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5 mudanças que afetam o coração com a chegada da menopausa
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Para começarmos a falar do assunto, é importante primeiro enfatizar: a menopausa não causa doenças cardiovasculares. No entanto, as alterações trazidas com a chegada desta etapa na vida da mulher podem desencadear ou elevar as chances de problemas cardíacos. A fase é marcada por uma transição hormonal e leva a diferentes manifestações físicas e psíquicas.
Segundo a American Heart Association, os riscos de eventos no coração aumentam para todos conforme envelhecemos, mas para as mulheres os sintomas podem se tornar ainda mais evidentes após o início da menopausa —tecnicamente chamada de climatério e que, no geral, começa por volta dos 50 anos.
E quando falamos em sinais, logo o que vem a cabeça são os mais conhecidos: calores intensos e repentinos (os fogachos), insônia e suores noturnos. Porém, é preciso dar atenção também a outros indícios, em especial no caso de mudanças que interferem no sistema cardiovascular.
Isso porque as complicações cardíacas estão entre as principais causas de morte no sexo feminino, sobretudo para aquelas que já atingiram a maturidade. Estimativas apontam que no caso das brasileiras, principalmente acima dos 40 anos, as cardiopatias chegam a representar 30% do total de óbitos.
A chegada da menopausa e o coração
A menopausa é caracterizada pelo fim da menstruação e ocorre porque os ovários deixam de produzir os hormônios femininos. Do ponto de vista cardiovascular, o mais importante deles é o estrógeno (ou estrogênio), tido como um aliado do coração.
Por natureza, durante todo seu período fértil, as mulheres contam com a proteção do estrógeno, hormônio que tem efeito positivo sobre a parede arterial. Estudos mostram que a substância é uma espécie de guardiã do endotélio, um tapete celular que reveste o interior dos vasos sanguíneos. Sem o hormônio, essa estrutura tende a ficar mais vulnerável a lesões e se contrair excessivamente.
O estrógeno estimula a flexibilidade e dilatação dos vasos, facilitando assim o fluxo sanguíneo para o músculo do coração através das artérias coronárias. Quando ocorre a parada definitiva da menstruação, resultante da perda da atividade folicular ovariana, a mulher passa a não contar mais com a proteção. A partir dessa fase fica então mais suscetível ao risco de problemas cardíacos, como a doença arterial coronária e a possibilidade de infarto do miocárdio.
Sinais que merecem atenção
A queda na concentração do estrógeno e as mudanças no corpo da mulher nesta fase também interferem em outros fatores de risco para as doenças cardiovasculares, como colesterol, diabetes, pressão arterial, circunferência abdominal e controle de peso, além de outros pontos relacionados ao estilo de vida.
Segundo dados apontados pelo HCor (Hospital do Coração), na época da menopausa 40% das mulheres já apresentam aumento da circunferência abdominal, mais de 20% fumam, 18% são ex-fumantes, 23% têm seus níveis de pressão arterial acima do recomendado, 21% possuem alteração dos níveis de colesterol e 15% são diabéticas.
Por isso, é de extrema importância dar atenção aos indícios que podem levar o desenvolvimento de doenças ou agravamento de agentes determinantes para a saúde do coração.
1. Aceleração dos batimentos cardíacos
É possível que as mudanças hormonais gerem um aumento no ritmo dos batimentos. As palpitações da menopausa geralmente são descritas como batimentos mais intensos, acelerados e descompassados, que ocorrem com ou sem tontura e vertigem.
Elas podem indicar uma resposta normal do organismo e desaparecem com o tempo, não se tornando motivo de preocupação. Contudo, em alguns casos são o indício de uma doença cardíaca subjacente mais grave que não foi previamente diagnosticada, porém que agora está apresentando sinais evidentes. Entre elas as arritmias, a exemplo da fibrilação atrial, anormalidade na válvula do coração, infarto, insuficiência cardíaca ou cardiomiopatia. Assim, se o sintoma se tornar frequente a recomendação é realizar uma avaliação médica.
2. Aumento do colesterol
A falta de estrógeno também pode causar alterações no colesterol e nas gorduras presentes no sangue, elevando os riscos de ataque ou complicações cardíacas. Com a queda na liberação do hormônio, o nível de colesterol bom (o HDL) cai e o de colesterol ruim (o LDL) sobe. Os triglicerídeos, outro tipo de gordura no sangue, também tendem a aumentar.
3. Surgimento de diabetes
Quando as mulheres chegam a menopausa fica mais difícil controlar a glicemia (nível de açúcar no sangue). Isso porque elas podem se tornar mais resistentes à insulina, o hormônio necessário para converter o açúcar no sangue e os amidos em combustível para as atividades do corpo ou para serem armazenadas como reserva, em forma de gordura. Como resultado, ficam mais propensas a se tornarem pré-diabéticas e diabéticas.
