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Victor Machado

ANÁLISE

Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.

Remédios para emagrecer são essenciais?

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Imagem: iStock

Colunista do UOL

05/07/2021 12h17

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Durante o século 20, um dos maiores problemas nutricionais era a fome e a desnutrição. Com o tempo, conforme a indústria alimentícia desenvolvia os alimentos processados, assim como a sua larga distribuição, teoricamente era para o problema de desnutrição desaparecer.

O que acontece é que a alta oferta e consumo de alimentos industrializados é um dos fatores para obesidade e outras doenças crônicas. Portanto, o período atual se trata de um fenômeno chamado de transição nutricional que demonstra o antagonismo entre uma situação anterior, na qual prevalecia a desnutrição, e a tendência atual à obesidade, que já atinge mais de 25% da população.

Sendo assim, surge a necessidade de métodos além da nutrição para combater a obesidade, que é o caso dos remédios para emagrecer.

Antes de tudo, é importante frisar que remédio não emagrece ninguém, partindo do pressuposto que emagrecimento significa a perda de gordura, e não necessariamente de peso. Bioquimicamente falando, trata-se do processo de lipólise (quebra dos trigricerídeos) seguido da beta-oxidação (utilizar a gordura como fonte de energia), e nenhum medicamento por si só fazer esse processo bioquímico. Portanto, nenhum remédio de forma isolada é capaz de emagrecer um indivíduo.

Na busca por se encaixar nos padrões de beleza, a busca de medicamentos e tentativas de dietas restritivas vem a tona para resolver um problema de forma rápida. E quando se fala de pessoas com nojo do próprio corpo, essa busca se torna ainda mais acelerada, mesmo que isso possa comprometer a saúde, o que torna abusivo o uso dos medicamentos para emagrecer, muitas vezes até pelos próprios profissionais da saúde.

O uso de medicamentos para auxílio no emagrecimento tem sua comprovação em vários estudos. Porém, todos eles deixam claro que mesmo que existam diferenças entre os grupos que utilizaram medicamento, além de mudanças nos hábitos alimentares e os que também fizeram terapia cognitiva-comportamental para aqueles que não utilizaram medicamentos, o que fica evidente é que não se trata apenas de utilizar o medicamento ou não, mas sim quando utilizar.

Muitas pessoas conseguem resolver apenas com mudança de hábitos alimentares e atividade física, outras já precisam associar com a tratamento psicológico, e existe o grupo que precisa do auxilio medicamentoso.

A reflexão que fica é a de não se desesperar apenas para se adequar a um padrão de imagem corporal —o que não significa também se conformar com a obesidade —, mas tratar seu corpo com compaixão e acolhimento o ajuda a estar em paz com você e, dessa forma, é possível tomar decisões mais assertivas e coerentes com seus objetivos e a sua saúde.

O uso de medicamentos não é proibido, mas usa-los de forma abusiva apenas para "resolver" um problema tende a aumentar a dificuldade no processo de emagrecimento. Portanto, não deixe de buscar informações com profissionais sérios da área de saúde. Procure profissionais que se preocupem com a sua saúde, e não só com o seu peso na balança e uma foto de antes e depois.