Vale a pena retirar a bebida alcoólica no processo de emagrecimento?
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Você iniciou sua reeducação alimentar na segunda-feira e está conseguindo fazer tudo direitinho, mas chega na sexta e vem a vontade de tomar aquele drinque para reduzir o estresse e começar o final de semana. Será que essa bebida alcoólica pode comprometer sua dieta e sua saúde?
Claro que tudo vai depender do volume de álcool que você consome e quantas vezes na semana, mas o que observamos é que quem gosta de beber normalmente consome um grande volume e em vários dias ao longo da semana —afinal, tem gente que começa quinta à noite e só vai parar no domingo. Agora, o que a ciência diz sobre este consumo excessivo de álcool? Você já parou para pensar o que aconteceria se você ficasse 30 dias sem consumir nenhuma bebida alcoólica?
Os estudos mostram que você pode melhorar seu colesterol, glicemia e deixar seu fígado mais saudável. Sem a bebida, o colesterol reduz, em média, 5% de suas taxas. Lembrando que níveis alterados de colesterol pode ser um dos responsáveis por ocasionar doenças cardíacas, que é uma das principais causas de morte do mundo.
Se você tem alguém na família com diabetes do tipo 2 ou se você ama um carboidrato refinado, a exclusão da bebida alcoólica reduz em média 16% dos índices glicêmicos, sobrecarregando menos o pâncreas e evitando assim as chances de desenvolver esse tipo de diabetes.
Já no fígado corre uma redução entre 15 a 20% de gordura que estava acumulada nele e isso é excelente, pois a esteatose hepática, que é o acumulo de gordura no fígado, se inicia de forma silenciosa, ou seja, você pode ter gordura no seu fígado sem sentir nenhum efeito colateral. O problema é que, com o tempo, essa gordura vai acumulando e você acaba tendo consequências severas como a cirrose, que é irreversível. Como grande parte da população, por conta de hábitos alimentares e de estilo de vida não saudável, tem esteatose, a retirada da bebida alcoólica pode ajudar a reduzir essa gordura e até mesmo zerar, caso esteja no grau leve da doença.
Para descobrir se você tem acúmulo de gordura no fígado é preciso fazer ultrassom da região abdominal. Se você tem o hábito de consumir bebida alcoólica toda semana, vale a pena conversar com seu médico e pedir para ele incluir este exame no seu check-up.
Pensando agora no processo de emagrecimento, você pode chegar a ter uma redução de 2 a 4 kg em um único mês apenas retirando o álcool e sem fazer nenhuma outra mudança na alimentação. Além de, claro, melhorar a qualidade do seu sono, reduzir a ansiedade e melhorar foco e concentração.
Agora, a pergunta que eu sempre recebo é: quanto é muito? O que é considerado um exagero? O que é o consumo moderado? Bom, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), não existe um volume que seja considerado absolutamente seguro para nossa saúde, então o que é adotado é um consumo moderado ou de baixo risco para desenvolver problemas de saúde.
A dose padrão seria de 10 g de etanol puro, e a recomendação é que homens e mulheres não excedam duas doses por dia e se abstenham de beber pelo menos dois dias por semana. Ou seja, entre 10 a 20 g de etanol até cinco vezes por semana é considerado baixo risco para desenvolver doenças. Para você ter uma noção, temos 10 g de etanol puro em um copo pequeno (250 ml) de cerveja (5% álcool) ou meia taça (107 ml) de vinho (12% de álcool) ou 1 dose pequena (32 ml) de destilado (vodca, uísque, cachaça, gin, tequila, com 40% de álcool).
Pensando no processo de emagrecimento, mesmo essa dose pequena pode atrapalhar os resultados, afinal o teor calórico do álcool é 7 kcal/g, enquanto proteínas e carboidratos contêm 4 kcal/g e gorduras, 9 kcal/g. Na minha prática clínica, eu limito até duas doses de 10 g, de uma a duas vezes por semana, e sempre reduzindo gordura e carboidrato no dia do consumo, para compensar as calorias vindas do álcool. Assim, vejo um bom resultado no processo de emagrecimento, sem precisar retirar a bebida da rotina do paciente. Claro que isso só vale para os que não estão com os níveis de colesterol, glicemia e insulina alterados e que não estão com gordura no fígado. Para estes pacientes a recomendação é ficar três meses sem álcool e então repetir os exames.
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