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Paola Machado

OPINIÃO

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Exercício é importante no tratamento da osteoporose; veja o que fazer

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Imagem: iStock

Paola Machado, Juliana Satake e Renata Luri

Colunista de VivaBem e colaboração para VivaBem

11/08/2022 04h00

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A osteoporose é uma doença óssea muito comum e atinge mais de 10 milhões de pessoas em todo o Brasil. Ocorre quando as células entram em desequilíbrio aumentando o desgaste ósseo, causando o afinamento e porosidade do osso, se tornando mais suscetível a fraturas.

As mulheres são muito mais afetadas que os homens: cerca de 200 milhões de mulheres em todo o mundo têm osteoporose, isso porque, durante a menopausa, há um desequilíbrio causado pela redução da produção de estrogênio, levando à diminuição acelerada da massa óssea, a qual pode ser até 10 vezes maior do que a observada no período de pré-menopausa.

Outros fatores de risco incluem a predisposição genética, sedentarismo, alimentação pobre em vitaminas e nutrientes, excesso de consumo de álcool e cafeína, tabagismo e o próprio envelhecimento.

Em estágio inicial, chamado de osteopenia, não apresenta sintomas e o diagnóstico é feito através da densitometria óssea. A partir do momento que se tem o diagnóstico, é importante o acompanhamento por especialistas para controle e avanço da doença, pois apesar de ser silenciosa em estágios avançados podem surgir dores em decorrência de deformidades ósseas e fraturas, podendo levar a incapacidade física até a morte em caso de complicações, principalmente na população mais idosa.

A importância da atividade física na osteoporose

A prática regular de atividade física possui um importante papel para quem tem osteoporose, ameniza a perda óssea, reduz o risco de quedas e melhora a qualidade de vida.

Existe uma série de opções de atividade física tanto para prevenção como para tratamento, mas antes de iniciar qualquer processo é preciso saber as suas limitações, condições físicas e estágio da doença para evitar qualquer risco de queda e fraturas.

Todo exercício ajuda na osteoporose?

Atualmente a literatura mostra que os exercícios mais indicados para aumento da densidade óssea são aqueles que apresentam carga, resistência e impacto, isso porque os estímulos provocados por esses tipos de exercícios por meio de forças de resistência e contração muscular são capazes de estimular o metabolismo ósseo, promovendo a regeneração óssea. Exemplos de resistência e carga: pilates e musculação, sempre acompanhado de profissionais que possam orientá-los.

No caso do Pilates, além da resistência, possui um papel importante postural, pois melhoram outras condições também como osteoartrite, hérnia de disco, limitações muito comuns em pessoas que apresentam osteoporose.

Estudos mostram que exercícios resistidos de intensidade moderada a alta são capazes de manter ou melhorar a osteoporose do quadril e do fêmur em mulheres na pós-menopausa.

Já quando falamos de atividades de impacto, podemos citar todas as atividades de que tiramos constantemente os pés do chão como: basquete, vôlei, caminhada, corrida.

Para quem não possui osteoporose estabelecida mas que possui predisposição, seja por fatores genéticos ou a pré-menopausa, as atividades de impacto são recomendadas. Estudos mostram que pessoas que praticam atividade física desde crianças envolvendo atividades de impacto possuem mais reservas ósseas e menor risco para osteoporose quando adultas, uma vez que o osso está em constante reciclagem e produção.

Mas cuidado! Aqui é importante se atentar, pois pacientes com osteoporose já estabelecida devem evitar exercícios de alto impacto pelo risco de quedas e fraturas. Nestes casos, é importante o acompanhamento com exercícios estáticos para ganho de força, equilíbrio e controle motor sempre acompanhados de um profissional da área da saúde.

Outros benefícios do exercício

Exercícios aeróbicos sem carga, apesar de não terem efeito direto no aumento da densidade óssea, também são indicados pois possuem um importante papel no fortalecimento, melhora do equilíbrio e controle motor - é o caso da prática de exercícios como natação, bicicleta e Tai-Chi.

Num estudo com 100 mulheres acima de 55 anos, elas realizaram exercícios de resistência, propriocepção e equilíbrio com o objetivo de reduzir o número de quedas, melhorar a capacidade funcional, equilíbrio dinâmico e qualidade de vida quando comparado ao grupo controle. Os resultados mostraram que a incidência de quedas foi reduzida em 38% no grupo de treinamento, versus uma redução de 16% no grupo controle.

Desta forma, mesmo os exercícios aeróbicos e sem carga são importantes para a associação na melhora da função física, reduzindo a chance de quedas e gerando mais estabilidade motora para atividades da vida cotidiana.

Para tanto, é estritamente recomendado que, após consulta com o médico, o paciente siga um programa de exercícios prescrito por um especialista da área: um profissional de educação física ou um fisioterapeuta.

*Colaboração Juliana Satake, fisioterapeuta sócia da Clínica La Posture e Dra. Renata Luri, fisioterapeuta doutorada pela Unifesp.

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