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Paola Machado

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Exercício traz inúmeros benefícios à vida sexual; veja quais são

We-Vibe Toys/Unsplash
Imagem: We-Vibe Toys/Unsplash

Colunista do UOL

15/09/2022 04h00

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Ao longo da vida, é natural que ocorram aumentos e diminuições da libido por diferentes motivos, sejam eles biológicos ou químicos, que podem ocorrer como efeito colateral do uso de medicamentos —ou mesmo uma combinação desses diferentes motivos.

A testosterona (hormônio "sexual), a ocitocina (considerada o "hormônio do amor ou da felicidade") e a dopamina (que se relaciona às emoções e funções cognitivas) possuem papel de destaque para a resposta da libido durante o ciclo sexual em mulheres.

Devemos ter em mente que os benefícios do exercício são diversos com melhora da saúde física e mental. Entretanto, além de todos os benefícios que auxiliam nas atividades de vida diária (AVD's), o exercício é responsável por relações positivas na sua vida sexual.

Estudos relatam que pessoas fisicamente ativas podem ter melhor qualidade de vida sexual. A atividade física contribui para uma melhora na circulação sanguínea e liberação de neurotransmissores que interferem na libido, além de melhorar a autoestima. Existe uma atividade ideal? Não. O mais importante é procurar a atividade física que gosta de fazer e traga prazer —pode ser pilates, ioga, natação, corrida, bike, musculação, dança.

Além disso o exercício físico contribui para diversos fatores que estão relacionados a atividade sexual. São eles:

Melhora da imagem corporal. Estudos confirmaram que a imagem corporal está fortemente ligada à satisfação sexual, principalmente entre as mulheres. Mulheres com uma imagem corporal positiva têm uma função sexual mais alta (incluindo desejo sexual), do que aquelas com uma imagem corporal negativa.

Um outro estudo envolvendo 60 mulheres adultas indicou que apenas uma sessão de exercícios de 30 minutos pode melhorar a imagem corporal das mulheres. Há menos pesquisas sobre imagem corporal e satisfação sexual em homens. Ainda assim, um relatório publicado descobriu que atitudes negativas sobre a aparência física estão associadas a experiências sexuais adversas. O exercício pode ajudá-lo a se sentir mais desejável, independentemente das mudanças na aparência.

Melhora da disfunção sexual. Pensando em aspectos de disfunção sexual, um estudo envolvendo 3.906 homens e 2.264 mulheres investigou como o exercício pode afetar as taxas de disfunção sexual autorrelatada, como insatisfação com o orgasmo e dificuldade de excitação em mulheres e disfunção erétil* em homens.

O relatório descobriu que o exercício cardiovascular semanal pode fornecer alguns benefícios preventivos. Os resultados mostraram que níveis mais altos de exercício cardiovascular em adultos fisicamente ativos foram associados a menos disfunção sexual autorrelatada. Os autores do estudo sugeriram que homens e mulheres em risco de disfunção sexual podem se beneficiar com exercícios mais rigorosos, independentemente de seu nível de atividade atual.

*Vale ressaltar que problemas circulatórios geralmente causam disfunção erétil (DE) e a American Urological Association cita a falta de exercício como uma causa potencial de DE. Os autores de uma revisão desenvolveram recomendações sobre atividade física para diminuir a DE. Eles sugeriram que os homens com a condição completassem 40 minutos de exercícios aeróbicos moderados a vigorosos supervisionados quatro vezes por semana. Como recomendação de longo prazo, esses mesmos pesquisadores escreveram que o exercício semanal de 160 minutos durante seis meses contribui para diminuir os problemas de ereção em homens com disfunção erétil causados por inatividade física, obesidade, hipertensão, síndrome metabólica e/ou doenças cardiovasculares.

Melhora da libido em mulheres. Há evidências de que o exercício pode ajudar a estimular a excitação a curto e longo prazo em mulheres. Uma revisão encontrou melhorias na excitação sexual fisiológica após uma única sessão de exercício. Os cientistas sugeriram que as mudanças parecem ser impulsionadas por aumentos na atividade do sistema nervoso simpático e fatores hormonais. Eles acrescentaram que um programa regular de exercícios provavelmente aumenta a satisfação sexual indiretamente, beneficiando a saúde cardiovascular e o humor. Pesquisas mostram que praticar exercícios baseados em atenção plena, com foco em sensações físicas e tarefas de imagens mentais, melhora a excitação sexual subjetiva.

Redução dos sintomas da menopausa. A diminuição dos níveis de estrogênio durante a menopausa produz sintomas que podem prejudicar a qualidade de vida, afetando a saúde física, mental e sexual. Mais especificamente, a menopausa pode afetar o sexo alterando os sistemas biológicos envolvidos nas respostas sexuais normais.

Uma revisão atual mostrou que exercitar os músculos do assoalho pélvico** e exercícios mente-corpo pode ser benéfico no controle dos sintomas da menopausa. Algumas outras pesquisas sugerem que a atividade física, em geral, pode ajudar a aliviar problemas específicos, como secura vaginal, ondas de calor e suores noturnos. O exercício promove o aumento do fluxo sanguíneo em todos os lugares, incluindo os genitais. Na menopausa, isso pode desempenhar um papel em uma melhor experiência sexual.

**Para que a prática sexual seja prazerosa e satisfatória, estruturas na região da pelve e o conjunto de músculos do assoalho pélvico (MAP) devem estar em seu perfeito estado, para que possam desempenhar o seu papel e funções durante a prática sexual. Estudos têm demonstrado a eficácia de aumentar a conscientização dos músculos do assoalho pélvico e fortalecê-los para alterar positivamente a qualidade de vida sexual feminina, a autoimagem e o desempenho sexual.

Os exercícios de fortalecimento do períneo são chamados de Kegel e foram inicialmente desenvolvidos para corrigir a frouxidão vaginal sem cirurgia. Os benefícios envolvem o aumento da circulação sanguínea da região, ganho de força, alongamento e coordenação perineal, o que contribui para aumentar o desempenho sexual e evitar a incontinência.

Melhora relação entre envelhecimento e atividade sexual. Estudos mostram que o exercício pode ajudar a preservar a saúde sexual ao longo do processo de envelhecimento —especialmente significativo nos homens. Pesquisadores do National Institutes of Aging (NIA) identificaram como o exercício pode ajudar a manter a saúde sexual, listando problemas nas articulações como uma causa potencial de aumento de problemas sexuais. A organização sugere que o exercício pode ajudar a diminuir o desconforto causado pela artrite. A NIA também lista doenças cardíacas, diabetes, derrame e depressão como fatores causadores que podem contribuir para problemas sexuais —e o exercício é conhecido por reduzir o risco dessas condições crônicas.

Lembre-se de que o exercício sozinho pode não fazer o truque se você estiver enfrentando alguma disfunção. Fale com um médico, caso os sintomas sejam muito intensos.

Referências:

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