Hemorroida: o que é, quais são as causas, como prevenir e qual o tratamento
Ninguém gosta de sair por aí dizendo que está com hemorroida, mas o fato é que o problema é extremamente comum e, apesar de não ser grave, é bastante desconfortável. Sangramento e dor são as manifestações mais frequentes das veias dilatadas na região do ânus, sendo que, em alguns casos, o vaso doente pode se projetar para fora, gerando uma saliência ou nódulo que é chamada pelos médicos de prolapso.
Pesquisas mostram que metade da população adulta vai ter algum episódio ao longo da vida, embora nem todo caso exija tratamento. O problema é pouco comum antes dos 20 anos de idade, e o risco aumenta após os 40 anos.
Hemorroida ou doença hemorroidária?
Todo mundo tem vasos sanguíneos na região do ânus que se dilatam e se retraem durante os movimentos intestinais. Só quando elas produzem sintomas é que se fala em doença hemorroidária.
Tipos de hemorroida
A hemorroida pode ser classificada como interna, se estiver localizada dentro do canal do ânus, ou externa, se estiverem para fora, na borda do ânus.
Fatores de risco
A postura ereta dos seres humanos já leva a um aumento natural da pressão sobre as veias da região anal. Porém, algumas pessoas podem ter uma tendência genética ao problema, agravadas por determinados fatores ambientais.
Veja, a seguir, os principais fatores de risco para hemorroidas:
- Hereditariedade (a propensão genética é considerada o principal fator de risco)
- Esforço na hora de evacuar
- Constipação ou fezes ressecadas (em geral devido à hidratação insuficiente e/ou baixo consumo de fibras)
- Diarreia
- Uso crônico de laxantes
- Obesidade
- Gravidez (com frequência no fim da gestação, quando o peso sobre as veias da região anal é maior)
- Envelhecimento (com o passar da idade há perda de colágeno e os vasos sanguíneos ficam mais propensos a descer)
Pimenta e condimentos causam hemorroida?
Sexo anal pode causar hemorroida?
A prática não causa o problema, mas o sexo anal deve ser evitado enquanto a pessoa tiver com a doença hemorroidária ou qualquer outro desconforto na região anal, a fim de evitar dores, inflamação e machucados.
Sintomas de hemorroida
- Sangramento anal, com ou sem dor
- Presença de sangue (geralmente vermelho vivo) nas fezes ou no papel higiênico, após a limpeza
- Coceira ou irritação no ânus
- Sensação de latejamento
- Dor contínua ou ao evacuar
- Sensação de evacuação incompleta
- Nódulo doloroso ao redor do ânus (prolapso)
Atenção: outras doenças, além da hemorroidária, podem causar sangramento anal, por isso é importante procurar o médico sempre que isso acontecer.
Complicações
As complicações das hemorroidas mais frequentes são sangramento, dor e trombose hemorroidária (entupimento do vaso que pode provocar dor aguda).
Hemorroida pode virar câncer?
Não, não há qualquer relação entre hemorroidas e câncer de reto. Porém, como as duas doenças podem provocar sangramentos, é preciso procurar sempre um coloproctologista ou cirurgião do aparelho digestivo para avaliação.
Diagnóstico de hemorroida
A doença hemorroidária pode ser diagnosticada no próprio consultório médico, com exame físico da região anal. O profissional também pode solicitar uma anuscopia, exame rápido e indolor em que um tubo fino é inserido no reto. Exames complementares podem ser solicitados.
Tratamentos para hemorroida
Dependendo do grau da hemorroida, que pode variar de 1 a 4, o tratamento pode ser muito simples, apenas com modificações comportamentais e/ou uso de pomadas. Nos casos mais graves (estimados em menos de 5% do total), a cirurgia é indicada, mas as técnicas avançaram bastante, facilitando a recuperação dos pacientes. Veja, a seguir, detalhes sobre cada linha de tratamento:
- Mudanças comportamentais: Incluir mais fibras e água na dieta, para facilitar a evacuação, reduzir o consumo de álcool, café e condimentos (para reduzir o desconforto), trocar o papel higiênico por lenços umedecidos ou ducha higiênica e utilizar roupa íntima que não aperte podem ser medidas sugeridas pelos médicos.
- Banhos de assento: Para hemorroidas externas, alguns minutos em água morna pode trazer alívio aos sintomas.
- Medicamentos: Pomadas ou supositórios podem ser indicados para diminuir a inflamação e a dor local.
- Procedimentos locais: A chamada ligadura elástica ou esclerose utiliza dispositivos que fazem a veia dilatada encolher. Após a cicatrização, que leva alguns dias ou semanas, o tecido é eliminado. Em geral esses procedimentos podem ser feitos no próprio consultório, com baixo risco de complicações e dor.
- Cirurgia: A hemorroidectomia clássica é a retirada cirúrgica, com anestesia, dos chamados mamilos hemorroidários. O procedimento tem baixo índice de recidiva, mas tem um pós-operatório mais longo. Nos últimos anos surgiram algumas técnicas menos invasivas, como o chamado grampeamento, indicado para hemorroidas internas e prolapso, e também a desarterialização hemorroidária transanal (THD). Ambas permitem o retorno ao trabalho após uma semana, em média.
Fitoterápicos ajudam?
Existe um produto conhecido como castanha-da-Índia, em cápsulas, que ajuda a melhorar a circulação sanguínea e costuma ser utilizada por quem tem tendência a hemorroidas, mas nem todos os médicos confiam na sua eficácia.
Prevenção
- Tenha uma dieta rica em fibras (a recomendação é ingerir cerca de 25 gramas ao dia), o que pode ser conseguido com refeições ricas em vegetais, frutas e cereais integrais. Quem sofre com prisão de ventre e tendência à hemorroida pode se beneficiar de produtos indicados pelo médico para facilitar as evacuações.
- Tome água. A quantidade indicada varia de acordo com a idade, a alimentação e o clima, mas consumir líquidos ao longo do dia é fundamental para que as fibras ingeridas exerçam sua função.
- Evite o sedentarismo.
- Evite excesso de álcool, pimenta e outros condimentos, que podem irritar o trato gastrointestinal, especialmente se você costuma ter hemorroida.
- Troque o papel por lenço umedecido. O uso exclusivo do papel higiênico pode machucar a região por atrito e nem sempre remove adequadamente os resíduos fecais. O ideal é fazer a higiene com água (não há necessidade de sabão) e usar o papel apenas para secar, ou então utilizar lenço umedecido.
Fontes: Ronaldo Salles, proctologista e membro titular da Sociedade Brasileira de Coloproctologia (SBCP); Vanessa Prado, cirurgiã do aparelho digestivo e proctologista do Hospital 9 de Julho e membro da Sociedade Brasileira do Aparelho Digestivo (SBAD) e da Sociedade Brasileira de Coloproctologia (SBC); US National Library of Medicine - NIH (National Institutes of Health); Portal Coloproctologia (SBC); Ministério da Saúde.
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