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Paulo Chaccur

REPORTAGEM

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

Por que coração deve ser prioridade do ano? 15 aspectos que merecem atenção

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Colunista de VivaBem

08/01/2023 04h00

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As doenças cardiovasculares estão entre as principais causas de morte no Brasil. De acordo com a Sociedade Brasileira de Cardiologia, aproximadamente 14 milhões de pessoas no país têm alguma doença deste tipo e cerca de 400 mil morrem por ano em decorrência de uma delas.

Justamente por isso é fundamental conhecer os fatores de risco, entender os sinais de alerta, ser proativo nos cuidados e procurar fazer escolhas saudáveis no que diz respeito aos hábitos e estilo de vida.

A melhor maneira de prevenir eventos relacionados ao sistema cardiovascular é reduzir os riscos que se desenvolvam, detectar os possíveis problemas precocemente ou ainda evitar o agravamento de quadros já diagnosticados.

Para ajudar nessa jornada, confira uma lista com os mais relevantes aspectos que interferem na saúde coração e dos vasos sanguíneos:

1) Envelhecimento

Os anos passam e não há nada que possamos fazer quanto o avançar da idade. No entanto, apesar de esse ser um fator que não conseguimos alterar ou controlar, podemos, sim, ajudar o corpo a enfrentar o processo de envelhecimento de maneira mais saudável.

Durante esse processo várias mudanças acontecem no sistema cardiovascular, que envolvem, por exemplo, a musculatura cardíaca, valvas, artérias coronárias, sistema elétrico, dinâmica cardíaca, entre outros. O que não quer dizer que todas gerem alguma repercussão prejudicial.

Tudo vai depender muito do histórico de cada um ao longo de sua trajetória. De modo geral, com a idade aumentam os riscos de problemas. E aqui podemos incluir complicações que envolvem o coração, os vasos sanguíneos ou ambos. A probabilidade de doenças ou eventos graves é maior entre os adultos com 65 anos ou mais. Por isso, todo cuidado é pouco!

2) Gênero

Os homens normalmente correm um risco maior de enfrentar eventos cardíacos no decorrer da vida. Para as mulheres, os riscos aumentam após a chegada da menopausa, por volta dos 45 ou 50 anos. Isso porque, por natureza, o corpo feminino tem uma vantagem quando o assunto é o risco de doenças cardiovasculares: durante o período fértil, elas contam com os efeitos protetores do estrogênio.

O hormônio estimula a dilatação dos vasos, otimizando o fluxo sanguíneo para o músculo do coração através das artérias coronárias. Ou seja, nessa época os riscos de um infarto ou do desenvolvimento da doença arterial coronária (DAC) são bem menores.

Isso não quer dizer, no entanto, que elas estão livres dos problemas no coração. É válido reforçar que todos nós estamos expostos a agentes que agridem o sistema cardiovascular desde a infância.

3) Histórico familiar

Quem tem pais, avós, tios ou irmãos com fatores de risco cardiovascular ou que passaram por um evento envolvendo o coração tem mais riscos de apresentar o mesmo problema ou, por exemplo, desenvolver a DAC, sofrer um infarto do miocárdio, um AVC ou apresentar anomalias no órgão, como defeitos cardíacos congênitos.

Devemos lembrar, porém, que algumas doenças são geneticamente transmitidas dentro de uma família, mesmo que não exista nenhum fator associado ou a existência de hábitos ruins e a falta de cuidado com a saúde. A realização de avaliações cardiológicas, ainda durante a gestação, possibilitam diagnosticar precocemente e até iniciar o tratamento de problemas no coração antes mesmo do nascimento.

4) Fumar

Cigarro, fumar - iStock - iStock
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Fumantes têm cerca de 70% mais riscos de sofrer um infarto em comparação àqueles que não fumam. O cigarro é um vilão para o coração: são mais de 4.700 substâncias tóxicas que promovem um bombardeio no sistema cardiovascular.

O cigarro faz com que as artérias fiquem mais vulneráveis ao acúmulo de placas de gordura, que por sua vez favorecem a formação de coágulos e, consequentemente, pode desencadear um infarto ou AVC.

O ato de fumar exerce também interferência no mecanismo de contração e relaxamento do coração, prejudicando a circulação sanguínea. Além disso, acelera o ritmo dos batimentos, aumenta a pressão arterial e é capaz de provocar o espessamento do sangue, dificultando o transporte de oxigênio para o corpo.

5) Má alimentação

O que colocamos no prato ao longo de toda a nossa vida influencia na forma como chegaremos à velhice. A comida interfere, entre outros aspectos, na formação das massas óssea e muscular, além de estar diretamente relacionada com o surgimento e a prevenção de problemas como obesidade, colesterol, hipertensão e diabetes.

