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Você costuma se automedicar? Hábito pode colocar em risco saúde do coração
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Difícil encontrar alguém que nunca tomou na vida um remédio sem prescrição médica. Na busca de alívio imediato para dores de cabeça e musculares, alergia, azia, problemas na pele e digestivos, febre e sinais de uma gripe ou resfriado, por exemplo, muitos recorrem a medicamentos guardados em casa, a opinião de um amigo ou familiar e até a uma breve pesquisa na internet.
No entanto, a automedicação, vista como uma solução rápida, pode trazer consequências duradouras e mais graves do que se imagina. Dados da Abifarma (Associação Brasileira da Indústria Farmacêutica) apontam que aproximadamente 80 milhões de pessoas tomam remédios sem consultar um especialista em saúde e cerca de 20 mil morrem anualmente no país como consequência da automedicação.
Uma lista de problemas
Embora possa realmente oferecer algum alívio em curto prazo para questões físicas ou emocionais, os potenciais riscos da prática incluem: administração e dosagem incorretas, intoxicação, efeitos colaterais, mascaramento de sintomas ou condições subjacentes, interações medicamentosas perigosas, possibilidade de dependência e abuso de certas substâncias (até de uma overdose acidental), diagnóstico errado, atraso na busca e no início de tratamentos, agravamento de doenças, entre outros problemas, inclusive, ameaçadores à vida.
O risco é para qualquer tipo de medicamento?
Vale aqui esclarecer que alguns medicamentos são isentos de prescrição médica (MIPs) e estão disponíveis para compra nas prateleiras de qualquer farmácia. Outros, com tarja preta ou vermelha, exigem receita e ficam atrás dos balcões. E isso não é à toa. Quem define se o produto precisa ou não de prescrição é a Anvisa.
Os MIPs ficam acessíveis por serem considerados seguros o suficiente se utilizados de acordo com as instruções presentes na bula e no rótulo. No entanto, não devem ser tomados de forma indiscriminada. Alguns remédios de fácil acesso contêm, por exemplo, dipirona, paracetamol e ácido acetilsalicílico que podem causar efeitos adversos: lesões de pele, alterações na pressão arterial, diminuição das células do sangue (como glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas), tonturas e desmaios; e até danos mais graves e irreversíveis.
Os remédios controlados, por sua vez, são mantidos separados, pois precisam de orientações de um especialista para uso. No caso de um antibiótico a atenção deve ser redobrada. Seu uso indevido ou excessivo pode causar uma piora do quadro infeccioso e facilitar o aumento da resistência de microrganismos, o que compromete a eficácia dos tratamentos no combate a bactérias nocivas à saúde.
Consequências graves
Portanto, o uso de qualquer remédio exige atenção. A automedicação pode levar a graves consequências, entre:
- lesões no fígado
- insuficiência nos rins
- sangramentos no estômago e nos intestinos
Além de desencadear ou agravar doenças e condições que atingem o sistema cardiovascular, como arritmias, insuficiência cardíaca, miocardite, AVC e infarto do miocárdio.
Riscos para o coração
Alguns medicamentos são capazes de causar o descontrole da pressão arterial, um dos principais fatores de risco para o AVC e o infarto —eventos cardiovasculares entre os que mais matam no Brasil.
Por isso, para quem já tem alguma condição relacionada (como hipertensão e diabetes) ou questão cardíaca diagnosticada o uso de remédios deve ser sempre cauteloso.
Um estudo publicado no European Heart Journal relaciona a utilização do diclofenaco sódico e ibuprofeno (anti-inflamatórios que atuam no combate a dores e inflamações) com a probabilidade de uma parada cardíaca. O texto aponta um risco 30% maior no uso do ibuprofeno e de até 50% no caso do diclofenaco —ambos facilmente encontrados em farmácias para compra sem a necessidade de receita médica.
Outras pesquisam indicam que o ácido acetilsalicílico, dependendo da quantidade administrada, pode aumentar de maneira excessiva a acidez no sangue e diminuir acentuadamente os níveis de glicose, causando, em quadros mais sérios, choque cardiovascular e insuficiência respiratória.
Automedicação responsável
Entretanto, a automedicação também é considerada uma forma de autocuidado e de exercer o direito de atuar sobre a própria saúde, mas exige, como vimos, precauções importantes. Mesmo com orientação e conhecimento sobre sua condição de saúde e o medicamento em questão, muitos pacientes extrapolam a dose, alteram a frequência e até o tempo de tratamento. O que pode ser extremamente perigoso.
Além disso, ainda que seja um medicamento isento de prescrição, é essencial verificar se há alguma contraindicação para cada caso específico. Esse tipo de informação está presente, obrigatoriamente, na bula e no rótulo do remédio.
Não devemos esquecer ainda sobre a data de validade, que sinaliza até quando um produto pode ser usado com eficácia e segurança. Sobretudo para quem mantém remédios em casa, é possível tomar uma substância vencida sem perceber, aumentando o risco de uma reação adversa.
Por fim, apesar dos riscos existirem para todos, alguns grupos são mais frágeis aos efeitos da automedicação, entre eles os idosos, hipertensos, portadores de cardiopatias, gestantes, lactantes, bebês e crianças, que precisam de um acompanhamento e controle mais rígidos.
Fica o alerta: qualquer remédio deve ser administrado com responsabilidade! Especialmente se os sintomas persistirem, aparecem dores agudas ou surgem efeitos colaterais indesejados é fundamental buscar ajuda e orientação médica.
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