Férias: parar ou manter as atividades físicas durante o período de recesso?
As férias são uma oportunidade para descansar, relaxar, descontrair, viajar e sair da rotina. Disso com certeza ninguém tem dúvidas. Entretanto, algumas pessoas veem esse período de recesso como uma chance para se desligar completamente das atividades do cotidiano, inclusive da prática de exercícios físicos.
Mas será que tal atitude pode ser prejudicial ao condicionamento, funcionamento do coração e a saúde de modo geral? Para responder essa pergunta precisamos considerar alguns aspectos importantes.
Primeiro vamos falar dos benefícios
Motivos para manter o corpo em movimento durante as férias não faltam. Seguir com um estilo de vida ativo, além de ajudar na prevenção e controle de fatores de risco que interferem no sistema cardiovascular, como diabetes, hipertensão, colesterol elevado e obesidade, também tende a aliviar o estresse e promover a sensação de bem-estar, contribuindo com a saúde mental.
Exercitar-se nas férias ainda contribui no combate a preguiça excessiva que muitas vezes acompanha os períodos prolongados de relaxamento e, quando o recesso ocorre logo após as confraternizações e festas de Natal e Ano-Novo, pode ajudar a conter os possíveis exageros gastronômicos que ocorrem nessas ocasiões.
Ideias para seguir com o corpo ativo
O que não quer dizer que você precise manter a rotina de treinos que habitualmente faz. Uma ideia é experimentar modalidades e atividades diferentes, proporcionando novos estímulos ao corpo, bem como aproveitar mais o tempo ao ar livre. E se engana quem tem preguiça só de pensar no assunto: ninguém precisa se tornar um triatleta ou passar horas diariamente se dedicando aos esportes para colher os benefícios.
Há muitos caminhos a serem explorados, como conhecer atrações turísticas a pé ou de bicicleta ou participar da programação do local onde estiver hospedado —hotéis, por exemplo, geralmente mantém uma programação que inclui a prática de atividades físicas.
Se estiver na praia, é possível incluir caminhadas e corridas à beira-mar ou na orla, frescobol, beach tênis, vôlei, entre outros esportes aquáticos e na areia.
No campo, trilhas, escaladas e passeios a cavalo podem ser algumas das ideias, que variam de acordo com o destino.
Se não for viajar e não morar em uma cidade de praia, considere passes de um dia em clubes e academias ou ainda aulas avulsas para experimentar atividades para as quais você normalmente não tem tempo.
Programar passeios a pé pela cidade, aproveitar para passar um dia no parque e jogar bola, andar de bike, patins e skate são outras oportunidades.
A verdade é que existem infinitas possibilidades. A ideia é usar a criatividade e acima de tudo buscar alguma coisa que, além de mexer o corpo, gere prazer, bem-estar e diversão.
Aliás, se você ainda não tem este hábito de praticar esportes no dia a dia, o recesso é uma oportunidade para descobrir algo que faça bem e possa ser um novo hobby saudável. Ah! Sem esquecer que estamos no verão e a tendência é de dias mais quentes. Por isso, não se esqueça da hidratação e procure evitar os períodos mais abafados do dia, priorizando praticar atividades físicas pela manhã ou no fim da tarde.
Por outro lado...
Sair de férias e decidir virar um "atleta de verão" pode expor o corpo, e consequentemente o coração, a certos esforços em um curto espaço de tempo que talvez ele não esteja pronto ou acostumado a realizar. Logo, especialmente quando há estresse físico extremo, é preciso cautela.
De forma resumida, o coração bombeia sangue em um fluxo e intensidade seguindo a demanda necessária ao esforço realizado. Sendo assim, quando uma pessoa leva uma rotina mais tranquila, o órgão trabalhará de acordo com esse ritmo, como se fosse treinado para isso. Se de uma hora para outra, porém, ele passa a ser intensamente requisitado, pode não resistir à sobrecarga.
Portanto, é possível que esse indivíduo não tenha o coração devidamente condicionado para tais atividades. E nesses casos, existe uma chance maior do surgimento de arritmias ou até a ocorrência de um infarto. Os riscos crescem em pessoas com um diagnóstico prévio de doenças ou condições cardíacas ou uma tendência a elas.
O fato é que sem o condicionamento necessário, não só o coração, mas todo o organismo seja de alguma forma afetado, a exemplo da musculatura e das articulações, que podem apresentar diferentes lesões.
