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Paulo Chaccur

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Páscoa: chocolate é tudo igual?

Os benefícios do chocolate vêm do cacau, então, quanto maior a porcentagem do ingrediente, melhor - Aleksei Lagunov/Getty Images/iStockphoto
Os benefícios do chocolate vêm do cacau, então, quanto maior a porcentagem do ingrediente, melhor Imagem: Aleksei Lagunov/Getty Images/iStockphoto

Colunista do UOL

09/04/2023 04h00

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A Páscoa chegou e com ela também os chocolates! É nesta época do ano que o consumo do produto ganha um estímulo extra e tende a aumentar por conta da data comemorativa. Mas e quando pensamos na saúde, o que devemos considerar na hora de escolher um chocolate?

Pesquisas vêm ao longo dos últimos anos revelando uma série de benefícios que esse alimento traz para o organismo, inclusive para o coração: estudos apontam, por exemplo, que o chocolate é um aliado da circulação sanguínea e contribui na prevenção de um ataque cardíaco ou infarto. No entanto, será que todo chocolate faz bem?

Do que é feito o chocolate

Para entendermos sobre as vantagens do consumo do chocolate, primeiro, devemos conhecer melhor a sua composição. Sabemos que há no mercado uma grande variedade de produtos. Versões como o chocolate branco, ao leite, meio amargo, amargo... e com recheios e combinações diversas. Como resultado, as características e perfis nutricionais de cada um também são diferentes.

De modo geral, os principais ingredientes do alimento são: cacau, manteiga do cacau (fonte de gordura), açúcar (ou similar, como os adoçantes) e o leite (leite em pó ou condensado). Porém, o que precisamos considerar na hora da escolha é a quantidade de cacau presente na fórmula. Isso porque os méritos recebidos são provenientes dessa fruta.

A importância do cacau e seus flavonoides

O que os estudos revelam é que os benefícios apontados vêm, particularmente, da presença significativa de flavonoides no chocolate —ou melhor, nos grãos de cacau usados em sua fabricação. Os flavonoides (compostos bioativos do grupo dos polifenóis encontrados em diversas frutas e vegetais) são antioxidantes que combatem os radicais livres que danificam as células do corpo.

E são esses flavonoides, portanto, que atuam em prol da saúde cardiovascular: controlando o colesterol, baixando a pressão sanguínea, reduzindo o risco de coágulos, inibindo a atividade das plaquetas e melhorando o fluxo de sangue, além de estarem associados com a diminuição de inflamações.

Outro ponto que pode interferir é a forma de fabricação dos chocolates. O cacau tem naturalmente um gosto forte e amargo. Para agradar o paladar dos consumidores, são acrescentados leite, açúcar e aromatizantes, como a baunilha, na intenção de padronizar o sabor e melhorar a textura.

No entanto, para isso ele é processado, podendo passar por várias etapas. E quanto mais o cacau é processado (através da fermentação, alcalinização, torrefação etc.), mais flavonoides são perdidos. Ou seja: nem todos os chocolates encontrados por aí são ricos em flavonoides e reúnem os benefícios apontados.

Acerte na escolha do chocolate

Vamos conhecer os tipos mais comuns:

Chocolate ao leite: de modo geral, é mais doce e cremoso. Isso porque, como o próprio nome indica, conta com leite em sua composição —em pó ou leite condensado. Os produtos disponíveis apresentam teores variados de cacau em sua fórmula. Por essa razão, é importante estar atento: algumas marcas, por exemplo, têm produtos com menos de 25% de cacau e, portanto, mais açúcar e gordura saturada.

Chocolate meio amargo e amargo: são os produtos que têm menos açúcar em sua composição, quando comparados à opção anterior. A principal diferença entre esses chocolates é que o meio amargo, geralmente, concentra entre 40% a 60% de cacau. Já o amargo tem, ao menos, 60% de cacau —podendo chegar até a 95%. Por isso, é mais escuro e considerado um "alimento funcional".

Pesquisas apontam que o chocolate amargo tem ainda mais benefícios potenciais para a saúde por ser o menos processado de todos. Contém assim a maior porcentagem de grãos de cacau ricos em flavonoides, além de magnésio (o magnésio ajuda, entre outras funções, a relaxar os músculos e aliviar o estresse e a ansiedade) e ferro (importante para prevenir a anemia, por exemplo).

Um estudo de Harvard, publicado na revista HEART, aponta que uma ou mais porções diárias de chocolate amargo reduz em 16% o risco de fibrilação atrial, tipo mais comum de arritmia cardíaca.

Chocolate branco: nem todo mundo sabe, mas o chocolate branco na verdade não contém cacau entre seus ingredientes. Ele é feito apenas com a manteiga do cacau (gordura extraída da sua semente), acrescida de leite, açúcar e aromatizantes. Portanto, não traz os benefícios mencionados acima. E, normalmente, é ainda o mais calórico dos chocolates aqui listados. Sendo assim, exige moderação no consumo.

Chocolate diet: nessa variedade, o açúcar é retirado da composição. No entanto, normalmente, para manter a consistência, é acrescido mais gordura do que os outros tipos. Por isso, seu consumo também exige cautela.

Sem exagero

Ainda são necessários novos estudos para compreender melhor a relação entre o chocolate e a saúde do coração. Também não se sabe ao certo qual a quantidade ideal a ser consumida.

Além disso, é preciso ter consciência de que, ao mesmo tempo em que o alimento pode ser benéfico, também traz riscos, principalmente para pessoas que já possuem problemas cardiovasculares, em que há a necessidade de evitar o produto.

O que se sabe até agora é que quanto maior o teor de cacau, melhor. Isso quer dizer: dê preferência aos produtos que contenham ao menos 60% de cacau em sua composição e evite chocolates que tenham aditivos e corantes. Lembre-se: assim como praticamente tudo o que consumimos, moderação sempre!

O consumo deve ser em pequenas quantidades, uma vez que o chocolate contém gordura saturada e é rico em calorias, que, em excesso, geram efeitos nocivos, como ganho de peso e outros problemas metabólicos (entre eles obesidade, colesterol e diabetes).

Portanto, busque orientação nutricional, leia os ingredientes no rótulo das embalagens e procure dar preferência sempre à opção mais saudável.