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Paulo Chaccur

REPORTAGEM

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Quer mudar de casa em 2023? Viver em área verde ou praia faz bem ao coração

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Imagem: iStock

Colunista de VivaBem

22/01/2023 04h00

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Viver próximo a áreas verdes e em cidades litorâneas pode trazer benefícios à saúde do coração.

Mudar de casa está nos seus planos para o ano? Que tal pensar na saúde na hora de fazer essa escolha? Especialmente quando a mudança acontece por opção e o desejo de ir para um lugar melhor, é possível pesquisar e definir prioridades.

E para quem tem esse objetivo, vale considerar que começar uma vida nova mais próximo à natureza pode fazer muita diferença em relação à saúde, qualidade de vida e bem-estar.

Viver perto de áreas verdes ou do mar, por exemplo, traz uma série de benefícios para o corpo e a mente. Isso porque saúde e natureza estão diretamente ligadas. E quando falamos do sistema cardiovascular, não é diferente.

De acordo com pesquisas recentes, morar em locais repleto de plantas e árvores está associado a taxas mais baixas da incidência de complicações cardíacas e AVC ao longo do tempo.

Um estudo, exposto em 2021 durante um congresso promovido pela Sociedade Europeia de Cardiologia, apontou que habitantes de regiões mais arborizadas têm 16% menos risco de apresentar questões cardiovasculares (como arritmias, insuficiência cardíaca, hipertensão, infarto e AVC) em comparação com quem vive em lugares com menos vegetação. O levantamento foi realizado nos EUA e envolveu cerca de 240 mil pessoas.

Os benefícios de viver próximo a áreas verdes

Parque Ibirapuera  - Getty Images - Getty Images
Parque Ibirapuera, na capital paulista
Imagem: Getty Images

Novas pesquisas sobre o tema precisam ser realizadas, porém, o que se tem notado até agora é que os efeitos dessa proximidade sobre a saúde do coração envolvem diferentes aspectos —e aqui não estamos falando apenas de locais completamente afastados e isolados.

A vegetação, mesmo em locais urbanos, como em parques e bosques, funciona como um filtro e ajuda a remover os poluentes do ar, absorvendo partículas e gases tóxicos, além de contribuir na retenção de pó e microrganismos.

As concentrações arbóreas colaboram da mesma forma para equilibrar a temperatura e a umidade. Também tem papel relevante na diminuição do nível de ruídos (ou seja, na poluição sonora). Nesse sentido, vale destacar que áreas com mais verde contam com um ambiente sonoro mais natural e agradável, com sons de animais e da vegetação, o que favorece para gerar a sensação de calma, tranquilidade e menos estresse.

Quem já teve a oportunidade de acordar com o canto dos pássaros ou o barulho das ondas do mar sabe a diferença se comparado ao despertar em locais de tráfego intenso. Isso quer dizer: o sono é outro ponto afetado positivamente.

Esses espaços verdes urbanos são ainda, geralmente, mais convidativos e incentivam as pessoas a passarem mais tempo ao ar livre, seja relaxando e contemplando a natureza ou praticando atividades físicas. Proporcionam assim oportunidades para a formação de novas relações sociais e hábitos saudáveis. Fatores significativos no que diz respeito à saúde cardíaca.

E as cidades de praia?

Praia de Tabatinga, em Conde, na Paraíba - vbacarin/Getty Images/iStockphoto - vbacarin/Getty Images/iStockphoto
Praia de Tabatinga, em Conde, na Paraíba
Imagem: vbacarin/Getty Images/iStockphoto

Estudos indicam que o contato com o ambiente da praia tem efeitos positivos para a saúde, incluindo o sistema cardiovascular. Uma pesquisa elaborada pela Universidade de Exeter, na Inglaterra, por exemplo, aponta que viver perto do mar reduz o estresse e estimula as pessoas a praticarem atividades físicas. Por meio de experiências, os cientistas também descobriram que os moradores de cidades litorâneas vivem por mais tempo.

A praia —e tudo que envolve esse cenário— está, de modo geral, ligada a momentos de descanso, relaxamento, diversão e à sensação de prazer e bem-estar. Evidências científicas e outras pesquisas apontam repercussões positivas no cérebro, com consequências benéficas para todo o organismo.

Andar descalço, se conectar ao som das ondas, observar o mar e o céu têm efeitos antidepressivos e calmantes. São capazes de mudar a frequência do cérebro e nos colocar em estado meditativo.

Um fator a considerar na hora da escolha: a poluição!

Nenhum de nós está completamente protegido da exposição à poluição, especialmente do ar. Ela está presente, em maior ou menor concentração, nos mais diferentes ambientes. Por se tratar de um material particulado na atmosfera (partículas muito finas de sólidos ou líquidos suspensos no ar), ele acaba se espalhando para além dos centros urbanos, afetando também locais mais afastados.

Para termos dimensão do problema, um levantamento divulgado pela OMS em março de 2022 afirma que uma em cada oito mortes globais é resultado da exposição à poluição do ar.

O fato é que cada vez que se respira em uma cidade grande, levamos para dentro do corpo uma combinação de poluentes, que podem entrar nos pulmões e até mesmo chegar à corrente sanguínea e atingir o funcionamento do coração.

As consequências mais significativas desse contato frequente com um ar de má qualidade envolvem: resposta inflamatória pulmonar, alterações na coagulação e danos aos vasos sanguíneos (provocando a redução do fluxo de sangue para o coração e impedindo que ele receba oxigênio suficiente), elevação da pressão arterial, alterações na frequência cardíaca (arritmias) e disfunção da anatomia do órgão.

Essas alterações aumentam o risco de complicações mais graves, como um infarto agudo do miocárdio.

Para quem tem filhos (ou pretende ter)

O contato no cotidiano com o meio ambiente interfere ainda no desenvolvimento infantil. Crescer próximo a natureza pode trazer vantagens para a vida toda.

Um manual da Sociedade Brasileira de Pediatra sobre o tema lista alguns benefícios, como o bem-estar mental, favorecimento do desenvolvimento neuropsicomotor, melhor controle de doenças crônicas (como a obesidade, diabetes e hipertensão) e um menor risco de encarar problemas de saúde na vida adulta.