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Saúde

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OPINIÃO

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A vigilância ativa no câncer de próstata

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Imagem: iStock

Colaboração para o VivaBem

15/11/2021 04h00

O câncer de próstata é o segundo tipo de tumor mais comum entre os brasileiros, atrás apenas do câncer de pele não-melanoma. O Inca (Instituto Nacional de Câncer) estima que mais de 65 mil novos casos da doença serão registrados no Brasil em 2021. Pelo menos um em cada seis homens vai desenvolver a doença durante a vida.

Infelizmente, o diagnóstico ainda é cercado de tabus. O primeiro deles é o toque retal, um dos parâmetros clínicos que, aliado ao PSA, indica a necessidade de uma avaliação mais rigorosa, com exames de imagem e biópsia, para a confirmação de um câncer. Outra questão é a lista de fatores de risco, já que parte dos casos pode ser evitada com um estilo de vida mais saudável, com a adoção de uma dieta rica em verduras, legumes e frutas, a prática regular de exercícios e o controle da obesidade. Sim, o homem precisa cuidar de sua saúde e manter uma conversa aberta com seu médico sobre riscos, que incluem idade e histórico familiar.

Ainda há muitos medos em relação ao tratamento, por conta de possíveis efeitos como a disfunção erétil e a incontinência urinária. Com os avanços tecnológicos e terapêuticos, o manejo destas implicações é realizado com bastante êxito.

Outra tendência que vem ganhando cada vez mais força é a chamada "vigilância ativa", que é indicada para aproximadamente 30% dos casos que não precisam de tratamentos imediatos. Muitas vezes o câncer de próstata apresenta um desenvolvimento lento, que pode ser observado com alta segurança, por um longo período ou até mesmo durante toda a vida.

Esta estratégia exige que o paciente seja submetido a consultas médicas e exames frequentes. Quando bem indicada e administrada por um profissional experiente, é bastante segura. Estudos mostram que o risco de a doença não crescer de modo significativo durante o procedimento da observação é de até 70% durante período de 15 anos. Importante também que naqueles que precisarão de tratamento anos mais tarde, as chances de cura continuam muito altas. Nos casos bem indicados, a possibilidade de um paciente não morrer de câncer de próstata ou de não ter metástases está em torno de 98%.

O grande desafio, aqui, é definir precisamente o perfil de quem pode se submeter a esse tipo de terapia. O médico deve analisar, de forma criteriosa e cuidadosa, as características da doença, a idade, a presença de comorbidades e, claro, a preferência pessoal do paciente.

Os avanços da medicina diagnóstica colocam à disposição um rol de opções para o rastreamento que englobam a avaliação clínica e do PSA, as características da biópsia e exames sofisticados de imagem, como a ressonância magnética multiparamétrica.

As avaliações genéticas também contribuem para a escolha do tratamento. Pesquisas recentes analisaram a ação dos genes associada à agressividade da doença e que apresentam a capacidade de, caso poucos expressos, fortificar a conduta da observação vigilante. É a consolidação de uma medicina personalizada, garantindo mais benefícios ao paciente, com a indicação de terapias mais eficazes para cada organismo, com menos efeitos colaterais.

Vemos, portanto, que a medicina procura avançar em duas frentes: prever mais precocemente quem vai desenvolver o câncer de próstata e selecionar quem vai se beneficiar com o tratamento. Do lado do paciente, resta o compromisso de cuidar diariamente de sua saúde, perceber os sinais do corpo e manter em dia os exames de rotina.