Adolescentes também choram: como ajudá-los a lidar com a morte de alguém

A cada ano, milhares de adolescentes vivenciam a morte de alguém que amam. Quando um pai, irmão, amigo ou parente morre, os adolescentes sentem a perda avassaladora de alguém que ajudou a moldar suas frágeis identidades. E esses sentimentos sobre a morte se tornam parte de suas vidas para sempre.

Adultos atenciosos —sejam pais, sejam professores, sejam conselheiros, sejam amigos— podem ajudar os adolescentes durante esse período. Se os adultos forem abertos, honestos e amorosos, vivenciar a perda de alguém amado pode ser uma chance para os jovens aprenderem sobre a alegria e a dor que advém de se importar profundamente com os outros.

Muitos adolescentes são instruídos a "ser fortes"

É triste dizer, mas muitos adultos que não entendem sua experiência desencorajam os adolescentes de compartilhar sua dor.

Adolescentes enlutados dão todos os tipos de sinais de que estão lutando com sentimentos complexos, mas muitas vezes são pressionados a agir como se estivessem se saindo melhor do que realmente estão.

Quando um pai morre, muitos adolescentes são instruídos a "ter força" e "continuar" pelo pai sobrevivente. Eles podem não saber se sobreviverão sozinhos, muito menos se serão capazes de sustentar outra pessoa. Obviamente, esses tipos de conflitos atrapalham o trabalho do luto.

A adolescência pode ser naturalmente difícil

Os adolescentes não são mais crianças, mas também não são adultos. Com exceção da infância, nenhum período de desenvolvimento é tão repleto de mudanças quanto a adolescência. Saindo da segurança da infância, o adolescente inicia o processo de separação dos pais. A morte de um dos pais ou irmão, então, pode ser uma experiência particularmente devastadora durante este período já difícil.

Ao mesmo tempo em que o adolescente enlutado se depara com a morte de um ente querido, ele também enfrenta pressões psicológicas, fisiológicas e acadêmicas. Embora os adolescentes possam começar a parecer adultos, eles ainda precisarão de apoio consistente e muita compaixão, porque o desenvolvimento físico nem sempre é igual à maturidade emocional.

Adolescentes frequentemente experimentam mortes súbitas

A dor que os adolescentes experimentam muitas vezes vem de repente e inesperadamente. Um pai pode morrer de um súbito ataque cardíaco, um irmão ou irmã pode morrer em um acidente de carro ou um amigo pode cometer suicídio. A própria natureza dessas mortes geralmente resulta em uma sensação prolongada e intensificada de irrealidade.

Sentir-se atordoado ou entorpecido quando alguém querido morre costuma fazer parte da experiência inicial do adolescente em luto. Esse entorpecimento serve a um propósito valioso: dá às emoções tempo para acompanhar o que foi dito à mente. Esse sentimento ajuda a isolá-los da realidade da morte até que sejam mais capazes de tolerar o que não querem acreditar.

Pode estar faltando suporte

Muitas pessoas assumem que os adolescentes têm amigos e familiares que os apoiam e que estarão continuamente disponíveis para eles. Na realidade, isso pode não ser verdade. A falta de apoio disponível muitas vezes está relacionada às expectativas sociais colocadas sobre o adolescente.

Normalmente, espera-se que eles sejam "crescidos" e apoiem outros membros da família, especialmente um pai sobrevivente e/ou irmãos e irmãs mais novos. Muitos adolescentes ouviram: "Agora, você terá que cuidar de sua família".

Quando um adolescente sente a responsabilidade de cuidar da família, perde a oportunidade —ou a permissão— para lamentar.

Às vezes, assumimos que os adolescentes encontrarão conforto em seus colegas. Mas quando se trata de morte, isso pode não ser verdade. Muitos adolescentes enlutados são recebidos com indiferença por seus colegas. Parece que, a menos que os amigos tenham experimentado o luto, eles projetam seus próprios sentimentos de desamparo ignorando completamente o assunto da perda.

