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9 razões para seu coração bater fora do ritmo normal
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Você já parou para prestar atenção nos batimentos do seu coração? Geralmente só fazemos isso quando notamos alguma alteração no ritmo, condição que recebe o nome de arritmia cardíaca.
Um quadro de arritmia é caracterizado quando há qualquer mudança na frequência das batidas do órgão, seja ao ficar mais rápida, mais devagar ou simplesmente fora de ritmo, ou seja, de forma irregular.
E por que nosso coração bate?
O coração é o responsável pela distribuição do sangue por todo o corpo, fornecendo oxigênio e nutrientes aos órgãos e tecidos. Para isso, o músculo cardíaco funciona como uma bomba, mantendo um ritmo de contração e relaxamento contínuo, medido por minuto —o que chamamos de frequência cardíaca.
Em condições normais de saúde e sem estímulos, nossa frequência varia de 60 a 80 batimentos por minuto. Entre as crianças, esse número fica em torno de 120 a 140/minuto.
Quando o ritmo dos batimentos sai dessa faixa considerada ideal, dizemos que o coração está com uma arritmia. Condição que, na maioria dos casos, está associada a mudanças na estrutura cardíaca ou um distúrbio ou alteração no sistema elétrico do coração.
A fonte do problema
O coração é composto por quatro câmaras —duas câmaras superiores (átrios) e duas inferiores (ventrículos). Na musculatura do átrio direito, junto da cava superior, há um grupo de células chamado nó sinusal, considerado o marcapasso natural do coração. É ele que produz o sinal que inicia cada batimento cardíaco.
O músculo cardíaco possui assim a capacidade de manter seu próprio ritmo. No entanto, não trabalha sozinho: é do cérebro que chegam as mensagens que regulam nosso sistema circulatório e a variação nos batimentos.
Dos sistemas nervosos simpático e parassimpático vêm as informações sobre as necessidades do organismo para as mais diversas circunstâncias, como condições climáticas, situações de estresse, posição corporal e nível de atividade.
Desta forma, a frequência pode mudar, por exemplo, durante a prática de exercícios físicos, em estado de vigília e sono, quando enfrentamos muito calor ou frio, ao passarmos por uma situação de estresse, assim como por uma doença ou disfunção no funcionamento do corpo.
Taquicardia x bradicardia
De modo geral, as arritmias são agrupadas pela velocidade do ritmo cardíaco.
Uma frequência acelerada, com ritmo superior a 100 pulsações por minuto, recebe o nome de taquicardia. Já quando os batimentos ficam lentos e passam a menos de 60/minuto, falamos em bradicardia.
Entre as taquicardias, destaque para a fibrilação atrial, a mais comum, cenário em que o ritmo cardíaco fica rápido e descoordenado. A condição pode ser temporária, mas alguns episódios de fibrilação atrial permanecem a menos que sejam tratados (em uma unidade de emergência com medicamentos ou cardioversão elétrica —choque— para reversão dessa arritmia).
A fibrilação atrial está associada a complicações graves, tais como o AVC, o popular derrame. Há ainda outros tipos de taquicardia, entre eles a taquicardia supraventricular, a taquicardia ventricular e a fibrilação ventricular (a mais grave arritmia com risco de morte se não diagnosticada e tratada adequadamente).
Já uma bradicardia pode ocorrer por bloqueio na transmissão e condução dos impulsos elétricos (bloqueios atrioventriculares) ou por disfunção do nó sinusal, interferindo no automatismo do coração, que não estabelece o ritmo dos batimentos como deveria.
A arritmia nem sempre é sinal problema
No entanto, vale ressaltar que embora um batimento abaixo de 60 por minuto seja considerado bradicardia, o cenário nem sempre sinaliza um problema e o coração ainda pode ser capaz de bombear sangue suficiente.
Por exemplo, um batimento cardíaco em repouso, isto é, entre 40 e 60 batimentos por minuto, é comum durante o sono, momento em que entramos em estado de compensação de energia.