Por isso, mais do que enfatizar a importância de uma alimentação balanceada e rica em vitaminas e nutrientes, é preciso pontuar a necessidade da regularidade das refeições, em comer devagar e prestar atenção naquilo que é ingerido e evitar excessos.

No que diz respeito a um coração mais saudável, atenção à quantidade de sal, ao consumo de gorduras saturadas e trans, açúcares simples, produtos industrializados e processados, além da hidratação.

6) Consumo de álcool

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O álcool é uma toxina para o organismo —especialmente quando em grande quantidade. Causa enfraquecimento do músculo cardíaco, levando a miocardiopatia alcoólica. Também acelera o metabolismo e aumenta a pressão. Estimula a liberação de adrenalina e noradrenalina, hormônios que provocam a aceleração dos batimentos do coração.

Interfere ainda nos níveis de diabetes e triglicérides que, combinados com colesterol, estimulam o depósito de gordura na parede das artérias. Fatores que podem causar distúrbios no ritmo cardíaco, a sobrecarga do coração e amplificam o risco de ataque cardíaco e AVC, por exemplo.

7) Pressão arterial

Pressão alta, hipertensão arterial, medindo a pressão - iStock - iStock
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A pressão alta é perigosa porque demanda do coração um trabalho adicional para exercer sua principal função, a de bombear o sangue para o corpo. O quadro, particularmente quando constante, faz com que os vasos sanguíneos fiquem mais rígidos, perdendo sua elasticidade.

Dessa forma, o órgão precisa fazer mais força para manter uma circulação sanguínea eficiente.

Em condições normais, o índice da pressão deve permanecer em 120/80 mmHg. Em quadros de hipertensão, ela se mantém maior ou igual a 140/90 mmHg. Na maioria dos casos, os danos causados pela hipertensão ocorrem com o tempo, porém dificilmente com sintomas perceptíveis —o que torna a condição um "mal silencioso".

Níveis altos de pressão podem acarretar em alterações na contração e relaxamento do músculo cardíaco bem como em outras complicações, a exemplo da aterosclerose, doença arterial coronária, doença vascular cerebral, insuficiência cardíaca e até a morte cardíaca súbita.

8) Colesterol

O excesso de LDL, o colesterol ruim, é que está associado às doenças cardíacas. Caso seus níveis estejam altos no sangue, aumentam os riscos de a gordura acumulada ficar depositada nas paredes internas das artérias, o que, gradualmente, forma uma placa de gordura —que chamamos de ateroma.

Esses ateromas obstruem os vasos dificultando ou bloqueando a passagem do sangue. Com o tempo, isso pode resultar na DAC, infarto ou AVC. Leva anos para uma placa se desenvolver, no entanto, quanto mais avançada a idade, maior o risco.

9) Diabetes

Homem com diabetes, diabético, medindo glicemia, açúcar no sangue - iStock - iStock
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Entre os tipos mais comuns de diabetes estão o 1 e o 2. O primeiro, caracterizado por ser autoimune e genético, é causado pela perda da capacidade do pâncreas em produzir insulina suficiente. Já o tipo 2 é uma condição em que o organismo não consegue utilizar de forma adequada a insulina que produz.

Em ambos, quando o hormônio está em falta, permite que a glicose fique presa na corrente sanguínea ao invés de ser usada como energia.

Esse alto nível de glicose no sangue —a hiperglicemia— gera um desgaste metabólico. O diabetes não apenas potencializa os riscos de complicações cardíacas como geralmente vem associado aos principais fatores de risco para as questões que acometem o coração, como obesidade, pressão e colesterol altos.

10) Excesso de peso e obesidade

Obesidade, excesso de peso - iStock - iStock
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Muito além da estética, o excesso de peso é um dos fatores mais graves para o aparecimento de doenças cardiovasculares. Segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia, a obesidade é considerada um dos maiores problemas de saúde da atualidade e atinge pessoas de todas as idades e classes sociais.

Entre as complicações, destaque para as mudanças na estrutura e no tamanho do coração, além do comprometimento de seu funcionamento.

A gordura acumulada contém células capazes de produzir substâncias inflamatórias que se alojam com facilidade na parede das artérias, formando placas de gordura que podem dificultar ou bloquear a passagem do sangue. A consequência, como já dito, é um possível um infarto ou AVC. Pessoas obesas ou com sobrepeso têm ainda mais riscos de desenvolver problemas metabólicos (entre eles o diabetes e o colesterol).

