Por que dengue está em alta e já passou de 500 mil casos prováveis no país?
O Brasil ultrapassou meio milhão de casos prováveis de dengue desde janeiro até agora. Até ontem (13), foram registradas 75 mortes pela doença e 340 estão sendo investigadas.
Os dados foram divulgados pelo Ministério da Saúde na última segunda-feira (12). Minas Gerais é o estado com mais casos prováveis, seguido de São Paulo, Distrito Federal e Paraná.
Comparado ao mesmo período do ano passado, o número de casos suspeitos da doença quadruplicou no país.
Neste mês, o Ministério da Saúde iniciou a distribuição da vacina Qdenga a parte dos 521 municípios que atendem aos critérios definidos pela pasta juntamente com o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems).
A vacinação deve começar com as crianças de 10 e 11 e estendida até adolescentes de 14 anos assim que houver doses disponíveis. Essa é a faixa etária com mais casos de hospitalização da doença, com exceção dos idosos, que ainda não receberam autorização da Anvisa para tomar a vacina.
No entanto, até o momento, apenas o Distrito Federal iniciou a campanha de vacinação de crianças.
Em entrevista coletiva concedida no último dia 9, a secretária de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde Ethel Maciel afirmou que o Brasil vive uma situação atípica, já que os casos de dengue costumam ocorrer no país entre março e abril.
No momento, há a circulação dos quatro sorotipos da dengue ao mesmo tempo, o que ajuda a explicar a explosão de casos da doença.
O sorotipo 3 não circulava no país de forma epidêmica havia cerca de 15 anos, o que justificaria o alto número de casos da doença entre crianças e adolescentes, que não haviam entrado em contato prévio com esse sorotipo.
Outro fator que contribuiria para a alta de casos, segundo Maciel, seria uma mudança no comportamento do mosquito que transmite a doença, o Aedes aegypti. Mais fácil de ser encontrado no fim do dia, o mosquito agora tem circulado durante o dia todo.
Além disso, as altas temperaturas ajudam na reprodução do mosquito, por isso o Ministério tem insistido no controle do vetor.
Maciel disse, também, que o Ministério espera que o Brasil tenha 4,2 milhões de casos de dengue em 2024. O país nunca chegou a essa cifra. Em 2022, o Brasil registrou mais de 1,3 milhão de casos; em 2023, foram mais de 1,6 milhão.
Uma das preocupações do Ministério é a pressão que uma enorme quantidade de casos pode fazer nos sistemas de saúde, levando à superlotação, falta de leitos e adiamento de cirurgias eletivas.
Para evitar essa situação, Maciel diz que o MS tem agido em duas frentes: controle do vetor, que deve ter a participação de toda a sociedade para combater os focos dos mosquitos, e redução dos óbitos.
Sintomas e tratamento*
A nosso favor, se podemos dizer assim, temos o fato de que a dengue é uma doença conhecida, cujos cuidados médicos não são novidade.
A dengue pode ser assintomática, mas quando ocorrem, os sintomas mais comuns costumam ser:
Febre alta (acima de 39°) repentina, que dura de dois a sete dias;
Dor de cabeça e atrás dos olhos;
Fraqueza e dor muscular; e dor nas articulações.
Perda de apetite, diarreia com fezes pastosas, náuseas e vômitos podem estar presentes;
Manchas e pápulas avermelhadas na pele (exantema), com ou sem coceira, surgem na face, tronco, mãos e pés em cerca de 50% dos afetados pela doença.
Após a fase febril, a maioria dos indivíduos se recupera progressivamente; no entanto, alguns pacientes começam a piorar exatamente na fase em que a febre regride, cerca de três a sete dias após o início dos sintomas.
Os sinais de alarme da dengue são:
- Dor abdominal intensa e contínua;
- Vômitos persistentes;
- Acúmulo de líquidos no abdômen, pleura e na membrana que envolve o coração (pericárdio);
- Queda da pressão, principalmente ao se levantar;
- Sangramento de mucosa; Letargia (estado de fraqueza intensa)
- Irritabilidade.
Quando ocorre extravasamento de líquido ou sangramento intenso, o choque pode ocorrer rapidamente, e o paciente pode morrer em 12 a 24 horas.
Não há tratamento específico para a doença, mas é muito importante garantir a hidratação, o que pode salvar vidas.
É essencial que pacientes com dengue tomem bastante líquido.
Adultos devem beber cerca de 60 ml por quilo de peso corporal ao dia. Isso significa que uma pessoa com 60 quilos deve tomar cerca de 3,5 litros por dia.
Para crianças, a regra é: até 10 kg: 130 ml/kg/dia; acima de 10 kg a 20 kg: 100 ml/kg/dia; acima de 20 kg: 80 ml/kg/dia.
Em caso de suspeita de dengue, não tome anti-inflamatórios não esteroides (ibuprofeno, nimesulida, diclofenaco etc.) ou corticoides nem medicamentos à base de acetil salicílico, como AAS e aspirina. Se tiver febre alta, tome analgésicos como paracetamol e dipirona.
Pessoas que morrem de dengue vão a óbito porque entram em choque. Se houver piora dos sintomas, a pessoa não conseguir ingerir líquidos ou tiver diarreia e vômitos persistentes que a levem a perder líquido, procure um serviço de saúde.
*Informações do Ministério da Saúde
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