Também é o caso de pessoas muito ativas fisicamente (como os atletas), que se exercitam regularmente. Para eles, a bradicardia pode ocorrer porque o órgão bombeia o sangue com mais eficiência e atende às necessidades do corpo mesmo batendo devagar.
Além disso, o ritmo cardíaco tende a diminuir naturalmente à medida que envelhecemos. Portanto, uma frequência baixa pode não ser sinal de um coração fraco.
Quando então uma arritmia é considerada perigosa?
Assim como o ritmo cardíaco desacelera enquanto dormimos, é normal aumentar com um esforço físico ou exercício (a frequência durante uma atividade esportiva pode chegar na faixa de 190 batimentos por minuto), ou quando levamos um susto, por exemplo. Entretanto, algumas arritmias podem gerar incômodos e complicações —às vezes até ameaçadores à vida.
Importante deixar caro que uma arritmia pode ser passageira e não causar problemas sérios, em especial em pessoas com o coração saudável. No entanto, naqueles que apresentam alguma questão ou doença cardíaca, é possível que seja motivo de uma emergência médica.
Isso porque um ritmo frequentemente fora do normal pode indicar que o coração não está bombeando sangue suficiente, o que leva a consequências como a insuficiência cardíaca, o AVC e o infarto. As consequências e a gravidade, portanto, vão depender do tipo de arritmia, do que a motivou e do quadro clínico de cada indivíduo.
O que aumenta o risco de arritmias cardíacas?
Essas alterações no ritmo do coração podem ser provocadas por razões diversas. Como vimos, desde situações pontuais até certas condições cardiológicas com as quais nascemos, sendo elas genéticas ou não, ou em decorrência de questões que se desenvolvem ou surgem ao longo da vida. Entre as causas de uma arritmia cardíaca, podemos citar:
1. Anemia
A anemia é o nome genérico de uma série de condições caracterizadas pela deficiência nos níveis de hemoglobina, proteína presente nos glóbulos vermelhos. Sem hemoglobina não há o transporte adequado de oxigênio pelo sangue.
E quando há problemas na oxigenação dos órgãos, o coração precisa trabalhar mais depressa para suprir essa necessidade. A resposta do corpo à anemia pode resultar em batimentos anormais e acelerados e, por consequência, no aumento da espessura do músculo cardíaco, dilatação do coração e em uma insuficiência cardíaca.
2. Ansiedade e estresse
Crises de ansiedade e uma rotina estressante provocam uma desregulação cerebral que ativa o nosso sistema autônomo simpático, deixando o organismo em situação de alerta. Esses cenários estimulam a liberação no organismo de altos níveis de hormônios, como a adrenalina e o cortisol, provocando o aumento do ritmo da respiração e da frequência cardíaca.
3. Transtornos alimentares
Entre os transtornos alimentares que mais atingem o sistema cardiovascular está a anorexia nervosa, quadro que envolve autoinanição (restrição voluntária de alimentos) e perda de peso intensa, que pode chegar a uma desnutrição severa.
Nesses casos, o indivíduo não só restringe ao organismo nutrientes essenciais que inibem o seu funcionamento, como também força o corpo a diminuir a velocidade para conservar energia.
O coração fica então menor e mais fraco, tornando mais difícil a circulação sanguínea. Sem a energia suficiente, o órgão diminui sua pulsação, causando a bradicardia. Com o tempo, o músculo cardíaco enfraquece e não consegue mais bombear o sangue como deveria.
4. Apneia
A apneia obstrutiva do sono provoca pausas na respiração enquanto dormimos, o que pode levar a alterações nos batimentos cardíacos. Com a pausa, há redução do oxigênio no sangue, gerando estresse e tensão para o coração.
O cenário exige que o órgão bata em velocidade mais rápida para suprir as necessidades do corpo e estimula a liberação de substâncias que provocam a vasoconstrição, elevando os níveis da pressão sanguínea.
