Lucas Veiga

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Opinião

O amor é uma força revolucionária: como viver segundo uma ética amorosa?

Chegamos ao artigo final de uma série de quatro artigos em que venho comentando sobre o livro "Tudo Sobre o Amor", da escritora estadunidense bell hooks. Em cada uma das semanas de novembro, selecionei um capítulo do livro para refletirmos juntos a respeito.

Escolhi o capítulo "Valores: viver segundo uma ética amorosa" para encerrar essa série, por trazer elementos fundamentais para pensarmos no exercício do amor na relação com a coletividade.

É mais comum para nós entendermos a importância do amor-próprio e os caminhos para viver bem o amor nas relações conjugais do que pensá-lo também como indispensável para a vida em sociedade.

"Os valores que sustentam uma cultura e sua ética moldam e influenciam a forma como falamos e agimos", afirma bell hooks, trazendo em seguida que o poder e a dominação são valores que fazem parte da nossa sociedade e são responsáveis pela reprodução de uma série de violências, como o racismo, o machismo, a LGBTfobia, entre outras.

Uma sociedade que tem a dominação como valor, e a dominação é uma herança da colonização, opera por meio da subjugação da diferença. Cria-se uma hierarquia entre pessoas e grupos sociais de modo a um sempre exercer poder sobre o outro.

"Qualquer sistema de dominação precisa socializar todo mundo para acreditar que em todas as relações humanas há um lado superior e um inferior", diz bell hooks. Podemos acrescentar a isso a competição, própria da lógica neoliberal do tempo em que vivemos, como mais um fator que prejudica a criação de laços comunitários, de vínculos de apoio e de cooperação no lugar da dominação e da competitividade.

O que bell hooks propõe como ética amorosa tem a ver com aplicar as dimensões do amor em nosso cotidiano e nas comunidades em que fazemos parte, seja a vizinhança, seja coletivos de ativismo político, seja entre amigos, na família, no espaço de trabalho. Como ela defende no livro, as dimensões do amor são: cuidado, respeito, disponibilidade em aprender, integridade e vontade de cooperar.

Assumir uma ética amorosa, portanto, tem a ver com acreditar no amor como força revolucionária capaz de mudar os rumos de toda uma sociedade em direção a que cada um e todos possam viver melhor, em dignas condições, tendo direito à alegria, à liberdade e a uma vida conectada com a sua potencialidade.

Para a autora, numa sociedade em que a ética amorosa prevaleceria, não haveria pessoas passando fome, porque os valores que conduzem as ações dos membros desta sociedade não permitiriam que um dos seus vivesse tamanha precariedade.

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Vivermos segundo uma ética amorosa, ao invés de cairmos nas armadilhas da dominação, da competição, da comparação e do medo do outro, implica em assumirmos o compromisso, como convoca bell hooks, de abraçar uma visão global em que nossa vida e nosso destino estão intimamente ligados aos de todas as outras pessoas do planeta.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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