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Verônica Laino

Vale a pena trocar o leite de vaca pelas bebidas vegetais?

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Imagem: Eva-Katalin/iStock

Colunista do UOL

07/06/2022 04h00

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Será que vale a pena trocar o leite pelas bebidas vegetais mesmo sem o diagnóstico de alergia à proteína do leite ou intolerância à lactose? Com a popularização das bebidas vegetais é cada vez mais comum ver pessoas que não têm problema em digerir o leite consumirem essas bebidas, uns porque pensam ser uma troca saudável, outros porque preferem o sabor.

O primeiro ponto que devemos levar em consideração é que a composição proteica do leite de vaca e desses extratos vegetais é bem diferente.
O leite de vaca é considerado um alimento proteico, apresentando de 3,15 a 3,37 g de proteína/100 ml, enquanto as bebidas vegetais apresentam uma enorme variação, dependendo da matéria-prima, variando entre 0,28 a 3,16 g de proteína/100 ml.

A bebida que apresenta um teor de proteína próxima à do leite é a bebida à base de soja, que varia de 2,5 a 3,16 g/100 ml.

Leite de vaca, leite - iStock - iStock
Imagem: iStock

Portanto, devemos prestar bastante atenção nessa variação, já que em muitos momentos a única fonte de proteína da refeição vem do leite.

Em um café da manhã, por exemplo, composto de café com leite e pão com manteiga, se a pessoa troca o leite de vaca por uma bebida de arroz, que tem em torno de 0,28 g de proteína/100 ml, a refeição passa a ser composta principalmente por carboidrato. Reduz-se então a sensação de saciedade, podendo inclusive fazer com que a pessoa não atinja o mínimo de proteína necessária no dia.

A dica aqui é: ao fazer a troca, prefira a bebida que tem o teor de proteína próximo do leite, ou inclua outra fonte de proteína na refeição, como um ovo mexido, por exemplo.

Menopausa cálcio - iStock - iStock
Imagem: iStock

O segundo ponto que é importante observar é a quantidade de vitaminas e minerais que estão presentes no leite e nem sempre estão presentes na bebida vegetal.

O leite é fonte de vitamina A e D, possui betacaroteno e cálcio. Já nas bebidas vegetais é preciso sempre observar o rótulo para avaliar se a indústria adicionou esses nutrientes através da suplementação, caso contrário, precisamos incluir outras fontes alimentares, principalmente de cálcio, para atingir a quantidade necessária por dia.

Se a troca for por uma bebida vegetal caseira, sem adição de cálcio, por exemplo, é preciso ingerir alimentos ricos em cálcio ao longo do dia, como o gergelim e alimentos verde-escuros. Uma boa pedida é incluir tahine (pasta de gergelim) na própria bebida vegetal ou passar no pão como um patê.

leite de amêndoa - Thinkstock - Thinkstock
Imagem: Thinkstock

O terceiro ponto crucial no quesito saúde é avaliar a composição das bebidas vegetais. Isso porque o leite de vaca, se der preferência ao pasteurizado, não apresenta aditivos químicos e sempre tem uma composição muito similar, já que é produzido pelo animal, mudando apenas o teor de gordura entre os tipos de leite (integral, semidesnatado ou desnatado).

Já a bebida vegetal pode ser feita de inúmeras fontes como arroz, aveia, soja, amêndoas, entre outros. Na composição das bebidas vegetais pode ser acrescida uma grande quantidade de açúcar, o que não é considerado saudável, além de espessantes e aditivos químicos para conservar a bebida estável fora da geladeira.

As melhores bebidas vegetais são aquelas feitas com zero adição de açúcar e/ou adoçante, tendo apenas como ingrediente água e o vegetal/leguminosa/oleaginosa, podendo ter adição de vitaminas e minerais.

leite em pó, composto lácteo, fórmula infantil - iStock - iStock
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No consultório, eu sempre avalio a real necessidade da troca. Se a pessoa consegue digerir bem o leite de vaca, eu mantenho ele no cardápio. Agora, se o paciente apresenta intolerância à lactose ou alergia à proteína do leite, eu sempre dou algumas opções.

A mais prática é comprar a bebida vegetal pronta, sempre observando o rótulo para comprar apenas as que não têm aditivos, ou seja, aquelas feitas apenas com água e oleaginosa. Porém, essas bebidas costumam ter um valor elevado.

A opção mais econômica é fazer a bebida em casa, assim garantimos que não há aditivo na bebida e fazemos um ajuste na alimentação para incluir outras fontes de cálcio e proteína ou até mesmo incluirmos uma suplementação.

A junção de praticidade e economia é usar o extrato de soja, que é uma versão em pó da bebida vegetal de soja e que não tem adição de conservantes/aromatizantes/edulcorantes. Ela ainda tem um bom teor de proteína e em receitas como vitaminas e mingau o sabor é bem suave e normalmente bem aceito pelos pacientes.