Paulo Chaccur

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Reportagem

Saiba o que comer no lanchinho da tarde para evitar picos de fome

Por muito tempo, houve quem dissesse que eles são verdadeiros inimigos das dietas. No entanto, é possível usar os lanches entre as refeições a favor de uma alimentação equilibrada e saudável. Basta acertar nas escolhas e tomar cuidado com os excessos.

Para começar é importante lembrar que os nutrientes e as vitaminas contidos nos alimentos permitem que nosso corpo funcione adequadamente, fornecendo a energia necessária para a realização de todos os processos metabólicos e atividades diárias.

A ingestão de calorias por dia sugerida é de cerca de 2.000 para as mulheres e 2.500 entre os homens. A recomendação de boa parte dos especialistas em nutrição é que esse valor seja dividido.

A ideia é fazer as três principais refeições balanceadas —café da manhã, almoço e jantar— com 350 a 600 calorias cada, e de 1 a 3 lanches ao longo do dia com aproximadamente 150 a 200 calorias. No entanto, isso varia de acordo com uma série de fatores, como peso, altura, idade, gênero, nível de atividade física e condições de saúde.

Por que comer entre as refeições?

O raciocínio por trás disso é que você deve comer pelo menos a cada cinco horas, o que ajuda a evitar picos de fome e assim sair devorando tudo o que você encontrar pela frente. Quando ficamos muito tempo sem comer, a tendência é tomar decisões inadequadas na hora de escolher o que consumir, buscando alimentos sem considerar seu valor nutricional.

Nessas ocasiões, há ainda uma probabilidade maior de comermos em excesso. E alimentos consumidos além do necessário possivelmente vão se transformar em gordura no corpo —resultando em aumento do peso. Assim, os lanches entre as refeições nos ajudam a comer com moderação, bem como fazer melhores escolhas alimentares.

Outros benefícios

Estudos apontam ainda que a taxa metabólica das pessoas que comem entre as refeições é geralmente mais alta do que as que não têm esse hábito, o que auxilia no controle dos quilos na balança.

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Além disso, o lanche tem o objetivo de equilibrar o nível de glicose (açúcar) no sangue. Comer entre as refeições também pode contribuir para o funcionamento regular do sistema digestório.

Um alerta: fome x vontade de comer

Pressão no trabalho, rotina agitada, acúmulo de responsabilidades, falta de tempo, prazos a cumprir, correria... Cenário que acaba afetando negativamente os hábitos de muitas pessoas. Situações assim levam a perda dos horários das refeições principais e a redução da duração da alimentação. Como resultado, cresce a necessidade dos lanchinhos para enganar a fome.

Muitos ainda usam esse costume de "beliscar" para suprir o tédio, estresse, ansiedade, frustração, preocupação ou como forma de recompensa para momentos ruins.

Nesses casos, o ato de comer passa da questão física para a emocional. Por isso, é importante estar atento ao que motiva essa busca por alimentos ao longo do seu dia.

Mas não é qualquer lanche!

Evite!
Evite! Imagem: iStock

Quando falamos em lanches é preciso enfatizar que há diferentes tipos de alimentos consumidos nesses momentos, dos mais saudáveis ao que são considerados prejudiciais, como o que chamamos de fast food ou junk food, ou seja, alimentos de baixo valor nutricional, pobres em fibras e com quantidade substancial de sal, açúcares e gorduras adicionados.

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Alguns exemplos:

  • salgadinhos
  • biscoitos
  • bolos
  • achocolatados
  • sorvetes
  • refrigerantes
  • sucos adoçados
  • produtos industrializados, congelados e prontos para consumo (como macarrão instantâneo, pizzas, hambúrgueres e nuggets)
  • guloseimas de modo geral

Riscos e danos

O consumo desenfreado desse tipo de alimento pode provocar o ganho de peso, redução do apetite (pular refeições), além de vários problemas de saúde. Isso porque a ingestão de produtos assim está relacionada ao desenvolvimento de doenças cardíacas e fatores de risco para o coração, como hipertensão, colesterol elevado, diabetes (tipo 2) e obesidade, além de estarem ligados às inflamações sistêmicas do organismo.

Vale destacar que estudos realizados ao longo dos últimos anos apontam que boa parte dos junk foods contêm ingredientes que estimulam o desejo intenso, a vontade de comê-los compulsivamente e dificultam o controle de consumo, viciando o cérebro e o paladar.

Comer sem parar

Suponhamos que você acabou de fazer uma refeição e decidiu comer outra coisa pouco tempo depois, em cerca de uma ou duas horas. O que seu estômago faz? Termina de digerir os alimentos consumidos primeiro ou começa a fazer a digestão do que acabou de receber?

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De modo geral, ele não consegue fazer as duas coisas corretamente ao mesmo tempo. A digestão é um processo e o estômago não pode estar em dois estágios simultaneamente. Portanto, nenhum desses lotes de alimentos será digerido de maneira adequada.

