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Quanto tempo dura a imunidade gerada após contrair covid?
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Quando surgiram os primeiros casos de covid-19 no mundo, ninguém sabia ao certo quanto tempo duraria a imunidade conferida pelo vírus. Ela seria permanente, como no caso do sarampo, ou curta, como nos outros coronavírus que infectam seres humanos?
Após mais de dois anos de pandemia, já sabemos a resposta: muita gente pegou covid mais de uma vez. Reinfeções pelo Sars-CoV-2 são cada vez mais comuns. No entanto, até meados de 2021 elas eram bem menos frequentes. "A duração média da proteção natural conferida por infecção causada pela variante delta era de cerca de três meses. Ou seja, uma pessoa infectada por delta poderia 'relaxar' por um tempo, sabendo que durante esse período estaria protegida contra uma nova infecção", explica a médica epidemiologista Denise Garrett.
Com o surgimento da variante ômicron e das suas subvariantes, esse cenário mudou. "Estamos vendo um aumento no número de reinfecções e uma diminuição do espaço entre elas. Há relatos de reinfecção em até 20 dias", afirma a dra. Garrett.
Um grupo de cientistas da Weill Cornell Medicine, no Catar, calculou que uma infecção pelas variantes anteriores do Sars-CoV-2, como a alfa e a delta, tinha uma eficácia de cerca de 90% na prevenção de outras infeções em pessoas com diagnóstico prévio de covid havia ao menos 90 dias.
Após o surgimento da ômicron, ainda segundo o estudo, uma infecção anterior pelo vírus oferecia uma proteção de 56% contra outra infecção. Isso porque o vírus sofreu muitas mutações na proteína spike que permitiram que as novas versões se tornassem mais transmissíveis e capazes de escapar da imunidade adquirida.
Há outros fatores que também são responsáveis pelo alto número de reinfecções atual. Sabemos que a imunidade conferida pela vacina ou por uma infecção prévia diminui com o tempo, portanto quanto mais meses transcorrem entre a vacinação ou a primeira infecção, maior o risco de contrair o Sars-CoV-2.
A alta circulação do vírus também contribui para as reinfecções, visto que é mais fácil topar com ele no momento em que os novos casos estão aumentando e estados e municípios relaxaram as medidas de prevenção.
Mas nem tudo são más notícias. Após uma primeira infecção, o organismo tende a combater outra infecção com mais eficácia, pois as células do sistema imune, como os linfócitos T e os B, se "recordam" de como enfrentar o vírus. Assim, uma nova infecção costuma ser mais leve que a anterior.
Isso também ocorre com quem não se infectou pelo vírus, mas tomou as vacinas contra a doença. Pessoas vacinadas podem contrair o Sars-CoV-2, mas a infecção tende a ser menos grave e mais curta. "Embora reinfecção também ocorra em vacinados, se dá em menor proporção que em não vacinados. Por isso, é essencial tomar todas as 3 doses do esquema vacinal, mesmo que já tenha se infectado", insiste a dra. Garrett.
Quem tomou as vacinas e teve a infecção desenvolve o que especialistas chamam de "imunidade híbrida", isto é, uma proteção combinada de anticorpos pré-existentes gerados pela vacina e dos anticorpos naturais provocados por uma infecção.
Contudo, mesmo a imunidade híbrida não garante que a pessoa não contrairá outra infecção, visto que a proteção varia de indivíduo para indivíduo e também tende a diminuir com o tempo.
Buscar contrair o vírus para desenvolver a imunidade, portanto, não faz sentido, visto que ela não dura muito tempo. Além disso, a covid pode causar sintomas prolongados. Ainda não há estudos conclusivos acerca da porcentagem de pessoas que desenvolvem sintomas persistentes após a infecção pelo Sars-CoV-2, mas o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) americano estima que 1 em cada 5 pessoas pode apresentar sintomas como cansaço, dificuldade de concentração, perda de olfato, entre outros por períodos superiores a um mês.
A melhor maneira de adquirir imunidade contra quadros graves da doença é, assim, tomar as três doses recomendadas e a vacina de reforço, nos casos indicados. O uso de máscara em local fechado e com aglomeração e a manutenção de ventilação dos espaços oferecem camadas de proteção adicionais que devem ser utilizadas em momentos de alta circulação do vírus, como o atual.
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