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Rico Vasconcelos

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

A varíola do macaco chegou ao Brasil. O que preciso saber e fazer agora?

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Imagem: iStock

Colunista do UOL

10/06/2022 04h00

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O que prevíamos, aconteceu. Essa semana foi confirmado o primeiro caso de varíola dos macacos do Brasil. Trata-se de um homem de 41 anos de idade que esteve recentemente na Espanha, um dos epicentros do atual surto da doença iniciado na Europa em meados de maio.

O paciente felizmente está bem. Isolado no Instituto de Infectologia Emílio Ribas, em São Paulo, para que seja realizada observação clínica e para conter a disseminação do vírus, que pela primeira vez foi encontrado no país.

A má notícia é que além dele, existem no mínimo oito outros casos com suspeita da doença em investigação no Brasil. Essa informação, no entanto, não causa nenhum espanto. Dado o alto fluxo de viajantes entre o Brasil e os países que estão com o surto em curso, há mais de três semanas que especialistas já esperam a confirmação aqui não apenas de um caso, mas de muitos.

Dito isso, o que fazer agora? Acredito que agora não é hora de desespero nem de sentir medo, mas de divulgação de informações objetivas sobre o que é importante e com o que devemos nos atentar a partir de agora.

A chamada varíola dos macacos é uma doença causada por um vírus já conhecido há décadas, mas que, no surto atual, está circulando pelo planeta de forma inédita. Antes restritos ao continente africano, os casos agora se iniciaram há um mês no Reino Unido e, até a publicação desse texto, o número de pessoas com a doença em todos os continentes já se aproximava de mil.

Uma vez que agora temos a certeza de que o monkeypox vírus já está no Brasil, precisamos repetir exaustivamente os seus sintomas e as formas de transmissão para que todos saibam quando suspeitar da doença e como prevenir a sua transmissão.

A forma clássica da varíola dos macacos em humanos começa com sintomas inespecíficos, como febre, dor de cabeça, dor de garganta e gânglios aumentados até duas semanas depois do contágio. Nessa etapa os sintomas são iguais aos de qualquer virose. Somente com o surgimento de lesões de pele com bolhas formando feridas depois de se romperem é que podemos suspeitar de varíola dos macacos.

Então, tenhamos calma. Não é porque teve febre que alguém precisa achar que está com a doença. Mas é preciso estar atento ao surgimento de lesões na pele para se disparar essa suspeita e procurar um serviço de saúde, mesmo que seja uma única lesão. É importante informar também que as lesões de pele podem se restringir aos genitais, sendo facilmente confundidas com alguma IST (infecção sexualmente transmissível).

A transmissão do monkeypox vírus, causador da varíola dos macacos, se dá por meio do contato com a saliva e com as lesões de pele de um indivíduo com a doença depois que este já apresenta sintomas. Chamamos isso de transmissão por contato próximo.

Dessa forma, a melhor prevenção disponível, por enquanto, é evitar o contato próximo com alguém que teve os sintomas citados acima, inclusive aqueles inespecíficos antes do surgimento das lesões de pele. E se você é a pessoa sintomática da história, evite o contato próximo com outras pessoas.

Atenção aqui, pois consideramos contato próximo não só uma relação sexual, mas também um beijo na boca ou mesmo uma noite dormindo na mesma cama.

As suspeitas iniciais de que no surto atual havia uma concentração dos casos entre homens gays e bissexuais se confirmou. Parece que o monkeypox vírus encontrou neles uma vasta rede de indivíduos que têm contato próximo entre si e o hábito de viajar. Mas há também registrados diversos casos da doença fora dessa rede, como em mulheres e homens heterossexuais.

Em nenhum momento desde maio os aviões pararam de trazer ao Brasil viajantes vindos da Europa e de outras localidades com casos registrados de varíola dos macacos. Somado a isso, a chegada das férias do meio do ano, a Parada LGBT+ de São Paulo na próxima semana e todos os outros eventos do mês do orgulho LGBTQIA+, me fazem crer que devemos esperar mais casos nas próximas semanas.

O Brasil precisa estar informado, atento e calmo para poder, da melhor maneira possível, conter a disseminação do monkeypox vírus e da varíola dos macacos.