Oxigênio e a importância da respiração para o bom funcionamento do coração
Ele é um gás incolor, inodoro e insípido, ou seja, sem cor, sem cheiro e sem gosto (características em condições normais de temperatura e pressão). Poderia até passar despercebido se não fosse a sua importância. Estamos falando do oxigênio (O2), elemento fundamental e um dos protagonistas da nossa respiração.
De modo geral, não conseguimos ficar muito tempo sem oxigênio: em média, após 2 a 4 minutos já ocorre a falta de oxigenação cerebral e a perda de consciência. Podemos dizer, portanto, que o oxigênio é uma necessidade básica para manter as nossas funções vitais. O O2 é indispensável para as reações metabólicas, os processos regenerativos e o funcionamento de todos os sistemas do corpo, incluindo o cardiovascular.
A respiração
Para entendermos a importância do oxigênio, primeiro é interessante esclarecer alguns pontos sobre o sistema respiratório. Formado por um conjunto de estruturas saculares e tubos conectores, esse sistema tem como objetivo principal promover trocas gasosas, o que chamamos de hematose. Trata-se do processo de absorção e o transporte de oxigênio e a remoção de dióxido de carbono ou gás carbônico (CO2) do organismo.
Isso acontece, resumidamente, da seguinte forma: o ar é transportado da boca até pequenas estruturas que estão dentro dos pulmões, os alvéolos. Cada alvéolo contém uma malha de vasos por onde o oxigênio pode entrar na corrente sanguínea.
Uma vez no sangue, ele é distribuído para todo o corpo através do trabalho incessante do coração, que bombeia o líquido rico em oxigênio e nutrientes. Nossas células dependem, dessa forma, do sistema cardiovascular (que também já foi chamado de circulatório) para obter e eliminar o que precisam para continuar funcionando adequadamente.
Dois processos fundamentais
E para ocorrer a troca gasosa e a distribuição sanguínea, contamos com duas circulações isoladas e interligadas: o sangue chega pelo lado direito do coração e é enviado aos pulmões para obter oxigênio e se livrar do CO2. Em seguida, retorna oxigenado para o lado esquerdo do coração, processo que recebe o nome de circulação pulmonar. Esse sangue que acabou de receber oxigênio dos pulmões é então bombeado pelo coração para o restante do corpo, o que chamamos de circulação sistêmica.
Tudo conectado
O processo respiração é um ato involuntário, porém, qualquer mudança no seu compasso natural pode causar problemas e alterar o funcionamento de todo o corpo. Como vimos, os sistemas respiratório e cardiovascular estão diretamente conectados. Quando um dos dois apresenta falhas, acaba comprometendo ou influenciando no funcionamento do outro.
A oxigenação adequada do sangue é essencial, por exemplo, para a regulação da pressão arterial. Quando o sangue está bem oxigenado, os vasos dilatam e contraem de forma eficaz para manter a pressão dentro de limites saudáveis —o que ajuda a proteger contra problemas cardiovasculares, a exemplo da hipertensão.
Além disso, como qualquer outro tecido do corpo, o músculo cardíaco deve receber sangue rico em oxigênio e ter seus resíduos removidos pelo sangue. Ou seja, o coração em si também requer O2 para funcionar corretamente.
O oxigênio é fornecido ao órgão através de pequenos vasos sanguíneos, as artérias coronárias. Essas artérias entregam oxigênio e nutrientes ao músculo cardíaco, o miocárdio, garantindo que ele tenha a energia necessária para bater de forma eficaz e distribuir sangue pelo corpo. A falta de oxigênio ou o abastecimento insuficiente leva a danos ao miocárdio e, em casos graves, até a um ataque cardíaco (infarto).
Se não respiramos direito...
Quando os pulmões não fornecem O2 para o sangue de forma satisfatória, ocorre o que chamamos de insuficiência respiratória, condição grave, que dificulta a troca gasosa assim como prejudica a dinâmica do coração. A doença pulmonar obstrutiva crônica ou a embolia pulmonar são exemplos desse cenário.
Quando o coração está com problemas
Dificuldades na respiração podem também revelar que algo errado com o coração. A falta de ar é um dos sintomas mais comuns de insuficiência cardíaca, isto é, a incapacidade do órgão em atuar adequadamente na distribuição do sangue.
Nos estágios iniciais da doença, muitas pessoas se sentem sem fôlego após exercícios ou ao realizar tarefas que exigem mais do corpo. No entanto, se o quadro avança, a sensação de falta de ar pode se tornar comum mesmo em atividades corriqueiras, como subir escadas, tomar banho e até ao se deitar.
Eliminar o que não precisamos
Vale reforçar que além de fornecer o oxigênio, a respiração também é responsável por manter o equilíbrio ácido-base, eliminando CO2, resíduo do metabolismo celular que pode ser prejudicial quando em excesso.
O acúmulo de dióxido de carbono pode levar, por exemplo, à hipercapnia, condição em que o pH do sangue se torna mais ácido, afetando o funcionamento das células e órgãos do corpo. É possível ocorrer aumento na pressão sanguínea e da frequência respiratória —o organismo tenta compensar o excedente de CO2 aumentando a ventilação pulmonar.
Uma hipercapnia avançada agrava quadros de doenças respiratórias e chega até a afetar o funcionamento do sistema nervoso central, causando sintomas como confusão, sonolência e, em casos extremos, o coma.
A condição é causada por várias razões, incluindo insuficiência respiratória, obstrução das vias aéreas, doenças pulmonares crônicas, uso inadequado de ventiladores mecânicos e overdose de drogas depressoras do sistema respiratório.
Situações de esforço físico intenso, em que perdemos o ar, trazem risco?
Quando uma pessoa está se exercitando, o oxigênio é usado de forma mais rápida para fornecer aos músculos a energia necessária para ela se movimentar. Por isso, exercícios intensos podem, às vezes, causar uma sobrecarga significativa no sistema cardiovascular e o aumento expressivo na pressão arterial, o que por sua vez é capaz de levar a complicações e ao maior risco de problemas cardíacos graves, como arritmias e infarto.
A falta de ar durante o exercício intenso eleva também riscos de hiperventilação, cenário em que o indivíduo respira rapidamente e expulsa muito dióxido de carbono do corpo. Em alguns casos, as consequências podem ser sentidas em tonturas, confusão e até desmaios.
Para não confundir
Entretanto, é importante destacar que o ar que respiramos não é composto apenas de O2. O oxigênio representa cerca de 21% da composição, enquanto o restante é nitrogênio e pequenas quantidades de outros gases.
Outro ponto que deve ser esclarecido: a concentração de oxigênio na atmosfera já é regulada para manter um equilíbrio saudável. Embora o oxigênio seja vital para a maioria dos seres vivos, ele também pode ser tóxico em altas concentrações e causar danos a tecidos e órgãos.
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