Ao nos esforçarmos para ajudar adolescentes enlutados, devemos ter em mente que muitos deles estão em ambientes que não fornecem apoio emocional. Eles podem recorrer a amigos e familiares apenas para serem instruídos a seguir a vida

Podem existir conflitos de relacionamento

À medida que os adolescentes lutam por sua independência, muitas vezes ocorrem conflitos de relacionamento com os membros da família. Uma maneira normal, embora difícil, pela qual os adolescentes se separam de seus pais é passando por um período de desvalorização.

Se um pai morre enquanto o adolescente está emocional e fisicamente afastando o pai, muitas vezes há um sentimento de culpa e conversas inacabadas. Embora a necessidade de criar distância seja normal, podemos ver facilmente como isso complica a experiência do luto.

Sabemos que a maioria dos adolescentes passa por momentos difíceis com seus pais e irmãos. Os conflitos decorrem do processo normal de formação de uma identidade separada da família. A morte, combinada com a turbulência dos relacionamentos entre pais e irmãos adolescentes, pode criar uma necessidade real de falar sobre como era o relacionamento deles com a pessoa que morreu.

Sinais de que um adolescente pode precisar de ajuda extra

Há muitas razões pelas quais o luto saudável pode ser especialmente difícil para os adolescentes. Alguns adolescentes enlutados podem até se comportar de maneira inadequada ou assustadora. Esteja atento a:

• sintomas de depressão crônica, dificuldades para dormir, inquietação e baixa autoestima
• fracasso acadêmico ou indiferença às atividades relacionadas à escola
• deterioração das relações com a família e amigos
• comportamentos de risco, como abuso de drogas e álcool, brigas e experimentação sexual
• negar a dor e, ao mesmo tempo, agir excessivamente forte ou maduro

Para ajudar um adolescente que está passando por um momento particularmente difícil com sua perda, explore todo o espectro de rede de apoio. Conselheiros escolares, grupos religiosos e terapeutas são recursos adequados para alguns jovens, enquanto outros podem precisar apenas de um pouco mais de tempo e atenção de adultos atenciosos.

O importante é que você ajude o adolescente enlutado a encontrar saídas emocionais seguras e estimulantes neste momento difícil.

O papel de um adulto atencioso

A forma como os adultos respondem quando alguém querido morre tem um efeito importante na forma como os adolescentes reagem à morte. Às vezes, os adultos não querem falar sobre a morte, presumindo que, ao fazê-lo, os jovens serão poupados de parte da dor e da tristeza. No entanto, a realidade é muito simples: os adolescentes sofrem de qualquer maneira.

Os adolescentes geralmente precisam de adultos atenciosos para confirmar que não há problema em ficar triste e sentir uma infinidade de emoções quando morre alguém que amam. Eles também geralmente precisam de ajuda para entender que a dor que sentem agora não vai durar para sempre. Quando ignorados, os adolescentes podem sofrer mais por se sentirem isolados do que pela própria morte. Pior ainda, eles se sentem sozinhos em sua dor.

Compreender a importância da perda

Lembre-se de que a morte de alguém amado é uma experiência devastadora para um adolescente. Como resultado dessa morte, a vida do adolescente está em reconstrução. Considere o significado da perda e seja gentil e compassivo em todos os seus esforços de ajuda.

O luto é complexo. Vai variar de adolescente para adolescente. Os adultos atenciosos precisam comunicar às crianças que esse sentimento não é algo para se envergonhar ou esconder. Em vez disso, o luto é uma expressão natural de amor pela pessoa que morreu

Para os adultos cuidadores, o desafio é claro: os adolescentes não escolhem entre o luto e o não luto; os adultos, por outro lado, têm uma escolha —ajudar ou não os adolescentes a lidar com o luto.

Com amor e compreensão, os adultos podem apoiar os adolescentes nesse período vulnerável e ajudar a tornar a experiência uma parte valiosa do crescimento e desenvolvimento pessoal de um adolescente.

É importante reconhecer que ajudar um adolescente em luto não será uma tarefa fácil. Você pode ter que dar mais atenção, tempo e amor do que jamais imaginou ter. Mas esse esforço valerá a pena.

Ao "caminhar com" um adolescente em luto, você está dando um dos presentes mais preciosos da vida - você mesmo.