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Mariana Varella

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Vírus respiratórios: Sars-CoV-2 perde espaço para o VSR e o H1N1

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Imagem: iStock

Colunista do UOL

21/06/2023 04h00

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Nos últimos anos, foi comum associar os casos de síndrome respiratória aguda grave, ou SRAG, ao vírus Sars-CoV-2, que causa a covid-19. De fato, esse vírus foi o responsável pela maioria das internações provocadas por vírus respiratórios durante a pandemia de covid.

Em 2023, contudo, outros dois vírus entraram no jogo: o vírus sincicial respiratório, ou VSR, e o vírus da influenza A, o H1N1, cuja circulação havia diminuído graças ao isolamento social e à adoção de medidas de higiene adotadas durante a pandemia.

O aumento de casos de infecção pelo VSR tem chamado a atenção de especialistas e pais e mães de crianças pequenas. O vírus costuma circular nos meses de outono e inverno, contudo, esteve presente em cerca de 30% das infecções respiratórias nos primeiros meses de 2023. De acordo com o Infogripe, da Fiocruz, mais de 90% dos casos ocorreram em crianças de 0 a 4 anos.

Vários estados, em especial os das regiões Norte e Nordeste, apresentaram um aumento de internações de crianças com complicações respiratórias decorrentes desse vírus.

Uma das hipóteses para a mudança no padrão de circulação do VSR foi, segundo especialistas, a própria pandemia de covid-19: as crianças pequenas, principais vítimas do vírus, não se expuseram ao VSR nos anos anteriores. Com a retomada das atividades presenciais e o fim do uso de máscaras, houve aumento da circulação do vírus e mais crianças foram contaminadas. A tendência é que a situação se normalize e o vírus volte a circular mais nos meses de outono e inverno.

O vírus sincicial respiratório causa sintomas semelhantes aos do resfriado comum, mas também pode provocar doença grave em determinadas pessoas.

Os sintomas incluem:

mal-estar;

tosse;

espirros;

coriza;

febre baixa.

Nas crianças pequenas, em especial nos recém-nascidos, e nos idosos, pode atingir os brônquios e os pulmões, causando bronquiolite ou pneumonia. Nesses casos, os sintomas são mais graves:

febre alta;

tosse intensa;

dificuldade para respirar.

O H1N1, por outro lado, tem atingido mais os adultos. Ainda segundo a Fiocruz, entre o fim de abril e maio, os casos de H1N1 representaram 31% das internações por SRAG na população com mais de 15 anos de idade.

Os sintomas da gripe causada pelo H1N1 são parecidos com os provocados pelo VSR, embora possam ser mais intensos:

febre alta;

tosse;

mal-estar que deixa a pessoa de cama.

O vírus também pode causar doença grave em pessoas vulneráveis, como crianças pequenas e idosos.

O VSR e o H1N1 são vírus altamente contagiosos, transmitidos pelo ar e pelo contato com objetos contaminados.

Como não desenvolvemos imunidade duradoura para esses vírus, as re-infecções são frequentes. No entanto, depois de várias infecções, os sintomas costumam ser menos intensos, por isso adultos saudáveis não desenvolvem sintomas graves com os vírus.

Não há, até o momento, vacina disponível para prevenir a infecção pelo VSR. Por outro lado, existe vacina contra a gripe, e o Ministério da Saúde disponibilizou o imunizante para todas as pessoas com mais de 6 meses de idade. Mesmo assim, até o fim de maio, menos de 40% do público-alvo da campanha de vacinação deste ano, que incluía idosos e crianças pequenas, entre outros, havia se vacinado contra a doença. A meta do ministério era imunizar 90% desse público.

Já os casos de covid vêm diminuindo: em março, representavam 80% dos casos de SRAG; no fim de abril e maio, 53%, de acordo com a Fiocruz.

Com a chegada do frio em muitas regiões do país, é importante que pessoas com sintomas gripais evitem aglomerações, especialmente em locais pouco ventilados. Se tiver que sair de casa quando estiver doente, use máscara para não espalhar o vírus.

Ao contrário do Sars-CoV-2, tanto o VSR quanto o vírus da gripe têm facilidade para se disseminar em superfícies, como mesas e maçanetas. Assim, lave as mãos com frequência e, se possível, não leve crianças com sintomas gripais à escola e outros locais de convívio social.

É fundamental, também, tomar as vacinas contra a covid e contra a gripe, pois esses vírus, juntamente com o VSR, são responsáveis pelo aumento atual de internações por complicações respiratórias em vários estados brasileiros. Com menos vírus respiratórios circulando, podemos reduzir a sobrecarga dos hospitais e Unidades Básicas de Saúde.