Descansar também é importante!
Embora a prática constante de exercícios seja benéfica, em determinados momentos é preciso fazer uma pausa. Dependendo da rotina e da profissão, o corpo é bastante exigido no dia a dia. Nesses casos, por exemplo, um intervalo das atividades físicas pode ser essencial.
Normalmente isso deve ocorrer em resposta aos sinais do corpo. Estão entre os sintomas comuns: fadiga ou exaustão, oscilações de humor ou irritabilidade, dificuldade para dormir, queda na imunidade, dores que não passam, sentir-se desmotivado ou entediado, desempenho ruim ou falta de progresso em exercícios regulares.
Talvez também seja preciso fazer uma pausa após um período de muitas demandas, físicas e emocionais, quando a sensação é de esgotamento. Nesses momentos, buscar relaxar e deixar de lado qualquer obrigação, horários e compromissos rotineiros pode fazer diferença. Ou ainda é possível que o organismo necessite de um intervalo por excesso de treinos.
A boa notícia é que é preciso muito mais do que uma semana de folga para desfazer todo o progresso e as conquistas atingidas nesse sentido. Estudos apontam que são necessários cerca de dois meses de inatividade para perder completamente os ganhos obtidos. Portanto, não tenha receio de descansar.
Na verdade, tirar uns dias de folga da prática habitual de exercícios em muitos casos é até benéfico. O retorno é feito com mais saúde, energia e entusiasmo. Tudo vai depender muito da condição e das necessidades de cada um. Lembrando que, de modo geral, é importante achar o equilíbrio, isto é, não permanecer completamente inativo por muito tempo.
Não vele interromper de vez
A falta exercícios físicos por longos períodos pode vir acompanhada, por exemplo, de preguiça, desânimo, falta de disposição, distúrbios do sono e ansiedade, aumento da procrastinação, dificuldade de concentração, alterações na memória, digestão mais lenta, dores no corpo, ganho de peso, variações de humor e diversas outras questões capazes de interferir no bem-estar e na saúde.
Sem movimentos e atividades, aumentam as chances do desenvolvimento ou descontrole de síndromes metabólicas, doenças crônicas, entre outros problemas. Portanto, as férias também não precisam significar se jogar em uma espreguiçadeira, comer tudo o que tem vontade e abusar das bebidas alcoólicas —muito menos adotar esse estilo de vida para o restante do ano.
Atenção aos excessos
Sabe aquela temporada que começa nas confraternizações de dezembro, passa pelas festas de Ano-Novo e se estende por algumas semanas nas férias de verão? Ela pode ser perigosa! Isso porque reflete uma tendência comportamental de grande parte das pessoas: sair da dieta, relaxar nos cuidados, deixar de lado os exercícios, cometer extravagâncias no cardápio e, em especial, elevar consideravelmente o consumo de álcool —na quantidade e frequência.
A ingestão excessiva e em um período curto de tempo de bebidas alcoólicas pode estimular o metabolismo e elevar a pressão arterial. Além disso, há um aumento na produção de adrenalina e noradrenalina, hormônios que causam a aceleração da frequência cardíaca.
Fatores que geram uma sobrecarga ao coração. Beber demais ainda pode interferir nos níveis de diabetes e triglicérides que, combinado com colesterol, estimula o depósito de gordura na parede das artérias e amplifica o risco de ataque cardíaco e AVC.
Não podemos esquecer que, somado a tudo isso, temos ainda combinações que podem agravar o cenário, como o abuso de alimentos excessivamente gordurosos, ricos em sódio, uma maior quantidade de doces e embutidos.
E nesses casos, especialmente para aqueles com algum fator de risco, uma descompensação causada pelo desequilíbrio alimentar pode desencadear, além de arritmias, retenção hídrica, crise hipertensiva, hiperglicemia, problemas circulatórios e até mesmo algo mais sério, como um infarto.
Aproveite, mas com consciência
Por isso, é preciso investir em aspectos que vão auxiliar o corpo a se recuperar desses excessos. A chave é ter em mente moderação e equilíbrio, tanto em relação aos alimentos e bebidas alcoólicas como na prática de exercícios físicos.
Como vimos, a atenção e os cuidados, mesmo que menos intensos, devem ser mantidos durante as férias. Dessa forma é possível aproveitar esses momentos de relaxamento, descanso e diversão, sem possíveis sustos.
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