Topo

Paola Machado

Selênio e coenzima Q10 ajudam na prevenção de doenças cardiovasculares

A castanha-do-pará é uma boa fonte de selênio - iStock
A castanha-do-pará é uma boa fonte de selênio Imagem: iStock

Colunista do VivaBem

03/09/2020 04h00

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

Durante as últimas décadas, temos testemunhado um aumento importante nos índices de obesidade e doenças crônicas na população, como hipertensão, diabetes, câncer e dislipidemias (colesterol total e triglicérides elevados, HDL reduzido, entre outros).

A Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que 71% de um total de 57 milhões das mortes ocorridas no mundo no ano de 2018 aconteceram por conta destas doenças. No Brasil, elas também trazem impactos negativos, sendo responsáveis por 74% do total de mortes.

Grande parte das pesquisas clínicas no mundo tem buscado a compreensão dos mecanismos envolvidos nestas doenças, bem como seus impactos na qualidade de vida, sendo cada vez mais reconhecida a importância de uma alimentação balanceada, equilibrada e variada como elemento de proteção. Já é consenso que nutrientes com poder antioxidante são muito importantes para a prevenção e tratamento de grande parte das alterações metabólicas provocadas pela produção excessiva de radicais livres, tanto em nível cerebral, sistêmico e metabólico.

Entre estes nutrientes está o selênio, um micromineral que atua de forma muito efetiva no controle dos radicais livres, pois participa da estrutura de uma enzima chamada de glutationa peroxidase; além de contribuir com a regulação tireoidiana, neurológica e imunológica.

Quando pensamos em atingir a sua recomendação de consumo, embora pareça fácil pela pequena quantidade necessária (55 mcg/ dia), temos alguns fatores bastante importantes que interferem na quantidade deste nutriente presente no alimento: o solo de plantio, localização geográfica e clima, sem contar na capacidade individual de absorver e aproveitar a substância.

Os principais alimentos fonte de selênio são a castanha-do-pará e o rim bovino. A carne bovina, o frango, os peixes e os ovos e os laticínios também apresentam quantidades importantes de selênio.

Alguns estudos recentes demonstraram que mesmo com o consumo alimentar adequado, algumas pessoas podem apresentar estoques corporais reduzidos de selênio, tornando-se mais vulneráveis a doenças cardiovasculares, principalmente o infarto do miocárdio e hipertensão arterial; para estes, a suplementação diária do selênio associada à suplementação de coenzima Q10 traz resultados bastante promissores. Esta relação foi percebida em estudo de longa duração, em pessoas com mais de 70 anos, mas acredita-se que os mesmos princípios e mecanismos se apliquem em adultos jovens.

O que é a coenzima Q10?

Trata-se de um componente presente em nossas células, que pode ser produzido endogenamente (em nosso próprio organismo) ou recebido pela ingestão de seus alimentos fonte (carnes, peixes, ovos).

As funções da coenzima Q10 são múltiplas e vão desde a função antioxidante até o papel de turbinar a nossa mitocôndria no processo de produção de energia.

Ao longo dos anos, vamos diminuindo a sua quantidade corporal e, por volta dos 30 anos, os nossos estoque declinam consideravelmente, principalmente em atletas, fumantes e pacientes com doenças crônicas pelo maior utilização.

Estudos abordam que o seu uso pode ser fator de proteção em situações de envelhecimento e doenças neurodegenerativas, como Parkinson e Alzheimer.

Você acha que pode se beneficiar da suplementação de selênio e coenzima Q10? Sugiro que procure um nutricionista para avaliar o seu consumo alimentar e a real necessidade, desta estratégia, ponderando o custo benefício e posteriormente monitorando a eficácia dos resultados.

*Colaboração da nutricionista comportamental Samantha Rhein (Unifesp).

Referências:
- ROSS et al., Nutrição Moderna de Shils - na Saúde e na Doença - 11ª Ed. Manole. 2016.
- Ilsibrasil.com
- https://portalarquivos2.saude.gov.br/
- Alehagen U, Alexander J, Aaseth J (2016) Supplementation with Selenium and Coenzyme Q10 Reduces Cardiovascular Mortality in Elderly with Low Selenium Status. A Secondary Analysis of a Randomised Clinical Trial. PLoS ONE 11(7): e0157541. doi:10.1371/journal.pone.0157541

Errata: este conteúdo foi atualizado
A quantidade de selênio recomendada para um adulto é de 55 mcg (micrograma) por dia, e não 55 mg (miligrama) por dia.
Na última frase do texto, o questionamento correto é se o leitor acha que poderia se beneficiar da suplementação de selênio e coenzima Q10, e não de zinco.