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Pesquisa avalia impacto psicológico do tratamento do câncer em crianças

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Imagem: iStock

Colaboração para VivaBem

08/05/2023 04h00

O diagnóstico de uma doença potencialmente grave gera diversos impactos. A depender da situação de cada paciente —e como cada um encara a notícia e o prognóstico— são efeitos que atingem o âmbito financeiro, profissional, emocional e psicológico e que merecem grande atenção por parte da equipe que vai cuidar deste indivíduo.

No ano passado, uma pesquisa realizada pela IQVIA a pedido do Instituto Vencer o Câncer ouviu pacientes, familiares e cuidadores. Para os entrevistados, o momento logo após a descoberta do câncer é aquele quando o paciente oncológico mais precisa de amparo, seguido pelo manejo dos efeitos colaterais do tratamento e a busca por um tratamento viável.

Este levantamento ouviu apenas adultos, com uma média de idade de 47 anos. Se, neste público, já vemos os resultados do impacto emocional causado pela doença, quais os efeitos para uma criança que tem que lidar com o diagnóstico e tratamento?

Pesquisadores coreanos avaliaram dados coletados no sistema de saúde local durante 10 anos e apontaram sinais relevantes de um risco aumentado de desenvolvimento de transtornos psiquiátricos graves em sobreviventes de câncer na infância e adolescência, no longo prazo.

O estudo, publicado recentemente no Journal of Clinical Oncology, periódico da Associação Americana de Oncologia Clínica, comparou informações de pacientes oncológicos e indivíduos sem histórico de tumores.

Os resultados primários foram os maiores riscos de sete diagnósticos de doenças psiquiátricas, entre elas TEA (transtorno do espectro autista), TDAH (transtorno de déficit de atenção e hiperatividade), transtorno bipolar, depressão, TOC (transtorno obsessivo-compulsivo), transtorno de estresse pós-traumático e esquizofrenia.

Os pacientes que tiveram câncer infantil também foram diagnosticados com TDAH, esquizofrenia, depressão em idades mais precoces que os demais.

Os pesquisadores também indicam que a condição psiquiátrica parece variar de acordo com tipos específicos de câncer. Tumores no sistema nervoso ou hematológicos, mais na infância e adolescência, foram associados ao maior número de diagnósticos de doenças psiquiátricas.

Já TEA e TDAH tiveram mais ligação com os chamados tumores sólidos, que acometem os órgãos.

A partir destes achados, os pesquisadores indicam "cuidados de acompanhamento que devem incluir intervenções psicossociais com foco nos primeiros sinais de problemas de saúde mental e intervenções precoces neste grupo de alto risco".

No entanto, sugerem que "conclusões definitivas sobre tais associações e se tais associações variam para diferentes tipos de câncer permanecem incertas".

O estudo nos alerta, de todas as formas, para a relevância da atenção à saúde emocional e psicológica durante e após o tratamento.

A abordagem do câncer é complexa, multidisciplinar, e entender essas demandas faz diferença não apenas na hora do diagnóstico, mas também por muitos anos depois para evitar e tratar potenciais complicações da doença e do tratamento a fim de que o paciente tenha uma excelente qualidade de vida, além da tão desejada cura da doença.