11) Inatividade física

A falta de exercício físicos também está associada a muitas formas de doenças cardíacas e alguns de seus fatores de risco. A prática regular favorece a diminuição do colesterol ruim (LDL) e aumenta o nível do bom (HDL) no sangue.

Além disso, já foi constatado que a prática de atividades contribui para melhorar o humor e a qualidade do sono, a massa muscular e os ossos, para a acuidade mental e redução do estresse, além de combater a obesidade.

12) Estresse e saúde mental

O estresse é um dos grandes vilões da atualidade. Em maior ou menor grau, está presente no cotidiano de todos. Em situações estressantes, o corpo reage imediatamente, alterando a respiração, o ritmo dos batimentos e até os músculos do corpo, que ficam enrijecidos.

Momentos de estresse geram ainda desequilíbrios emocionais, afetam o sistema imunológico, alteram a pressão arterial, os níveis de colesterol e de hormônios (como o cortisol).

O cenário se agrava quando é frequente, podendo levar inclusive a um ataque cardíaco, angina ou derrame. Diante disso, é indispensável cuidar da saúde mental. Estar atento às relações e o ambiente em que vivemos. Devemos prestar atenção até naquilo que lemos e assistimos. Estudos revelam que o cérebro registra e é influenciado quando focamos apenas em notícias ruins, programas e filmes de violência ou que estimulam sentimentos e emoções negativas.

13) Higiene bucal

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Imagem: Hush Naidoo Jade Photography/Unsplash

Você sabia que escovar os dentes e usar fio dental regularmente ajuda a manter suas artérias saudáveis? A boca é uma porta de entrada para bactérias causadoras de várias doenças. Sem a higiene bucal necessária esses microrganismos podem causar infecções e agravar lesões, além de desencadear graves problemas cardiovasculares.

Um estudo da Universidade de Nova York (EUA) revela que usar o fio dental diariamente reduz a quantidade de bactérias causadoras de doenças, evitando que elas entrem na corrente sanguínea e desencadeiem uma inflamação e o possível entupimento das artérias.

14) Sono

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Imagem: Getty Images

A qualidade do sono é fundamental para a nossa saúde. Isso porque sua finalidade é oferecer recuperação ao corpo —e consequentemente ao coração. Durante o período em que estamos dormindo há diminuição nos batimentos cardíacos e redução da pressão arterial. O corpo de quem dorme mal não faz essa pausa, estando assim mais propenso aos problemas cardíacos.

Em casos de pouco sono profundo ou fragmentado poderá ocorrer um aumento da pressão e do estresse, amplificando o trabalho do coração. Uma noite mal dormida gera ainda cansaço, estresse e irritabilidade, estimulando a liberação de cortisol. Assim, esse tipo de estresse noturno aumenta o risco de hipertensão, aterosclerose, infarto e AVC.

15) Se você teve covid...

Já se sabe que as sequelas da covid podem se manifestar de diversas formas (até com surgimento ou agravamento de transtornos da mente, como ansiedade, depressão e estresse pós-traumático) e em diferentes órgãos, incluindo cérebro, coração e pulmões.

Pesquisas apontam que os efeitos aparecem inclusive em quem teve o quadro leve a moderado da doença. No caso do coração, o vírus é capaz de agredir o órgão mesmo nas pessoas que nunca tiveram problemas antes. É o que tem se chamado de síndrome pós-covid ou covid longa.

Por tudo o que já se sabe sobre a síndrome é de extrema importância o acompanhamento clínico e o check-up cardiológico —mesmo que o paciente tenha se recuperado e, especialmente, se surgirem sintomas, a exemplo de dores no peito e cansaço excessivo. Se de fato houver alguma inflamação residual (como a miocardite e a pericardite) ou descontrole da pressão, arritmias e outros problemas, é essencial diagnosticar e tratar o quanto antes.

Prioridade para o ano: o coração!

O coração é o motor pelo qual todas as células do corpo recebem nutrientes e oxigênio. Ele é peça-chave para a saúde e qualidade de vida. Importante ter em mente que grande parte das complicações cardiovasculares são evitáveis ou passíveis de controle.

Por isso, procure dedicar um tempo todos os dias para cuidar de si: reservar momentos na rotina para desestressar, praticar atividades físicas, preparar refeições mais saudáveis, cuidar das suas noites de sono, entre muitos outros. Tudo isso pode beneficiar também o seu coração.

Por fim, esteja atento aos sinais do corpo. Não deixe que a correria diária coloque em segundo plano a sua saúde. Essa tem que ser sempre uma das prioridades mais importantes para você. Quando nosso corpo está bem, nossa saúde em pleno funcionamento, conseguimos encontrar soluções para todos os outros problemas e demandas do cotidiano.