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Paola Machado

ANÁLISE

Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.

Cifose é doença: verdade ou mito? Saiba mais sobre a curvatura da coluna

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Imagem: iStock

Colunista do UOL

26/04/2021 04h00

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Mito! Antes de começar a explicar o tema é importante compreender o que é uma cifose. A coluna possui diversas curvaturas fisiológicas, sendo a cifose a curvatura normal da coluna que se localiza na região torácica (meio das costas). Além da cifose, são consideradas curvaturas normais da coluna as lordoses cervicais e lombares.

Hipercifose x cifose

O que pode gerar confusão é a hipercifose, um aumento anormal da cifose torácica, popularmente chamada de corcunda. O que é considerado normal? Uma cifose considerada normal possui uma angulação que pode variar entre 10 a 40º.

Uma angulação maior que 40º pode ser considerada como hipercifose. Esse cálculo é feito pelo profissional e avaliado em imagem radiológica, porém para fechar o diagnóstico devem ser realizados o exame clínico, a coleta da história familiar e, em alguns casos, exames complementares são solicitados.

Fique ligado!

Algumas características de aumento da cifose são:

  • Cabeça projetada para frente comparada ao resto do corpo

  • Altura da parte superior das costas aparenta ser mais alta que o normal ao inclinar o tronco para frente

  • Diferença na altura dos ombros

  • Encurtamento da musculatura da parte posterior das pernas (isquiotibiais)

A hipercifose não costuma causar dores intensas, porém, alguns casos podem ocorrer principalmente devido ao excesso de trabalho, permanecer muito tempo em posturas inadequadas e fraqueza muscular.

Causas

As causas variam desde causas congênitas, quando o indivíduo nasce com a alteração; patológicas, quando são adquiridas por doenças; traumáticas, em consequência de fraturas; ou posturais, adquiridas ao longo da vida em consequência de hábitos e posturas.

A hipercifose pode ser observada em qualquer idade. Em crianças e jovens essas alterações são menos comuns, e por estarem em fase de crescimento, essa curvatura ainda é flexível, o que facilita o tratamento conservador, que pode ser realizado por meio de fisioterapia e coletes, dependendo de cada caso.

Porém, alguns casos específicos de doenças congênitas e patologias que levam a um grau mais severo dessa alteração, como comprometimento neurológico, o tratamento cirúrgico é uma opção. Saiba mais sobre escoliose em crianças.

No caso de idosos, a causa dessas alterações é mais complexa. Diversos fatores podem contribuir para alterações degenerativas da coluna vertebral com a idade: fraturas por compressão vertebral, má postura rotineira, diminuição da mobilidade da extensão da coluna, desidratação dos discos intervertebrais e redução da força dos músculos extensores das costas são outras causas comumente encontradas de hipercifose relacionada à idade.

Dependendo do grau e da severidade, a hipercifose em idosos pode prejudicar a função pulmonar, o desempenho das atividades de vida diária, reduzir a qualidade de vida e predizer mortalidade. Além disso, marcha lenta e déficit de equilíbrio contribuem para o risco de quedas, principalmente em mulheres.

O que você pode fazer?

De modo geral, o aumento da curvatura torácica pode ser reduzido ou prevenido com fortalecimento (principalmente da musculatura das costas e do core) associado a alongamentos (principalmente de peitorais e isquiotibiais).

Mas não se engane, o alongamento sozinho não traz os mesmos resultados para a redução na curvatura da hipercifose. Sempre foque em fortalecer e alongar as musculaturas adequadas.

A terapia manual (técnica dos fisioterapeutas) também pode dar bons resultados quando associada a exercícios. Além disso, o tratamento ou preventivo deve ser feito pelo fisioterapeuta que trabalha com essa área física, postural ou ortopédica, em associação ao acompanhamento médico com ortopedista.

Caso você tenha observado a piora dessa corcunda com o home office e a pandemia, muitas vezes orientações simples de ergonomia podem te ajudar muito.

Vale lembrar que cada caso é um caso e o tratamento vai ser escolhido de acordo com avaliação médica e fisioterápica adequadas, de acordo com idade, grau, severidade, dor e preferência do paciente.

*Colaboração Ana Clara Desiderio, fisioterapeuta especializada em atendimentos de fisioterapia ortopédica na Clínica La Posture e Renata Luri, fisioterapeuta doutora pela Unifesp e Griffith University.

Referências:

BANSAL, Symron; KATZMAN, Wendy B.; GIANGREGORIO, Lora M. Exercise for improving age-related hyperkyphotic posture: a systematic review. Archives of physical medicine and rehabilitation, v. 95, n. 1, p. 129-140, 2014.

BARRETT, Eva et al. Is thoracic spine posture associated with shoulder pain, range of motion and function? A systematic review. Manual therapy, v. 26, p. 38-46, 2016.

ENSRUD, Kristine E. et al. Correlates of kyphosis in older women. Journal of the American Geriatrics Society, v. 45, n. 6, p. 682-687, 1997.

GONZÁLEZ-GÁLVEZ, Noelia; GEA-GARCÍA, Gemma M.; MARCOS-PARDO, Pablo J. Effects of exercise programs on kyphosis and lordosis angle: A systematic review and meta-analysis. PloS one, v. 14, n. 4, p. e0216180, 2019.

RYAN, Stephen D.; FRIED, Linda P. The impact of kyphosis on daily functioning. Journal of the American Geriatrics Society, v. 45, n. 12, p. 1479-1486, 1997.