5. Disfunções da tireoide
Uma disfunção da glândula tireoide pode afetar o coração de diversas maneiras. Isso porque os hormônios por ela liberados possuem ações diretas e indiretas sobre o órgão, e tanto o excesso dessas substâncias (hipertireoidismo) como a deficiência (hipotireoidismo) influenciam no sistema cardiovascular.
A força de contração do músculo e a frequência dos batimentos são alguns dos fatores que sofrem a interferência dos hormônios tireoidianos.
O hipotireoidismo acarreta na redução generalizada dos processos metabólicos. O coração passa a bater mais devagar, ocorre a constrição dos vasos sanguíneos e aumento da pressão arterial.
Já em casos de hipertireoidismo, os tecidos utilizam o oxigênio mais rápido do que o normal e ocorre uma maior liberação de produtos metabólicos. Esses efeitos ampliam a vasodilatação e, consequentemente, o fluxo de sangue. Há um efeito direto então sobre a excitabilidade do coração, o que aumenta a frequência dos batimentos.
6. Pressão alta
Uma pressão arterial alta exige mais do coração, demandando ao órgão trabalho adicional para bombear o sangue. O quadro, especialmente quando constante, faz com que os vasos sanguíneos fiquem mais rígidos, perdendo sua elasticidade. Desta forma, o coração precisa fazer mais força para manter uma circulação sanguínea eficiente.
Assim, um indivíduo com pressão alta tem grandes chances de apresentar arritmias, particularmente a fibrilação atrial. A condição pode ser decorrente da hipertensão ou piorada por ela. Em alguns casos, o cenário pode evoluir para a doença arterial coronária e uma insuficiência cardíaca.
7. Problemas cardíacos
A doença arterial coronariana, doenças do músculo cardíaco e inflamações no coração (endocardite, miocardite e pericardite, por exemplo), o infarto do miocárdio, válvulas cardíacas anormais (valvopatias), cirurgia cardíaca prévia, insuficiência cardíaca, cardiomiopatias, entre outras questões que envolvem o sistema cardiovascular, são fatores de risco para quase todos os tipos de arritmia.
8. Desequilíbrios eletrolíticos
Substâncias no sangue chamadas eletrólitos —tais como potássio, sódio, cálcio e magnésio— ajudam a desencadear e enviar impulsos elétricos ao coração. Um desequilíbrio nos eletrólitos (se forem muito baixos ou muito altos) pode interferir nessa sinalização e levar a batimentos cardíacos irregulares.
9. Ingestão de determinadas substâncias e outras causas
Existem ainda outros fatores que podem causar uma arritmia, entre eles: gravidez; certos medicamentos; consumo de cafeína, suplementos termogênicos e bebidas energéticas; álcool e outras drogas; febre e quadros infecciosos, assim como problemas pulmonares (como a embolia pulmonar).
Como eu sei que tenho uma arritmia cardíaca?
Para a maioria das pessoas, a presença das arritmias não chega a ser percebida, principalmente se isoladas e sem regularidade.
Quando há sintomas, geralmente eles envolvem tontura, desmaios, sensação de fraqueza, cansaço excessivo, falta de ar, dores nas costas, dor ou sensação de aperto no peito, problemas de memória, confusão e dificuldade de concentração. Além disso, as taquicardias podem causar a percepção de palpitações.
Arritmia tem cura?
Em grande parte dos casos, as arritmias cardíacas são tratáveis e têm cura. Porém, pode ser um problema para toda a vida —a causa subjacente é normalmente o que decide quanto tempo ela durará. Por isso é preciso avaliar e investigar individualmente cada quadro para identificar a causa.
O controle dos batimentos e suas variações identificam desde adaptações fisiológicas até disfunções do coração. O diagnóstico é feito com base em uma combinação de testes de laboratório e exames físicos.
Para cada situação há um tipo de tratamento, que pode incluir mudanças no estilo de vida, medicamentos, estimulação temporária, cirurgia e a implantação de dispositivos (como a colocação de um marcapasso permanente).
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