Pré-eclâmpsia: pressão alta é a principal causa de morte materna
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Desenvolver pressão arterial elevada é um dos maiores temores das gestantes e também dos médicos que as acompanham durante o pré-natal.
Isso porque, de acordo com o Ministério da Saúde, a hipertensão gestacional é a maior causa de mortalidade materna nos países em desenvolvimento, como o Brasil.
A pré-eclâmpsia é uma condição grave, relacionada ao aumento da pressão arterial, que em geral ocorre a partir do meio da gestação, depois da 20ª semana. Mulheres com pré-eclâmpsia apresentam pressão arterial elevada (acima de 14 x 90 mmHg) e níveis altos de proteína na urina (proteinúria).
Em entrevista ao Portal Drauzio, o ginecologista e obstetra Marco Antônio Galleta, professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, afirmou que "75% das mortes por hipertensão na gravidez têm como causas a pré-eclâmpsia e a eclâmpsia, o que é lastimável, haja vista que em especial a eclâmpsia, uma forma grave da pré-eclâmpsia, é uma patologia que pode ser prevenida desde que se consiga atuar precocemente. Em países desenvolvidos, é raro ocorrer uma morte por eclâmpsia".
A doença pode sobrecarregar os rins, coração e fígado e causar lesões cerebrais, entre outras complicações. Também é perigosa para o feto, pois pode comprometer o fornecimento de sangue à placenta.
Muitas pessoas com pré-eclâmpsia não apresentam sintomas, por isso é tão importante aferir a pressão durante as consultas de pré-natal. Alguns dos primeiros sinais são: pressão alta, proteinúria, edema por acúmulo de líquido, dor de cabeça, visão embaçada ou com manchas escuras e falta de ar.
A pré-eclâmpsia grave pode gerar pressão muito elevada (igual ou maior que 16 x 110 mmHg), diminuição da função hepática e renal, edema pulmonar, níveis baixos de plaquetas no sangue (trombocitopenia) e redução do volume urinário.
Algumas gestantes com pré-eclâmpsia precisam ser internadas para acompanhamento médico; nos casos mais graves, pode ser necessário antecipar o parto.
Fatores de risco e tipos de pré-eclâmpsia
As causas da pré-eclâmpsia não estão totalmente esclarecidas, mas suspeita-se que elas tenham relação com a placenta. "Acredita-se que realmente existam substâncias produzidas na placenta que, por causa da deficiência de irrigação, caem na circulação materna, lesam os vasos sanguíneos e fazem surgir a hipertensão. Experiências feitas com soro de mulheres com pré-eclâmpsia, colocado na presença de células endoteliais (células colhidas das camadas mais interna dos vasos), mostram que o soro é tóxico para essas células", afirma Galleta.
Embora ainda não se saiba as causas exatas da condição, há fatores que indicam alto risco de desenvolvê-la, como: histórico de hipertensão; doença renal prévia; diabetes; gestação múltipla; condições autoimunes, como lúpus; e pré-eclâmpsia em gravidez anterior.
Algumas condições indicam risco moderado de pré-eclâmpsia: ter mais de 35 anos de idade ou menos de 18 anos; obesidade; história familiar de pré-eclâmpsia; e complicações em gestações anteriores.
A pré-eclâmpsia em geral acontece após a 20ª semana de gestação, sendo a maior parte dos casos no último trimestre (após 27 semanas).
Quando o problema ocorre antes da 34ª semana de gravidez, é chamada de pré-eclâmpsia precoce. A condição também pode acontecer após alguns dias ou até uma semana após o parto (pré-eclâmpsia pós-parto).
"A [paciente] mais sujeita é a primigesta, isto é, a mulher na sua primeira gravidez. Depois devem ser considerados dois extremos reprodutivos da vida: abaixo dos 18 anos e acima dos 35 anos de idade. Além dessas, as mulheres que já estavam com sobrepeso quando engravidaram e as que ganharam muito peso durante a gravidez são consideradas pacientes de risco", diz Galleta.
Ele ainda menciona que casos de pré-eclâmpsia na família aumentam três vezes a probabilidade de o problema repetir em parentes até o segundo grau, embora o risco seja maior nos de primeiro grau. "Há, portanto, a influência de fatores genéticos somados a fatores de ordem ambiental", explica o médico.
Se não for tratada, a pré-eclâmpsia pode ser fatal para a mãe e o bebê ou causar danos graves em vários órgãos. As complicações mais graves para a gestante são: eclâmpsia, convulsões, AVC, coma e síndrome Hellp, caracterizada por destruição dos glóbulos vermelhos (hemólise), elevação das enzimas hepáticas e baixa contagem de plaquetas.
Já para o feto, as mais comuns são nascimento prematuro, baixo peso ao nascer e descolamento da placenta.
A condição em geral é diagnosticada nos exames de pré-natal de rotina, que ocorrem em intervalos regulares durante a gestação.
Pré-eclâmpsia leve e grave, e tratamento
A pré-eclâmpsia pode ser leve ou grave. Na leve, há pressão elevada e proteinúria.
A pré-eclâmpsia grave ocorre quando há os sinais de pré-eclâmpsia leve acompanhados de: sinais de danos renais ou hepáticos observados em exames de sangue, baixa contagem de plaquetas, fluidos nos pulmões, dor de cabeça e tontura e perturbações visuais.
Não há cura para a pré-eclâmpsia, mas seus sintomas costumam passar após o parto. O tratamento depende da gravidade do quadro e do tempo de gestação.
Se a gravidez estiver próxima da 37ª semana, é provável que o médico indique a antecipação do parto. Medicações para acelerar a maturação dos pulmões do feto e para controlar a pressão arterial da mãe até que seja seguro realizar o parto podem ser necessárias.
Quando a pré-eclâmpsia se desenvolve no início da gravidez, a gestante precisa ser monitorada de forma mais frequente.
É possível realizar o parto por via vaginal em caso de pré-eclâmpsia, mas em alguns casos, o médico pode indicar a cesariana.
Como reduzir os riscos?
Se você tem risco elevado de desenvolver pré-eclâmpsia, é possível adotar algumas medidas para reduzi-lo:
se tiver obesidade, perca peso;
em caso de hipertensão ou diabetes antes da gravidez, controle a pressão arterial e os níveis de açúcar no sangue;
mantenha uma rotina de exercícios regular;
coma alimentos saudáveis e evite cafeína;
durma bem.
Nunca falte às consultas de pré-natal. Como a pré-eclâmpsia pode ser uma condição silenciosa, controlar os níveis da pressão arterial é essencial para manter uma gestação sadia.
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