Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
O perigo da desinformação sobre câncer e os riscos para os pacientes
Um terço das postagens mais populares sobre tratamento de câncer nas redes sociais traz dados incorretos. Este é um dos alertas apresentados pelo artigo "Desinformação sobre o câncer e informações prejudiciais no Facebook e outras mídias sociais: um breve relatório", publicado recentemente no Journal of the National Cancer Institute.
Os autores, liderados por pesquisadores da Universidade da Utah, admitem que há poucos dados sobre a qualidade das informações de tratamento do câncer disponíveis nas redes. Mas afirmam que a desinformação "atrai mais atenção e engajamento do que artigos com informações baseadas em evidências".
A preocupação se justifica, pois a informação incorreta e até falsa —as fake news— podem prejudicar o tratamento, a qualidade de vida e as chances de sobrevivência.
O sinal de alarme, no entanto, já se acendeu há muitos anos. Em 2017, uma empresa de consultoria em saúde americana realizou uma sondagem com pacientes diagnosticados com câncer e verificou que 89% deles acessavam a internet para procurar mais informações sobre sua doença.
Os riscos que uma simples busca no chamado "Dr. Google" poderiam representar para a saúde do paciente também foram tema de uma campanha do Instituto Vencer o Câncer, chamada Busque Vencer, lançada no fim de 2016.
Mostramos a pacientes as buscas que eles fizeram na internet ao receber o diagnóstico, para lembrar que, na jornada contra a doença, a informação de qualidade é o começo do tratamento.
No ano passado, a Sociedade Americana de Oncologia Clínica divulgou uma "Declaração de Boa Comunicação", com orientações para o melhor manejo dos pacientes, fornecendo conceitos e recomendações simples. No entanto, não são todas as postagens que seguem as regras da boa comunicação, não medindo os riscos a que expõem as pessoas que podem ter uma doença grave.
No estudo da Universidade da Utah, os pesquisadores procuraram quantificar a precisão das informações sobre o tratamento do câncer e o potencial de dano. Foram revisadas 50 publicações sobre os quatro tipos de câncer mais comuns.
Do total de 200 artigos, 32,5% apresentavam informações erradas e 30,5% tinham dados prejudiciais. Entre os que continham textos incorretos, 76,9% eram potencialmente danosos. O que chama mais atenção é que o número médio de engajamentos para postagens com desinformação foi maior do que posts com informações baseadas em evidências. Um risco absurdo!
Mas por que o paciente faz esta "consulta virtual", que pode colocar sua saúde em risco? Em que ponto perdemos esta conexão tão importante da confiança com o médico?
A melhor forma de combater esse movimento é manter o diálogo aberto com o paciente, saber ouvir e auxiliá-los na busca de informações de qualidade, para termos mais chances de conseguimos os melhores resultados em nossas buscas pelo sucesso no tratamento contra o câncer.
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