâmetros pessoais e certa alienação em relação ao próprio desejo, ao ponto de ficarem turvas questões fundamentais para bem vivermos, tais como, quem eu sou, o que eu penso e o que eu realmente quero ou preciso.
O capitalismo contemporâneo se perpetua muito em função de sua habilidade de comercializar não apenas bens e serviços, mas modos de viver; como se fosse uma fábrica que, em vez de produzir objetos destinados a consumidores, produzisse nos consumidores o que eles deveriam desejar.
O black mirror das telas de nossos celulares reflete imagens que, por vezes, acreditamos que devemos reproduzi-las na nossa vida para nos sentirmos pertencentes e alinhados com o que está sendo reconhecido como bom, bonito ou interessante.
Há um apelo à repetição e à reprodução do que está sendo projetado como desejável nessa grande engrenagem mercadológica que são as redes sociais. E aqui não estou me referindo a produtos, mas a maneiras de ser, estar, pensar e desejar.
Entretanto, se submeter ao que está posto como desejável numa tentativa de pertencimento e de prova de sucesso não nos livra dos efeitos nocivos da hipercomparação com o outro e da hiper-exposição tão comuns nas redes.
Será que a sensação de frustração e insuficiência, cada vez mais presente nas pessoas, não é também um efeito do uso excessivo das redes sociais e o que elas acabam por gerar em nós?
Para escapar ou reduzir o impacto desses efeitos, é fundamental conseguir se escutar mais, entrar em contato com o que realmente é importante para si, reduzir o acesso quando possível e estar atento e forte para não ser facilmente drenado pelo jogo próprio do funcionamento das redes.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.