Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Os efeitos do câncer e do tratamento oncológico sobre a gravidez e o bebê
Em uma das suas mais recentes edições, o Journal of National Cancer Institute, uma das principais publicações da área de Oncologia, destaca os resultados de um estudo que avaliou os potenciais efeitos do câncer sobre a gravidez.
Um total de 1.291 pacientes jovens, de 15 a 39 anos, que estavam grávidas no momento do diagnóstico, foram acompanhadas pelos pesquisadores. Os resultados da avaliação mostram que os registros de baixo peso, comparados com mulheres que não se submeteram ao tratamento oncológico, foram três vezes maiores.
Outras consequências também foram apontadas: o risco de um pré-termo precoce foi cerca de cinco vezes mais alta para as grávidas em tratamento. Da mesma forma, o risco de um índice de Apgar baixo para o bebê (teste realizado nos primeiros minutos de vida de um recém-nascido) foi dobrada nas mulheres que recebiam quimio ou outra terapia contra o câncer.
Por outro lado, não houve diferença no risco de defeitos ou de mal formação do feto.
Os editores do jornal ressaltam que ainda existe uma limitação de dados disponíveis sobre esta população de pacientes oncológicas jovens e grávidas.
O desenvolvimento do câncer durante um período tão crítico no curso da vida, quando os indivíduos estão frequentemente focados em transições entre educação e emprego, decisões sobre relacionamentos e possivelmente o desejo de ter filhos, e a transformação da infância para a idade adulta, pode ter um impacto considerável e muitas vezes impactos duradouros"
Tais estudos se demonstram muito relevantes para aconselhamento e gerenciamento de decisões que devem ser compartilhadas pela equipe médica e pelas pacientes.
Em tempo, ressalto dados brasileiros compilados a partir de cerca de 5 milhões de resultados de exames de imagem, biópsias e testes genéticos de mulheres de seis estados brasileiros, mostrando que mais mulheres jovens estão recebendo diagnóstico de câncer de mama.
De acordo com o levantamento do Grupo Fleury, 37% das pacientes diagnosticadas com a doença têm menos de 50 anos e 10% estão abaixo de 40 anos.
Precisamos olhar com mais critério para as pacientes desta faixa etária e suas necessidades de prevenção, tratamento, apoio psicológico e suporte para decisões pessoais, familiares e profissionais.
O câncer tem impacto em várias esferas e o caminho para uma Medicina mais humanizada passa pelo entendimento de que precisamos entender as demandas e desejos de nossos pacientes, orientá-los e manter a qualidade de vida de forma integral.
*Fernando Maluf é diretor associado do Centro Oncológico da BP - Beneficência Portuguesa de São Paulo, membro do Comitê Gestor do Centro de Oncologia do Hospital Israelita Albert Einstein e fundador do Instituto Vencer o Câncer. É formado em medicina pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, onde hoje é livre-docente.
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