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Paola Machado

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Quais os sinais do ataque de pânico noturno e a importância do tratamento?

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Imagem: iStock

Colunista do UOL

16/11/2022 04h01

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De acordo com a Cleveland Clinic, os ataques de pânico noturnos fazem com que você acorde com medo e tenha dificuldade para respirar, além de sentir taquicardia e suar profusamente. Se você já sofre com ataques ou transtornos de pânico, saiba que pode ser mais propenso a ter esses sinais noturnos.

Como os ataques de pânico diurnos, você pode tomar medidas para aliviar a angústia intensa ou o medo e outros sintomas e, vale reforçar que, se isso acontecer regularmente, é importantíssimo, junto ao médico, encontrar tratamentos que possam ajudar a interromper os ataques de pânico.

Os principais sintomas de um ataque de pânico a qualquer hora do dia podem ser divididos em três categorias. Para ser classificado, é preciso ter quatro ou mais desses sintomas diferentes ao mesmo tempo, como:

  • Sudorese;
  • Calafrios;
  • Náuseas;
  • Palpitações ou taquicardia;
  • Sentimento de fadiga ou instabilidade;
  • Tremores;
  • Tontura;
  • Falta de ar;
  • Desconforto ou dor no peito;
  • Sensações de formigamento ou dormência;
  • Ondas de calor ou calafrios;
  • Medo repentino de morrer, de perder o controle, ser atacado;
  • Sentimento de sufocamento, desconexão com a realidade e de si mesmo (desrealização e despersonalização).

Não está claro o que causa ataques de pânico ou por que 1 em cada 75 pessoas desenvolve a condição crônica conhecida como transtorno do pânico. Pesquisadores sugerem que algo afeta como seu cérebro e sistema nervoso percebem e processam o medo e a ansiedade.

A maioria dos ataques de pânico acontece durante o dia, geralmente quando uma situação não ameaçadora desencadeia uma resposta de pânico. Da mesma forma, os ataques de pânico noturnos não têm base na situação.

Os pesquisadores identificaram fatores subjacentes que podem aumentar o risco de um ataque de pânico noturno, entretanto, mesmo assim, nem todas as pessoas com os fatores de risco acordarão com um ataque de pânico. Podemos elencar algumas questões, como:

  • Genética: se você tem familiares com histórico de ataques de pânico ou transtorno do pânico, é mais provável que você também tenha;
  • Estresse: a ansiedade não é a mesma coisa que um ataque de pânico, mas as duas condições estão intimamente relacionadas. Sentir-se estressado, sobrecarregado ou altamente ansioso pode ser um fator de risco para um futuro ataque de pânico;
  • Alteração químicas do cérebro: mudanças hormonais ou relacionadas ao uso de medicamentos podem afetar a química do seu cérebro, causando ataques de pânico;
  • Eventos da vida: a agitação em sua vida pessoal ou profissional pode trazer muita preocupação e causar a ataques de pânico.

Algumas condições e distúrbios subjacentes podem aumentar as chances de um ataque de pânico, como o distúrbio de ansiedade generalizada, transtorno de estresse agudo, transtorno de estresse pós-traumático, transtorno obsessivo-compulsivo e indivíduos com fobias específicas.

O que acontece muito é o ciclo do pânico, em que o medo de ter outro ataque aumenta a ansiedade, levando à perda de sono, aumento do estresse e maior risco de mais episódios de pânico. Os sintomas do ataque de pânico noturno costumam atingir o pico em menos de 10 minutos e diminuem, mas depois as pessoas podem demorar a dormir novamente.

Embora os ataques sejam desagradáveis, eles não são perigosos —como já reforcei aqui. Os sintomas são incômodos e assustadores, mas essas medidas de tratamento ajudam a reduzi-los e/ou pará-los completamente:

  • Relaxe: em vez de pensar nos sentimentos que você está tendo, concentre-se em sua respiração. Respire lenta e profundamente. Sinta a tensão em sua mandíbula e ombros e diga ao seus músculos para relaxar. Duas indicações são aplicativos de meditação (que auxiliam na prática guiada e técnicas respiratórias) e a leitura do livro "Não acredite em tudo o que você sente: identifique seus esquemas emocionais e liberte-se da ansiedade e da depressão" (2020).
  • Procure distrações: se os sintomas do ataque de pânico parecerem insuportáveis, você pode tentar se distanciar das sensações físicas dando a si mesmo outra tarefa. O que ajuda muito é focar em coisas próximas. Um exercício que funciona bem é pensar em dez coisas que você está vendo, dez sons que está ouvindo, dez coisas que tocam a sua pele. Pense nisso repetidamente, pois despertará sua consciência e você acalma.
  • Caminhe: caminhe pela casa, respire, olhe ao seu redor ou mesmo coloque uma música que te acalme.

Se você tiver ataques de pânico regulares, converse com seu médico sobre tratamentos que podem ajudar a reduzir a frequência e evitar que eles aconteçam no futuro. Esses tratamentos incluem a TCC (terapia cognitivo comportamental) e até estratégias medicamentosas.

É importante buscar ajuda médica quando você está tendo mais de dois ataques de pânico em um mês, tem dificuldade para dormir ou descansar por medo de acordar com outro ataque de pânico, mostra outros sintomas que podem estar relacionados aos ataques de pânico (como transtornos de ansiedade ou de estresse).

Referências:

Cleveland Clinic. Nocturnal Panic Attacks. Disponível em: https://my.clevelandclinic.org/health/diseases/22776-nocturnal-panic-attacks

Levitan MN, Nardi AE (2009) Nocturnal panic attacks: clinical features and respiratory connections, Expert Review of Neurotherapeutics, 9:2, 245-254, DOI: 10.1586/14737175.9.2.245

Miniati M, Palagini L, Maglio A, Marazziti D, Dell'Osso L. (2020). Can sleep disturbance be a cue of mood spectrum comorbidity? A preliminary study in panic disorder. CNS Spectrums, 25(1), 32-37. doi:10.1017/S1092852918001700

Cervena K, Matousek M, Prasko J, Brunovsky M et al. Sleep disturbances in patients treated for panic disorder. Sleep Medicine. Volume 6, Issue 2, March 2005, Pages 149-153.