Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Saúde mental: como lidar com a puberdade que começou na pandemia
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Conheço meninos e meninas que entraram no período de isolamento da pandemia crianças e, quando voltaram a sair de casa, eram homens e mulheres.
Enfrentar o coronavírus foi muito difícil para todos nós e as crianças não foram poupadas. Tiveram de entender, se adaptar e viver uma vida diferente de toda a nossa realidade por um longo período. Levará muitos anos para a ciência avaliar verdadeiramente o impacto disso na nossa saúde física e mental. Mas, hoje, já sabemos que os prejuízos emocionais foram significativos.
Passamos por medo, insegurança, tensão. Se para nós, adultos, foi difícil, imagine para os pré-adolescentes, que estavam passando por várias mudanças fisiológicas.
Na volta às aulas após a pandemia, eu me deparei com vários casos de meninas que menstruaram e tiveram mudanças corporais significativas. Por isso, ficaram inseguras, com receio de sair de casa. Bem como meninos que passaram por momentos de estirão e saíram de casa totalmente diferentes. Foi um fechar e abrir de portas que levou quase dois anos, muito complicado na cabeça de adolescentes em plena puberdade.
Uma pesquisa recente realizada pelos Centros de Controle de Doenças (CDC) dos EUA constatou que 75% dos jovens adultos (18 a 24 anos) apresentam um ou mais sintomas adversos de saúde mental ou comportamental. Para lidar com o problema, além da intervenção profissional, descobriu-se que hábitos diários específicos relacionados à saúde ajudam a melhorar aspectos da saúde mental, como humor, autoestima e resposta ao estresse. O exercício físico tem se mostrado particularmente eficaz.
E isso não é novidade para ninguém. Quantas vezes durante a pandemia falei aqui da importância de manter-se ativo, ir à academia, não parar de se movimentar, pois esses cuidados previnem várias doenças (vide dados da taxa de mortalidade pela covid-19 em pessoas saudáveis). Mas o medo assombrou muitos, que ficaram em casa mesmo quando muitas restrições acabaram, e também deixaram seus filhos adolescentes em casa, sem praticar esportes na fase em que mais precisavam de sociabilização e de desfrutar dos benefícios dos exercícios —que contam com uma lista crescente de melhora fisiológica, neurológica e psicológica associada à saúde mental.
O exercício regular afeta positivamente o humor, a resposta ao estresse e a saúde mental geral, elevando o nível de hormônios e neurotransmissores relacionados ao prazer, ao bem-estar e ao humor.
A atividade física, por gerar um estresse fisiológico, ainda faz com que nosso corpo se fortaleça e se prepare (inclusive neurologicamente) para encarar melhor eventos estressantes futuros.
Além dos benefícios fisiológicos e neurológicos positivos, o exercício regular está associado à melhora da autoestima. Além disso, uma perspectiva mais positiva combinada com uma percepção corporal aprimorada e competência física geral resulta em jovens adultos se sentindo mais hábeis e confiantes.
Para que os jovens adultos colham os benefícios do exercício para a saúde mental, é importante que participem de atividades que se identifiquem de forma segura, eficaz e agradável. Embora os benefícios para a saúde mental tenham sido observados em várias frequências e intensidades exercícios, as diretrizes atuais da indústria incentivam adultos saudáveis de 18 a 65 anos a participar de exercícios de intensidade moderada (64% a 76% da frequência cardíaca máxima) por 30 a 60 minutos por dia, em pelo menos três dias por semana, ou exercício aeróbico de intensidade vigorosa (77% a 95% da frequência cardíaca máxima) por 20 a 60 minutos por dia, pelo menos três dias por semana, além de realizar treinamento de resistência (musculação) pelo menos dois dias por semana.
Nessa idade, o importante é se movimentar. Eu sei que na maioria das vezes dá uma baita de uma preguiça nos adolescentes —ainda mais com o "maus hábito" criado de ficar tanto tempo sentado durante a pandemia. Mas vale a pena se esforçar, romper essa barreira e buscar meios de eles se exercitarem.
Incentive a prática de exercícios com os amigos. Os jovens geralmente estão em uma fase da vida em que reconhecem a importância de estar com amigos e isso pode ser feito em um ambiente de exercício, em que a atividade se torna mais divertida e relevante para sua vida.
Busque exercícios que eles se identifiquem. É difícil achar algo que goste realmente. Por isso, teste! Estimule seu filho a ir em aulas teste, buscar exercícios que sempre teve curiosidade, experimentar com seus amigos. Com certeza, ele achará alguma modalidade que será uma diversão.
Lembre-se, só o exercício não faz milagre. É necessário focar em hábitos saudáveis, ambientes que te traga harmonia e sempre focar na sua felicidade.
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