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OPINIÃO

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O uso do canabidiol para o manejo do tratamento do câncer

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Imagem: iStock

Colaboração para VivaBem

01/08/2023 04h00

Um dos temas abordados no Congresso Americano de Oncologia, realizado em junho, foi o uso da cannabis medicinal por pacientes em tratamento oncológico.

Um dos estudos apresentados avaliou o papel do canabidiol (CBD) e do tetrahidrocanabinol (THC) para diminuir náusea e vômito, efeitos colaterais de algumas terapias contra o câncer.

As duas substâncias foram administradas para um dos grupos da pesquisa, na dose de 2,5 miligramas em cápsulas, no dia anterior da quimioterapia até o quinto dia após o tratamento. O outro grupo de pacientes recebeu placebo.

Foi observada uma resposta completa para náusea e vômito para 24% dos pacientes que receberam THC e CBD, contra 8% do grupo placebo.

Os pesquisadores concluíram que o "THC/CBD oral foi associado a um aumento significativo na proporção de pacientes que atingiram uma resposta completa em náuseas e vômitos induzidos por quimioterapia e foi bem tolerado, representando um novo tratamento eficaz no manejo dessa condição".

São necessárias, naturalmente, análises futuras de qualidade de vida e custo-efetividade. E vale ressaltar que os dois braços receberam também as medicações convencionais para melhorar os sintomas dos efeitos colaterais do tratamento.

Porém, é interessante observar que a adição do THC/CBD resultou numa resposta completa mais frequente, reforçando a potencial utilidade dessa nova estratégia.

Estudo também avalia benefícios sobre efeitos sensoriais e motores

Outro ensaio clínico também apresentado na Asco 2023 envolveu pacientes com câncer não metastático de mama, intestino, endométrio e ovário, em diversos estágios, que completaram o tratamento com quimioterapia à base de taxano ou platina.

Os participantes deste estudo foram divididos em grupos ativo e placebo, e seguidos por 16 semanas. O grupo ativo recebeu 135 mg/dia de CBD. Todos foram avaliados a cada duas semanas, para a análise de três categorias de sintomas: sensorial (dormência, formigamento, dor), motor (fraqueza, dificuldade para caminhar) e autonômico (embaçamento, perda auditiva).

Os pacientes que tomaram canabidiol tiveram melhora mais significativa da função sensorial, com redução da dormência e formigamento, que são sintomas mais comuns da neuropatia periférica induzida por quimioterapia (NPIQ). No entanto, o CBD não teve efeito sobre a dor e a função motora.

Os pesquisadores apontam que o canabidiol tem potencial para auxiliar no tratamento para alguns sintomas de NPIQ, sem eventos adversos graves. "Tal avanço poderia proporcionar um benefício na qualidade de vida, ajudando mais pessoas a completar e tolerar melhor a quimioterapia", segundo os autores do estudo.

Como no primeiro caso, sugerem que mais pesquisas são necessárias para confirmar esses resultados e avaliar a segurança. Tais medicações sempre devem ser prescritas por profissionais de saúde que conheçam o histórico de cada paciente, com indicações precisas.

Podemos começar a trilhar um caminho para novas abordagens de efeitos colaterais que levam a uma descontinuação do tratamento e a um prejuízo na sua eficácia. O objetivo é melhorar o manejo das consequências mais comuns das terapias contra o câncer e garantir mais bem-estar.