Hipertensão é doença silenciosa; veja novas diretrizes para seu diagnóstico
A Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) lançou novas diretrizes para o diagnóstico da hipertensão arterial, doença crônica que atinge três em cada dez adultos.
As orientações foram anunciadas no último dia 12, durante o 1º Encontro de Departamentos de Cardiologia.
De acordo com as novas Diretrizes Brasileiras de Medidas da Pressão Arterial Dentro e Fora do Consultório, elaboradas por mais de 60 profissionais, o diagnóstico definitivo da hipertensão não deve considerar apenas os resultados obtidos nas medidas realizadas em consultórios ou serviços de saúde.
O documento reforça a importância de os profissionais de saúde levarem em conta a hipertensão do avental branco (HAB), definida como valores elevados de pressão arterial durante consultas médicas, mas normais fora do consultório. É comum que pacientes apresentem um aumento dos níveis da pressão arterial por causa da tensão que a presença do médico e o ambiente podem causar, por isso muitos recomendam a aferição em casa antes de confirmar o diagnóstico de hipertensão.
Além disso, a SBC também pretende aumentar o diagnóstico daqueles com hipertensão mascarada, ou seja, pessoas que embora não apresentem níveis elevados de pressão arterial durante a consulta médica ou ambulatorial têm a doença.
Assim, de acordo com a SBC, o profissional de saúde deve considerar tanto a monitorização ambulatorial de 24 horas (MAPA) como a monitorização residencial de pressão arterial (MRPA), para avaliar a pressão arterial em ambientes distantes de profissionais de saúde.
Com as novas diretrizes, a SBC pretende conscientizar os profissionais de saúde, que devem continuar aferindo a pressão dos pacientes, a recomendar mais medições (de duas a três seguidas, com intervalos de um minuto entre elas) e em horários distintos, como de manhã e à noite, pois a pressão arterial pode variar durante o dia.
Doença traiçoeira
O geriatra Alberto de Macedo Soares, professor de geriatria da FCMS (Faculdade de Ciências Médicas de Santos), afirmou em entrevista ao Portal Drauzio:
"Hipertensão é uma doença realmente traiçoeira. Quem pensa que dá dor de cabeça, tontura, zumbido no ouvido, sangramento nasal ou deixa ver estrelinhas durante o dia, está redondamente enganado."
De fato, a doença pode ser assintomática. Quando surgem, os sintomas podem incluir dor de cabeça, zumbido no ouvido, visão turva, tontura, dor no peito, palpitações, entre outros.
Entre as principais complicações da hipertensão estão as doenças cardiovasculares cerebrais e cardíacas (AVC, infarto etc.), as complicações oculares e renais e a impotência sexual.
Por isso, tome os remédios no horário prescrito pelo médico e nunca interrompa ou abandone o tratamento.
Valores de referência
O documento da SBC traz orientações, como:
Classificação da pressão arterial (PA) de acordo com a medida no consultório a partir de 18 anos de idade:
- PA sistólica (mmHg) | PA diastólica (mmHg)
- Ótima: < 120 | <80
- Normal: 120-129 e/ou | 80-84
- Pré-hipertensão: 130-139 e/ou | 85-89
- Hipertensão estágio 1: 140-159 e/ou | 90-99
- Hipertensão estágio 2: 160-179 e/ou | 100-109
- Hipertensão estágio 3: 180 e/ou | ? 110
*Adaptado das Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial (2020)
Ao medir a pressão arterial em casa, fique atento às seguintes recomendações:
Fique sentado e mantenha o aparelho ajustado em seu braço à altura do coração. O manguito (aparelho para medir a pressão) deve ficar mais ou menos dois a três centímetros acima da dobra do braço;
Mantenha as pernas descruzadas e os pés apoiados no chão;
Não fale e descanse de 5 a 10 minutos em ambiente calmo, antes de efetuar a medida;
Não pratique exercício nem realize esforço físico nos últimos 90 minutos;
Não ingira bebidas alcoólicas, café ou alimentos nem fume nos 30 minutos anteriores;
Esvazie a bexiga antes da medição.
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