Mariana Varella

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Reportagem

Mpox: emergência internacional não significa risco de pandemia

A OMS (Organização Mundial da Saúde) classificou, no último dia 14, a mpox como emergência de saúde pública de importância internacional (ESPII) —o mais alto nível de alerta da organização. O alerta foi emitido pela segunda vez em um período de dois anos.

Dessa vez, a preocupação é com a rápida propagação de uma nova linhagem da mpox, a Clado 1b, que vem se espalhando pelo continente africano, em especial na República Democrática do Congo. A Clado 1b é diferente da Clado 2, que causou surtos em vários países em 2022, e tem maior transmissibilidade e letalidade mais alta.

O continente africano já confirmou, apenas neste ano, mais de 17 mil casos e 517 mortes por mpox, um aumento de 160% nos casos em comparação com o mesmo período do ano passado, segundo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças da África.

A princípio, fora da região africana, até o momento "o surto continua com um baixo nível de transmissão", de acordo com o comunicado da OMS.

Emergência de saúde pública de importância internacional

Um evento é declarado emergência de saúde pública internacional quando constitui um risco de saúde pública para outros países, além da fronteira nacional do país afetado. Ocorre sempre que surge uma situação grave, inesperada e que exija ação internacional imediata.

Isso não significa, contudo, que haja risco de uma pandemia agora, porém serve para que os países organizem uma resposta internacional coordenada que ajude a interromper os surtos e desbloquear financiamento para a colaboração no compartilhamento de vacinas, tratamentos e testes para o diagnóstico.

No momento, a OMS está tomando atitudes para evitar que a situação se agrave. No Brasil, a avaliação do Ministério da Saúde é de que o risco para o país é baixo.

Mpox

Causada por um Orthopoxvirus, a mpox foi detectada pela primeira vez em humanos em 1970, na República Democrática do Congo. A doença é considerada endêmica (restrita a determinada região geográfica) em países da África central e ocidental.

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De acordo com o Ministério da Saúde, a mpox é transmitida pelo contato com as erupções e lesões na pele e fluidos corporais de uma pessoa infectada. A infecção pode ocorrer, também, pelo contato com objetos recentemente contaminados, como roupas, toalhas, roupas de cama ou objetos como utensílios e pratos que foram utilizados por uma pessoa com o vírus.

A transmissão por meio de gotículas, normalmente, requer contato próximo prolongado entre o paciente infectado e outras pessoas. Desse modo, trabalhadores da saúde, familiares e parceiros íntimos de pessoas com o vírus têm maior risco de infecção.

O vírus provoca sintomas como febre, erupções na pele preenchidas com líquido claro ou amarelado que costumam surgir de um a tês dias depois do início da febre e dores no corpo e na cabeça, bem como cansaço, gânglios aumentados, entre outros.

As erupções tendem a se concentrar no rosto, na palma das mãos e planta dos pés, porém podem ocorrer em qualquer parte do corpo, inclusive na boca, olhos, órgãos genitais e no ânus.

A doença geralmente causa um quadro leve, que dura de duas a quatro semanas, contudo pode ser fatal em casos raros.

Os sintomas variam de intensidade, e as erupções na pele são um dos sinais mais característicos da mpox. Caso haja suspeita da doença, é preciso procurar atendimento médico imediatamente.

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Prevenção e vacinação contra a mpox

Não há tratamento específico para a doença, apenas sintomático.

A principal forma de proteção contra a mpox, portanto, é a prevenção. Assim, o Ministério da Saúde recomenda:

Evitar o contato direto com pessoas com suspeita ou confirmação da doença. Quando não for possível, utilizar luvas, máscaras, avental e óculos de proteção;

Lavar regularmente as mãos com água e sabão ou utilizar álcool em gel, principalmente após o contato com a pessoa infectada ou com os objetos (lençóis, toalhas, roupas etc.) que possam ter entrado em contato com as erupções de pele ou secreções do paciente;

Lavar as roupas de cama, roupas, toalhas, lençóis, talheres e objetos pessoais da pessoa com água morna e detergente;

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Limpar e desinfetar todas as superfícies contaminadas e descartar os resíduos contaminados (por exemplo, curativos) de forma adequada.

Pessoas com suspeita ou confirmação da doença devem cumprir isolamento imediato, bem como não compartilhar objetos e material de uso pessoal, tais como toalhas, roupas, lençóis, escovas de dente e talheres até o término do período de transmissão (do início dos sintomas até a cicatrização das erupções).

A estratégia de vacinação prioriza, sobretudo, a proteção das pessoas com maior risco de evolução para as formas graves da doença —entretanto, várias pessoas vêm reclamado da indisponibilidade de vacinas em todo o país.

Assim, devem tomar a vacina pré-exposição:

Pessoas que vivem com HIV/Aids (PVHA): homens cisgêneros, travestis e mulheres transexuais; com idade igual ou superior a 18 anos; e com status imunológico identificado pela contagem de linfócitos T CD4 inferior a 200 células nos últimos seis meses.

Profissionais de laboratório de 18 a 49 anos de idade que trabalham diretamente com Orthopoxvírus em laboratórios com nível de biossegurança 2 (NB-2).

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Precisam tomar a vacina pós-exposição:

Pessoas que tiveram contato direto com fluidos e secreções corporais de pessoas suspeitas, prováveis ou confirmadas para mpox, cuja exposição seja classificada como de alto ou médio risco, conforme recomendações da OMS e mediante avaliação da vigilância local.
*Com informações de Paula Padilha e do Ministério da Saúde

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Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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