Assim, comer entre as refeições aumenta o tempo de esvaziamento do estômago, uma vez que ele vai tentar fazer duas tarefas ao mesmo tempo. Isso pode causar indigestão e azia.

Há risco de os efeitos também repercutirem no intestino e perturbarem as ações do cólon, levando à constipação, por exemplo. Esse comportamento, dependendo do quadro e do que é consumido, pode ser bastante estressante para o corpo.

Além disso, o pâncreas normalmente produz insulina quando há um pico nos níveis de glicose, o que geralmente ocorre depois de comer. Isso significa que quanto mais você come, mais picos de insulina poderá ter.

Quando há excesso de glicose no sangue, a insulina faz com que o corpo armazene esse açúcar na forma de glicogênio —que quando não utilizado se transforma em gordura. Entre as consequências estão o ganho de peso e, em alguns casos, o diabetes.

Esses lanches intermitentes podem ainda provocar respostas inflamatórias temporárias. Entretanto, se tal comportamento virar costume e ocorrer com frequência, é possível que o organismo entre em um estado quase constante de inflamação, o que causa um estresse desnecessário ao sistema imunológico.

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O que então devemos comer entre refeições?

A ideia é priorizar alimentos in natura ou minimamente processados, que normalmente contém os nutrientes que o corpo precisa, sem a adição de conservantes e aditivos.

Se a vontade de comer não se tratar apenas de um desejo momentâneo e sim fome, aqueles compostos por um grande percentual de água, como folhas e frutas, e fibras são a melhor opção.

Cientistas da Harvard School of Public Health apresentaram uma lista com sugestões saudáveis para serem consumidas entre as principais refeições.

Mix de frutas secas são ótima pedida
Mix de frutas secas são ótima pedida Imagem: Getty Images

Entram nessa lista, as castanhas (de caju e do Pará, por exemplo), nozes e amêndoas, que graças ao seu teor de proteínas e fibras conseguem promover a saciedade, mesmo se ingeridas em porções pequenas.

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Vegetais crus (palitos de cenoura, pepino ou tomate cereja), acompanhados de molho, como homus ou iogurte são outras opções saudáveis e saborosas.

As sugestões ainda incluem:

  • frutas secas
  • chocolate amargo (com pelo menos 60% de cacau)
  • biscoitos integrais
  • iogurtes desnatados
  • sanduíches de pão integral, aqui vale, entretanto, atenção ao recheio. Dê preferência a queijos magros, tomate, alface (ou outra salada), cenoura, frango e atum

Vale ressaltar, entretanto, que qualquer alimento, por mais saudável que seja, quando consumido em excesso, pode trazer malefícios à saúde. Por isso, mesmo dentre essas opções é preciso sempre prestar atenção ao tamanho das porções.

Outras recomendações

Se você é uma pessoa que esquece ou adia a hora de comer por ter um cotidiano agitado, planejamento é fundamental. Primeiro, reserve espaço na agenda para as suas principais refeições —não ter tempo eventualmente não trará problemas, o que não pode ocorrer é pular ou trocar sempre um prato de comida por lanches rápidos.

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Para quem mantém a rotina de café da manhã, almoço e jantar, é interessante definir horários de pausas ao longo do dia para comer entre essas refeições, especialmente se seu corpo aponta essa necessidade. Isso ajuda a evitar lanches contínuos.

Em dias em que você já sabe que vai ficar fora ou em um compromisso por mais de 4 ou 5 horas, procure ter por perto alimentos alternativos para evitar o risco de não conseguir encontrar nada no caminho ou não ter tempo de fazer uma pausa. Além disso, mantenha-se hidratado: a falta de água no organismo pode se disfarçar de fome.

E atenção aos sinais: sentir fome com frequência, mesmo garantindo uma boa alimentação, talvez seja sinal de algum distúrbio. Procure orientação de um profissional especializado para descobrir a origem do problema, que pode ser física ou emocional.

Não podemos nos esquecer ainda que é preciso considerar as caraterísticas e necessidades individuais de cada um, assim como ter em mente que há opiniões diversas sobre o tema —alguns especialistas recomendam comer de 3 a 5 horas, outros fazer apenas um lanche ao longo do dia e até aqueles que aconselham períodos mais longos de jejum.

Lembre-se, contudo, que é fundamental nutrir seu corpo quando estiver com fome, em vez de mastigar desnecessariamente calorias vazias que não saciarão de verdade.

O ponto é achar uma dieta balanceada, equilibrada e saudável que faça bem para o seu organismo. Entretanto, se permita eventualmente aqueles lanchinhos que você sabe serem menos nutritivos, mas adora.

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Comer também é prazeroso e está relacionado ao nosso bem-estar.

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Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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