4. Ganho de peso e aumento da circunferência abdominal
O estrógeno atua no músculo, fígado e células pancreáticas produtoras de insulina. Um dos seus papéis sobre o tecido gorduroso é o de prevenir o acúmulo de gordura e inflamações. Quando a mulher entra no período da perimenopausa (fase que antecede a menopausa) e os níveis do hormônio diminuem, ocorre por consequência uma alteração no equilíbrio metabólico, que pode acarretar no aumento da deposição de gordura abdominal.
A partir desta fase, elas tendem a sair do formato de corpo "pera", característico da época com alta produção de estrógeno, para um formato de corpo mais "maçã". O corpo feminino passa, portanto, a um formato mais redondo, especialmente por conta da diminuição da relação cintura/quadril e acúmulo dessa gordura na parte abdominal.
No caso do ganho de peso, diversas pesquisas já foram realizadas para descobrir se a tendência está relacionada ao envelhecimento ou se tem ligação direta com as mudanças geradas pela menopausa. Ainda há dúvidas. O que se sabe é que nesta fase há uma diminuição do metabolismo e gasto energético, além de alterações de hormônios da fome e saciedade.
5. Alta pressão sanguínea
Quando os níveis de estrógeno diminuem, o coração e os vasos sanguíneos passam a ficar mais rígidos, o que também pode interferir na pressão arterial, que tende a subir. A pressão elevada pode colocar uma tensão adicional no coração. Em casos de predisposição ou falta de cuidados e acompanhamento corretos, o quadro pode evoluir para uma hipertensão, um dos principais fatores de risco para as doenças cardiovasculares.
Menopausa precoce
Não há uma idade específica para a mulher entrar na menopausa, uma vez que cada uma tem a sua própria programação genética. Porém, quando identificada na faixa de 40 a 48 anos, chamamos de prematura. Antes dos 40 anos é denominada precoce.
A menopausa precoce é rara e afeta apenas 1% das mulheres. Ela pode ter diversas causas, como lesões nos ovários (ocasionadas por quimioterapias), doenças autoimunes (lúpus, por exemplo) ou genética.
Seu diagnóstico é feito através de exames de sangue para comprovar a diminuição dos hormônios femininos. Nos casos de menopausas prematuras e precoces as mulheres ficam expostas aos mesmos riscos já apontados para as doenças cardiovasculares.
Reposição hormonal
Especialmente nos quadros de menopausa precoce, muitos profissionais indicam a reposição hormonal para conter e retardar as alterações. Nos outros casos, é uma alternativa para aliviar os efeitos. Esse tipo de tratamento, porém, gera controvérsias entre os especialistas.
Durante muitos anos a reposição hormonal foi apontada como danosa para as artérias, uma vez que além do estrógeno traz outros componentes na fórmula. Algumas pesquisas ainda associam a reposição com a aceleração do processo de doenças tumorais, como o câncer de mama (sobretudo para quem tem predisposição), ou com o aumento do risco de trombose.
O fato é que para adotar o tratamento é extremamente importante realizar uma avaliação criteriosa a fim de ponderar os benefícios e contrabalançar com os eventuais riscos. Cada caso deve ser analisado cuidadosamente, levando em conta o histórico da paciente.
No caso do coração, apesar dos benefícios do estrógeno, a American Heart Association não recomenda o uso de terapia hormonal para reduzir as chances de complicações cardiológicas, como a doença coronariana, infarto ou acidente vascular cerebral.
As mudanças não ocorrem de uma hora para outra
As alterações fisiológicas associadas à menopausa começam a ocorrer antes da última menstruação e não de uma hora para outra. É possível que os sintomas relacionados à baixa produção de estrógeno comecem a aparecer meses ou até anos antes. Por isso, os cuidados com o coração não devem esperar.
Por volta dos 40 anos, a indicação é de consultas anuais (ou de acordo com a intensidade dos fatores de risco). Assim, já é possível dar início a uma estratégia de redução de danos caso necessário. Depois dos 50 (ou na menopausa propriamente) passa a ser indispensável fazer uma avaliação, no mínimo, uma vez ao ano. Em quadros com agravantes, a visita ao cardiologista deve ser realizada a cada quatro ou seis meses —ou segundo orientação médica.
Além disso, é fundamental manter hábitos e estilo de vida saudáveis para a redução dos fatores abordados acima, como não fumar (ou deixar de fumar), alimentação equilibrada e de qualidade e a prática de exercícios físicos regulares.
A doença cardíaca na menopausa pode ser evitável ou, ao menos, retardada ou minimizada, mesmo com predisposição. A menopausa faz parte da vida das mulheres e deve ser vista como um momento importante para cuidar de si, do coração e da saúde de modo geral.
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