Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Mais um benefício da natureza! Comer manga pode reduzir rugas
Como sabem, estou sempre defendendo a comida fresca e caseira, ou seja, uma alimentação baseada em alimentos in natura, aqueles que deixam a natureza e chegam até nós sem sofrer processamento, como frutas, legumes e verduras.
Os benefícios desse tipo de alimentação são inúmeros, envolvendo refeições saborosas, prazerosas e balanceadas.
Por isso, achei muito interessante quando um grupo de pesquisadores americanos encontrou mais uma vantagem de um alimento in natura, a manga: ela pode reduzir as rugas faciais.
Estudo investiga o efeito da manga Ataulfo sobre as rugas faciais
As mangas, como outras frutas e vegetais, são alimentos ricos em carotenoides, pigmentos que dão a cor amarela dessa fruta e que são convertidos em vitamina A no nosso fígado.
A vitamina A atua na imunidade, na visão, no crescimento, no desenvolvimento e pode retardar o dano sofrido pelas células do corpo humano —por esse motivo, em conjunto com outros compostos (a vitamina C, por exemplo), pode beneficiar a saúde da pele.
É o que a ciência tem mostrado nos estudos com animais. Em um deles, o extrato de manga consumido por camundongos parece ter inibido a formação de rugas induzida por radiação ultravioleta.
Diante disso, uma pesquisa publicada na revista Nutrients teve como objetivo investigar os efeitos do consumo da manga Ataulfo (também chamada de Champagne e originária do México) no desenvolvimento de rugas faciais, dessa vez em humanos.
O estudo contou com a participação de 32 mulheres no período pós-menopausa (entre 50 e 70 anos) com tipos de pele II e III na escala Fitzpatrick (peles claras que queimam mais facilmente do que bronzeiam).
As participantes foram divididas em dois grupos: em um deles, elas consumiram 85 g de manga (ou meia xícara) 4 vezes por semana durante 16 semanas; no outro grupo, consumiram 250 g de manga (ou 1 xícara e meia) pelo mesmo período. Fotografias faciais de alta resolução foram obtidas nas semanas 0, 8 e 16. A partir delas, as rugas foram quantificadas, medidas e classificadas em profundas, finas e emergentes.
Manga Ataulfo interfere nas rugas, mas moderação parece ser o caminho
Com esse estudo, observou-se que as rugas profundas diminuíram significativamente após 8 e 16 semanas no grupo que consumiu 85 g de manga Ataulfo. Já o grupo que ingeriu 250 g de manga mostrou um aumento da severidade das rugas após 16 semanas.
Ou seja, a ingestão regular de quantidades modestas de manga Ataulfo pausa, mas os efeitos benéficos na saúde da pele podem ser perdidos se a ingestão de mangas for particularmente alta.
Os resultados desse experimento são curiosos e ainda não está claro porque consumir uma quantidade maior de manga pode aumentar a gravidade das rugas. Por isso, mais pesquisas são necessárias para entender os mecanismos e o papel dos alimentos na saúde da pele.
Comer manga pode ser bom, mas aposte em comer melhor
Esse também é um alerta para que as pessoas não saiam por aí comendo manga de forma indiscriminada.
Considero esse estudo muito interessante por mostrar que um alimento in natura teve um efeito benéfico, sem necessidade de suplementos nutricionais, que muitas vezes são ingeridos sem prescrição nem acompanhamento médicos, com consequências para a saúde e para o bolso.
Não tenho dúvidas que a manga Ataulfo é um bom alimento, assim como as outras frutas e vegetais. Inseri-los nas nossas refeições como parte de uma alimentação saudável é muito importante. Mas lembre-se, o caminho é a moderação. Não existe um nutriente ou um alimento mágico e, por isso, é mais interessante comer melhor do que apostar no consumo excessivo de um único alimento.
Mas o que é comer melhor? Abaixo estão três pontos que podem ajudar você a entender.
1. Consumir alimentos de melhor qualidade
Em vez de se preocupar em comer menos, é mais interessante dar atenção à qualidade dos alimentos.
Para isso, tenha como a base da sua alimentação uma comida caseira, feita em sua maioria com alimentos in natura, e deixe os alimentos ultraprocessados, que contêm muitos aditivos alimentares (como conservantes, emulsificantes e corantes) e, em geral, alta densidade energética, açúcares e gorduras em excesso, para consumir esporadicamente, quando realmente tiver vontade.
Se você come bem, provavelmente não será preciso buscar suplementos alimentares para suprir suas necessidades nutricionais, pois sua comida fornecerá tudo o que precisa.
2. Ter uma boa relação com a comida
As pessoas parecem muito preocupadas com o que comem, mas a forma como se relacionam com os alimentos pode ser ainda mais importante para a saúde. Isso diz respeito ao comportamento alimentar, ou seja, o como, quando, onde e com quem comemos. É a forma que agimos diante da comida.
Por exemplo, já sabemos que a manga é cheia de benefícios, mas adotar uma "dieta da manga" pode indicar uma relação difícil com a comida. Por outro lado, inserir essa fruta em uma alimentação equilibrada, prazerosa e saborosa pode indicar um comportamento alimentar adequado e uma boa relação com a comida.
3. Ouvir os sinais de fome e saciedade
Você tem medo da sua fome? Muita gente tem e a percebe como uma ameaça ou razão para o ganho de peso. Mas sentir fome é normal, é um sinal de que tudo vai bem. Por isso, não precisa controlá-la, e sim respeitá-la.
Mas como? Abandonando as dietas restritivas e reconectando-se com o corpo. Ao longo do dia preste atenção aos sinais que ele envia para pedir comida: geralmente ficamos desatentos e a barriga ronca. Nesse caso, honre a sua fome, fornecendo ao organismo a energia necessária para desempenhar bem suas funções.
E quando estiver comendo, fique atento e perceba quando já comeu o suficiente: provavelmente vai sentir que seu estômago está cheio, mas de forma confortável, você estará saciado. Comer devagar, saboreando os alimentos irá contribuir para essa percepção.
Por fim, lembre-se que comer melhor é uma forma de estar em paz com a comida e com o corpo e de ter mais saúde, tudo isso sem gastar com suplementos caros e desnecessários.
Bon appétit!
Sophie Deram
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