Paulo Chaccur

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Reportagem

Você sabe o que é cirurgia metabólica? Entenda o que é o procedimento

Estar acima do peso, como sabemos, é um dos fatores de risco para o coração. Mas será que o problema se limita apenas aos números que vemos na balança? Na verdade não. Nem sempre eles refletem a quantidade e a distribuição da gordura pelo corpo ou permitem prever suas consequências para a saúde. O fato é que a obesidade é uma doença grave, com complicações que se multiplicam.

Isso porque o excesso de gordura corporal está diretamente ligado ao funcionamento do nosso organismo.

Certos graus de obesidade podem comprometer seriamente órgãos como fígado, intestino, rins, pulmões e o coração, além de outros aspectos físicos e até emocionais.

Em alguns casos, apenas dietas, exercícios e até o uso de medicamentos não são suficientes. Dependendo do quadro é preciso buscar outras possibilidades, principalmente quando há agravantes. Muitas vezes nem mesmo as melhores intenções e fortes motivações são suficientes para as pessoas perderem peso. Em situações assim, a saída pode ser uma intervenção cirúrgica.

O começo

Creio que a grande maioria conhece ou ao menos já ouviu falar da cirurgia bariátrica, procedimento gastrointestinal que surgiu na década de 1990 como alternativa para quem sofre com a obesidade.

Em resumo, a bariátrica é um tipo de cirurgia no qual o sistema digestório é alterado para diminuir a quantidade de comida tolerada pelo estômago e/ou modificar o processo de digestão, de forma a reduzir as calorias absorvidas, facilitando a perda de peso.

As diretrizes definidas para sua realização são fundamentadas especialmente no IMC (índice de massa corporal), usado para apontar sobrepeso e obesidade, que tem como base de cálculo a relação entre peso e altura.

Em geral, a bariátrica se tornou uma opção para aqueles com obesidade grau 3 ou obesidade mórbida, ou seja, com IMC de 40 ou mais, que não apresentaram resposta ao tratamento clínico —para indivíduos com graus menores, IMC de 30 a 34,9 (obesidade grau 1) ou IMC de 35 a 39,9 (grau 2), o procedimento só é feito quando há sérios problemas de saúde associados.

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Apesar de ser uma medida direta, ela não consegue, entretanto, dimensionar a concentração da gordura pelo corpo (as complicações mudam ou se agravam de acordo com essa localização).

Dentre os quadros mais preocupantes estão, por exemplo, o de pessoas em que a gordura fica acumulada, predominantemente, na região abdominal, e concentrada ao redor de órgãos internos —a chamada gordura visceral, que provoca o aumento da inflamação e dos níveis de lipídios no sangue.

Avanços importantes

É preciso reconhecer a importância da cirurgia bariátrica, que sem dúvidas salvou muitas vidas ao contribuir para o controle de várias doenças, melhora da qualidade de vida e a diminuição da mortalidade cardiovascular.

Contudo, com o conhecimento adquirido ao longo dos anos, diversos estudos e o avanço da medicina foi possível entender que as indicações desse tratamento cirúrgico não podem ser baseadas apenas no IMC e os resultados devem ir além da redução dos quilos na balança.

Cirurgia bariátrica x cirurgia metabólica

Assim surgiu o que chamamos hoje de cirurgia metabólica, ou seja, procedimentos usados para reverter a obesidade, mas que envolvem o tratamento conjunto de outras doenças, especialmente o diabetes tipo 2.

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Entram ainda nessa lista a hipertensão arterial e a dislipidemia (presença de níveis elevados de lipídios —colesterol LDL e triglicerídeos— no sangue), problemas que juntos dão origem a síndrome metabólica.

Uma condição caracterizada pela combinação de fatores de risco (a presença de pelo menos três) que aumentam significativamente os riscos de desenvolvimento e a ocorrência de distúrbios, doenças e eventos cardiovasculares, como problemas no ritmo cardíaco (arritmias), doença arterial coronária, infarto ou AVC.

Portanto, apesar de ambas envolverem procedimentos cirúrgicos semelhantes, a diferença entre as duas é que:

A bariátrica tem como foco particularmente a perda de peso

A cirurgia metabólica visa o controle da síndrome, com metas que envolvem, além da obesidade, a contenção também de comorbidades (condições crônicas múltiplas ou condições coexistentes) em segundo plano.

Para quem é indicada?

Logo podemos dizer que a cirurgia metabólica é um avanço da bariátrica no tratamento do excesso de gordura corporal e distúrbios metabólicos associados em quadros de pacientes que não respondem às mudanças no estilo de vida (dieta e exercícios físicos) e à medicação.

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Muitos até têm sucesso, mas acabam recuperando o peso. Estatísticas apontam que quando uma pessoa tem um IMC maior que 35, suas chances de atingir um peso corporal saudável por um período de tempo duradouro são menores que 1%.

É por isso que a cirurgia metabólica acaba sendo uma alternativa para aqueles com casos de obesidade mais graves.

Desta forma, para realizar a cirurgia, mais do que o IMC, é preciso passar por um processo completo de triagem, considerando todo o quadro clínico. Também é avaliada a disposição e as condições em fazer mudanças permanentes na alimentação, na rotina de atividades físicas e na realização de um acompanhamento para monitorar nutrição, estilo de vida, comportamento e condições médicas, a fim de garantir o sucesso em longo prazo.

E embora, como vimos, o procedimento ofereça muitos benefícios em relação à saúde e qualidade de vida, é importante considerar que traz riscos e a possibilidade de efeitos colaterais, como reações à anestesia, infecções, hérnias, coágulos sanguíneos e desnutrição.

Portanto, cada caso deve ser avaliado criteriosamente para verificar a real necessidade desse tipo de tratamento.

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Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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