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Paola Machado

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Treinos híbridos e foco na saúde: tendências do mercado fitness no Brasil

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Imagem: iStock

Colunista de VivaBem

23/08/2022 04h00

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Na semana passada, foi realizada em São Paulo a IHRSA Fitness Brasil 2022, uma das principais feiras do seguimento no país, que traz as principais novidades e destaques do mercado.

Acompanhei a mesa-redonda sobre "Tendências e Oportunidades do Mercado Fitness 2022", com Ailton Mendes, presidente da Acad (Associação Brasileira de Academias) e conselheiro do Cref/SP (Conselho Regional de Educação Física de São Paulo), Mônica Marques, diretora técnica da rede Cia Athletica, Filippe Savoia CEO da rede Bluefit de Academias e diretor da Acad e Edgard Corona, CEO das redes SmartFit/Bioritmo e vice-presidente da Acad.

Para Ailton Mendes, "um ponto muito importante, que foi fruto da pandemia e veio para ficar, foi a essencialidade do setor de academia para a saúde no Brasil e no mundo, vide às pesquisas que mostram os benefícios de prevenção e promoção de saúde por meio da prática de exercício físico, principalmente, de forma supervisionada por profissionais de educação física".

Mendes acredita que "uma tendência muito forte no ambiente de academias é a personalização dos treinamentos, a comunicação por tribos e segmentos e a possibilidade de estar em plataformas distintas, levando o conteúdo de forma ampla".

De acordo com Marques, "houve um aumento pela procura de modalidades aquáticas coletivas, por modelos híbridos e por atividades que promovam melhora da sociabilização e cognição de crianças e adolescentes". As apostas da academia Cia Athletica, por exemplo, são "estúdios e salas decorados e preparados para modalidades especiais, gamificação, tecnologias digitais e imersivas, wearables, 150 aulas online gravadas no aplicativo [da rede] e prescrição individualizada".

Savoia reforçou que, "com o home-office, as pessoas têm cada vez menos tempo". Por isso, academias low-cost, como BlueFit e SmartFit, focam que suas unidades estejam cada vez mais próximas do aluno. Com o aumento da frequência dos alunos às unidades pós-pandemia, "a BlueFit vê como tendências para os próximos anos modalidades focadas em emagrecimento, com muita diversão (como as aulas coletivas e de dança), modalidades para população de maior idade, treinos personalizados (fora daquele formato padronizado) e uma maior flexibilidade e variedade com pesos livres".

Corona afirma que após a pandemia as pessoas começaram a focar em saúde e bem-estar, havendo uma "perspectiva de melhora para o setor e mudanças de comportamento do cliente". Dessa forma, os profissionais e empresas do setor fitness "devem ter um olhar cada vez mais humanizado e personalizado para o aluno", para que ele se sinta acolhido.

Formatos híbridos ganham espaço

No início da pandemia, vimos crescer o número de lives ou aulas online gravadas, além de outros formatos de treino à distância. Com a reabertura das academias, muitos locais se adaptaram e incluíram na grade (em nos aplicativos) aulas em vídeo —algumas ao vivo. Mas isso não acabou com as aulas presenciais.

"Os frequentadores de academias amam as aulas presenciais, querem estar com os amigos, participar de uma tribo por afinidades de personalidade e estilo de vida. De forma complementar, os aplicativos e aulas virtuais são ferramentas que vieram para ficar como estratégias associadas para serem usadas nos dias em que o cliente não puder vir presencialmente", pontua Marques.

Foco na saúde

Uma pesquisa realizada pela Deloitte, em parceria com a IHRSA e a Global Health and Fitness Alliance, mostrou que, nos EUA, aproximando-se de um nível individual, cada trabalhador insuficientemente ativo custa 82 dólares em custos de saúde e 259 dólares em PIB potencial perdidos por absenteísmo (faltar no trabalho) e presenteísmo (estar na empresa, mas não produzir o que é capaz).

Cada trabalhador inativo, portanto, custa à economia 341 dólares por ano, representando 7% da renda média disponível per capita.

Por isso, há uma relação direta entre a prática de exercícios, saúde e economia. Assim, outra tendência muito forte são os programas de exercícios voltados para a saúde, no combate às comorbidades e diminuição das dores, integrando atividades físicas, fisioterapia e nutrição.

Preocupação com as crianças

Marques traz um olhar muito importante para a saúde das crianças. "Elas ficaram longe da escola por muito tempo, sem as aulas de educação física, sem o ambiente lúdico que é fundamental para brincar, se mover e se desenvolver, o que levou a uma ausência de estímulos para a coordenação motora e para aprender as habilidades básicas que envolvem correr, rolar, chutar, arremessar, equilibrar-se etc.

O que percebemos são crianças mais preguiçosas, que apresentam dificuldades para realizar tarefas esportivas e atividades físicas diversas. E vai levar algum tempo para retomarem e aprenderem padrões de movimento fundamentais." Por isso, muitos espaços de treino começam a ter um olhar especial para o desenvolvimento cognitivo e socioemocional dessas crianças.