Opinião

Câncer de próstata: Congresso Europeu de Oncologia mostra remédio promissor

O encontro anual da Sociedade Europeia de Oncologia, realizado há duas semanas em Madri, na Espanha, destacou pesquisas importantes para diversos tipos de câncer, inclusive os de maior incidência na população brasileira, como mama, pulmão e intestino.

Na área de câncer de próstata, alguns trabalhos também muito relevantes foram apresentados. Um deles trouxe dados sobre o Lutécio PSMA. Trata-se de um radiofármaco —uma droga radioativa— que é conjugada ao PSMA, uma proteína expressa no câncer de próstata. O medicamento, ao se ligar a essa proteína, causa danos ao DNA da célula tumoral, inibindo o seu crescimento e replicação.

Esta medicação, aplicada de forma intravenosa a cada seis semanas aproximadamente, foi avaliada em pacientes com câncer de próstata metastático, que haviam falhado em tratamentos prévios, mas que ainda não tinham recebido quimioterapia.

A pesquisa envolveu 468 pacientes e comparou a estratégia de uso do Lutécio PSMA com novas drogas anti-hormonais. Os pesquisadores apontaram uma redução do risco de progressão radiológica ou morte em 59%, comparado com hormonioterapia pura.

Os resultados representaram um ganho muito importante com essa nova classe de medicação, sendo o Lutécio PSMA considerado "um agente atraente com um bom perfil de toxicidade".

Essa nova forma de tratamento, que certamente modificou de modo impactante o tratamento da doença avançada, já está disponível no país, porém ainda não é coberta pelas fontes pagadoras.

Câncer de próstata e o cuidado com a saúde do homem

Segundo informações do Inca (Instituto Nacional de Câncer), o tumor de próstata é o segundo mais comum entre os homens no país, atrás apenas do câncer de pele não melanoma. Serão mais de 71 mil novos casos da doença em 2023.

Quando diagnosticada precocemente, a doença tem mais de 90% de chance de cura. Para isso, a SBU (Sociedade Brasileira de Urologia) orienta que que homens a partir de 50 anos devem procurar um profissional especializado, para uma avaliação individualizada.

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Os negros ou com parentes de primeiro grau com câncer de próstata devem começar os exames preventivos (toque retal e dosagem de PSA) aos 45 anos.

No Brasil, no entanto, dois a cada dez casos da doença são diagnosticados em fase bastante avançada, reduzindo as chances do paciente.

Se, por um lado a medicina avança com melhores abordagens para o tratamento do câncer, por outro o autocuidado deve ser uma prática também dos homens.

Então, leitores, a orientação é adotar uma dieta saudável, evitando o sedentarismo e a obesidade, não fumando e não consumindo álcool em excesso. São atitudes que ajudam a evitar o câncer e outras doenças potencialmente graves.

E, ainda, manter a atenção aos fatores de risco, como idade, história familiar (ter um parente de primeiro grau com diagnóstico aumenta duas vezes a probabilidade de registro da doença) e raça (homens negros correm mais risco e tendem a desenvolver tumores mais agressivo).

O Novembro Azul está aí, com um chamado ao cuidado da saúde do homem, que deve ser feito durante todo o ano.

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*Fernando Maluf é diretor associado do Centro Oncológico da BP - Beneficência Portuguesa de São Paulo, membro do Comitê Gestor do Centro de Oncologia do Hospital Israelita Albert Einstein e fundador do Instituto Vencer o Câncer. É formado em medicina pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, onde hoje é livre-docente.

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Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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