Por que os casos de infarto em jovens estão aumentando?
De acordo com o Ministério da Saúde, a cada 2 minutos, uma pessoa morre no país devido a doenças cardiovasculares, como infarto, AVC e insuficiência cardíaca, o que torna essas doenças a principal causa de mortes no Brasil.
Quando ouvimos falar em infarto do miocárdio, uma das camadas que formam a parede do coração, logo pensamos em pessoas mais velhas.
De fato, as doenças cardiovasculares costumam atingir com mais frequência os indivíduos acima dos 50 anos, e estão associadas ao envelhecimento. Contudo, de 2010 a 2019 houve um aumento de 59% nos casos de infarto em pessoas com menos de 40 anos, ainda segundo o Ministério da Saúde.
O crescimento da taxa de infarto nessa faixa etária nos faz pensar nos motivos que levam pessoas tão jovens a sofrerem de um problema de saúde que raramente acontecia antes dos 50 anos. Sabe-se que fatores genéticos e congênitos (que nascem com o indivíduo, mas não são herdados geneticamente) podem levar à parada cardíaca ainda na juventude, mas essas causas são incomuns e não explicam o aumento atual dos casos.
Os altos índices observados no Brasil se devem principalmente ao estilo de vida pouco saudável que a população brasileira vem adotando nas últimas décadas, já que má alimentação, sedentarismo, diabetes, hipertensão, tabagismo e obesidade são fatores de risco para as doenças cardiovasculares.
Em 2022, havia 6,7 milhões de pessoas com obesidade no Brasil, também segundo o Ministério da Saúde. Além disso, cerca de 10% dos jovens entre 25 e 34 anos são hipertensos, de acordo com a SBH (Sociedade Brasileira de Hipertensão).
A OMS (Organização Mundial da Saúde) afirmou recentemente que o Brasil é o país mais sedentário da América Latina, e que 84% dos jovens com idade entre 11 a 17 anos não realizem o mínimo recomendado de atividade física.
Não há dados consolidados sobre o aumento de diabetes tipo 2, condição que aumenta significantemente o risco de doenças cardiovasculares, em jovens e adolescentes brasileiros, mas um estudo publicado em 2022 no periódico "The BMJ" mostrou que a taxa global da doença em pessoas entre 15 e 39 anos aumentou de 117 por 100 mil habitantes, em 1990, para 183 por 100 mil, em 2019.
Os dados mostram que nosso estilo de vida atual, em que passamos horas e horas sentados, sem nos movimentarmos, comendo mal e sob alto nível de estresse está favorecendo o surgimento dos fatores de risco para as doenças cardiovasculares.
Assim, a OMS passou a recomendar medidas para a população geral para reduzir os riscos das doenças cardiovasculares e das demais doenças não transmissíveis, como diabetes e hipertensão, entre elas:
- Políticas abrangentes para controle do tabaco;
- Impostos para reduzir a ingestão de alimentos ricos em gorduras, açúcares e sal;
- Construção de vias para caminhada e ciclismo, com o objetivo de aumentar a prática de atividades físicas;
- Estratégias para reduzir o uso nocivo do álcool;
- Fornecimento de refeições saudáveis para crianças no ambiente escolar.
No nível individual, é preciso identificar, acompanhar e tratar aqueles que apresentam risco mais elevado de doenças cardiovasculares: pessoas com obesidade, hipertensão, diabetes, glicemia alta, colesterol elevado, sedentárias, fumantes e que fazem uso abusivo de álcool e outras drogas.
Para prevenir essas doenças, a OMS recomenda:
- Controlar o peso, evitando a obesidade;
- Manter a pressão arterial e a glicemia dentro dos limites recomendados;
- Ter uma alimentação balanceada, evitando o consumo excessivo de ultraprocessados, como bolachas recheadas e refrigerantes;
- Não fumar;
- Evitar o consumo de álcool;
- Praticar atividade física regularmente.
Mudar hábitos não é fácil, e pouca gente tem condições de manter uma boa alimentação e fazer exercícios com regularidade. Então comece privilegiando os alimentos in natura e evite os alimentos ultraprocessados.
Procure inserir atividade física no seu dia a dia: por exemplo, em vez de pegar o elevador para subir dois andares, opte pela escada; no trabalho, levanta-se da cadeira a cada uma hora e caminhe um pouco; e procure andar a pé, sempre que possível.
A gente deve começar a cuidar do coração desde cedo, e ninguém vai poder fazer isso
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